- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série, e, aqui, de todo nosso material de Senhor dos Anéis.
Depois de O Mais Velho focar em núcleos separados da história principal e, digamos, mais subsidiários para o enredo da produção, o quinto episódio dessa temporada volta para a trama com Sauron e Celebrimbor criando os anéis. Aliás, dessa vez Celebrimbor está com receio de criar os anéis para os homens, negando à “Annatar” seu pedido, ainda mais após receber a informação de que seu parceiro quer fazer nove anéis. A partir disso, o antagonista começa a manipular Celebrimbor e todos ao seu redor para conseguir atingir seu objetivo, enquanto o anel de Durin III começa a mostrar seus sinais de corrupção por conta da participação do Necromante em sua criação.
Esse é um episódio menos divertido do que o da semana passada no sentido de construção de mundo, ação contra criaturas mágicas e aventura pela Terra-Média, mas se menos críptico e dinâmico, o roteiro de Nicholas Adams é mais intenso, dramático e focado na melhor trama do seriado, apesar de ainda carregar alguns problemas da série. De início, gosto da enfatização em Sauron manipulando e controlando todo mundo, com uma atuação interessante de Charlie Vickers, que na minha opinião ainda não vende o antagonismo e vilania do personagem, mas acerta em sua dissimulação e falsidade. O fato de sabermos que a maioria desses personagens está condenada adiciona um sabor interessante para a narrativa, já que estamos mais interessados em saber como Sauron conseguiu atingir seus objetivos e menos no que vai acontecer por si só.
Os diálogos ainda oscilam para mim, principalmente na maneira que os Elfos parecem cair com muita facilidade nas óbvias mentiras de Sauron, mas gosto dessa construção ardilosa do antagonista, com destaque para a cena em que o vilão leva Celebrimbor a crer que é sua culpa o “erro” no anel de Durin III. Algo que achei estranho nesse núcleo, porém, foi a maneira como não se aproveitaram da criação do Um Anel e seu primeiro uso prático, algo que sempre foi retratado na franquia com uma qualidade de horror muito interessante. Quem sabe veremos mais dele nos próximos episódios.
De maneira paralela, a derrocada de Durin III é bem desenvolvida, se ainda muito imediatista (o que eu entendo, porque os roteiros precisam correr um pouco para a temporada não soar que progrediu pouco a narrativa do ano de estreia). Os conflitos familiares, a luta de integridade e moral contra a sedução pelo poder e o ótimo desenvolvimento dos personagens desse núcleo, especialmente Durin IV e Disa (como a atriz dessa personagem é carismática!), continuam fazendo de Khazad-dûm uma das melhores partes do seriado, ainda mais agora com a sugestão de um monstro dentro da montanha e o início da destruição dos anãos em sua busca por ouro.
No entanto, por outro lado, tudo que acontece em Númenor é horrível. A tomada de poder estranha de Ar-Pharazôn é seguida por mais escolhas esquisitas, agora com seu filho, Kemen, sendo colocado num papel de vilão clichê para matar quem é fiel à rainha regente Míriel (que sequer aparece no episódio…). Toda a sequência envolvendo o ataque contra Elendil é mal dirigida e mal escrita, com personagens unidimensionais, descartáveis e sem um norte dentro da história para que tenham relevância. O que falar, inclusive, da péssima sequência do assassinato de Valandil, que começa sendo dominado por alguém claramente mais fraco apenas para virar as costas da maneira mais idiota possível. Eu entendo que existe um propósito aqui para colocar personagens corruptos no poder quando Sauron distribuir os anéis dos homens, mas nada aqui faz muita lógica ou tem algum destaque.
No fim, porém, temos mais um bom episódio. Ainda falta aquele “algo a mais” para a produção, mas essa semana tivemos um roteiro eficiente em termos de organizar a trama principal da série, dando mais tempo para os elementos narrativos sobre os anéis e menos para algumas tramas subsidiárias que ainda não convencem (olhando para Rhûn e a jornada de Arondir e companhia), apesar de Númenor fazer hora extra no episódio. O desenvolvimento do antagonista e dos efeitos de suas ações são os destaques de um quinto episódio que prepara a reta final da temporada, com o adendo de um gancho interessante quando Adar oferece uma aliança para Galadriel. Todos querem Sauron, mas se Recinto Rochoso deixou algo claro é que todos estão em sua teia.
O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder – 2X05: Recinto Rochoso (The Lord of the Rings: The Rings of Power –2X05: Halls of Stone) | EUA, 12 de setembro de 2024
Criação: J. D. Payne, Patrick McKay (baseado no universo de J. R. R. Tolkien)
Direção: Louise Hooper, Sanaa Hamri
Roteiro: Nicholas Adams
Elenco: Morfydd Clark, Charlie Vickers, Will Fletcher, Lenny Henry, Sara Zwangobani, Thusitha Jayasundera, Maxine Cunliffe, Dylan Smith, Markella Kavenagh, Beau Cassidy, Megan Richards, Robert Aramayo, Benjamin Walker, Ismael Cruz Córdova, Geoff Morrell, Nazanin Boniadi, Tyroe Muhafidin, Charles Edwards, Daniel Weyman, Owain Arthur, Sophia Nomvete, Peter Mullan, Ciarán Hinds, Rory Kinnear
Duração: 61 min.
