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Crítica | O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder – 2X07: Que a Morte Escolheu

O início do mundo "perfeito".

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série, e, aqui, de todo nosso material de Senhor dos Anéis.

É fácil dar uma nota maior e mais elogios para um episódio cheio de ação como este aqui, ainda mais quando pensamos no ritmo ruim do seriado em suas diversas subtramas estagnadas e com pouca progressão narrativa ou dramática desde a temporada anterior, mas Que a Morte Escolheu é um capítulo especialmente interessante por focar majoritariamente nos eventos de Eregion e trabalhar alguns dos melhores temas de Tolkien sobre luz vs escuridão e sobre corrupção vs integridade, apesar de ainda ter alguns cacoetes da produção. Em uma grande recompensa das preparações realizadas nos últimos episódios, o penúltimo episódio dessa temporada mostra a grande derrota de Eregion, dando o pontapé para a derrocada de toda a Terra-Média pelas mãos de Sauron.

Para tirarmos as obviedades de lado, vamos falar do grande trabalho de produção com as batalhas do episódio. Somos presenteados com lutas brutais e “sujas” que enfatizam a realidade da guerra com tons sombrios e melancólicos ao longo do ataque dos Orcs, passando por grandes sacrifícios, ótimas coreografias e um senso de urgência e de emoção que a série vinha carente. Talvez minha única crítica negativa seja em relação à coordenação do campo de batalha, porque acho que a direção não se aproveita completamente dos diferentes lados do conflito – por exemplo, vemos pouco da defesa de Eregion e a luta fica muito concentrada em um único lado da muralha. De qualquer forma, o trabalho de maneira geral me agradou muito sendo que particularmente aprecio os acenos da direção de Charlotte Brändström e de outros departamentos da produção para os temas de Tolkien, como a diferença de cor e de iluminação entre Orcs e Elfos ou então o sentimento de esperança que percorre os personagens e alguns grandes momentos da luta.

Inclusive, é nesse “clareamento” temático que o episódio funciona mais para mim do que necessariamente por conta do frenesi. De um lado, temos uma exploração sombria das manipulações de Sauron, com grandes embates com Celebrimbor, em alguns dos melhores diálogos da série até aqui (a fala sobre o antagonista enganar a si mesmo é ótima!), e de outro lado temos aquele trabalho carismático da “luz no fim do túnel” de nossos heróis, com algumas falas que adicionam um toque de charme e de personalidade para nossos personagens, como o discurso triunfante de Durin IV em Khazad-dûm ou então a bonita expressão de confiança na luz de Celebrimbor. Mas, ainda assim, a narrativa não nega que estamos diante de um cenário de derrota, com a sequência final de Elrond esperando Durin IV e seu exército englobando o sentimento de desesperança e de desespero que vemos durante os planos de Sauron.

Alguns problemas da produção, porém, ainda se manifestam aqui. A participação de Arondir é o grande defeito do episódio para mim, em um arco perdido para um personagem supostamente importante, mas que parece completamente desnecessário em todas as cenas da batalha. Seu possível desfecho nas mãos de Adar carece de impacto ou de um sentido dramático lógico, mostrando como os roteiristas ainda não sabem exatamente como desenvolver muitos dos seus personagens, algo que vejo também com Galadriel e até mesmo Adar. Não consigo dar uma nota maior ou gostar mais deste episódio justamente porque o conflito é mais interessante do que os personagens em si.

Mesmo assim, do grande escopo, da direção de uma fantasia épica, dos temas claros de Tolkien, da música triunfante e do velho e bom clichê de luz vs escuridão feita de uma maneira charmosa e carismática, Que a Morte Escolheu é o episódio de Os Anéis de Poder que mais soa como O Senhor dos Anéis. Acredito que grande parte dessa qualidade vem de um roteiro que se dá o espaço de não focar em núcleos desgarrados da história principal que, na minha opinião, não funcionam desde a temporada de estreia. É aqui que alguns de vocês podem me pedir paciência porque essas subtramas vão se convergir eventualmente, e espero que essa leitura seja correta, mas se a participação ruim de Arondir aqui é um bom exemplo de que esses núcleos provavelmente não iriam funcionar tão bem, mas veremos. No fim, porém, é inegável que o sétimo episódio além de divertido, é puro suco de muitos elementos que tornam esse universo fascinante. Fica agora a expectativa para o season finale amarrar as pontas soltas e finalizar a vitória de Sauron de maneira satisfatória.

O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder – 2X07: Que a Morte Escolheu (The Lord of the Rings: The Rings of Power –2X07: Doomed to Die) | EUA, 26 de setembro de 2024
Criação:
J. D. Payne, Patrick McKay (baseado no universo de J. R. R. Tolkien)
Direção: Charlotte Brändström
Roteiro: J. D. Payne, Patrick McKay, Justin Doble
Elenco: Morfydd Clark, Charlie Vickers, Will Fletcher, Lenny Henry, Sara Zwangobani, Thusitha Jayasundera, Maxine Cunliffe, Dylan Smith, Markella Kavenagh, Beau Cassidy, Megan Richards, Robert Aramayo, Benjamin Walker, Ismael Cruz Córdova, Geoff Morrell, Nazanin Boniadi, Tyroe Muhafidin, Charles Edwards, Daniel Weyman, Owain Arthur, Sophia Nomvete, Peter Mullan
Duração: 72 min.

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