Home TVEpisódio Crítica | O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder – 2X04: O Mais Velho

Crítica | O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder – 2X04: O Mais Velho

Bom entretenimento, história mediana.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série, e, aqui, de todo nosso material de Senhor dos Anéis.

Foi interessante perceber que alguns leitores acharam que minha análise dos três primeiros episódios dessa segunda temporada foi pesada. Olhando em retrospecto, às vezes teria sido melhor fazer as críticas individuais, mas minha opinião diverge apenas de maneira mínima entre a trinca que deu início ao novo ano. Não acho que foram episódios ruins, apenas medíocres mesmo, repetindo os mesmos erros da temporada de estreia. O fato da maioria dos núcleos da história soarem estagnados, pouco movendo a trama principal da obra e mantendo aquele eterno tom de introdução e promessa dos roteiristas não ajudou, algo que, infelizmente, ainda acontece essa semana, mas com um senso de entretenimento que deixa o episódio divertido. Não vemos Sauron e Celebrimbor em O Mais Velho, em um roteiro de Glenise Mullins que prioriza aventuras laterais da narrativa, muitas delas sobre personagens procurando outros personagens. Não gosto da ausência do antagonista e dos elementos principais do conflito central da trama, mas, como disse, temos um episódio que entretém com lutas, construção de mundo e novas figuras.

Começando pela jornada militar de Galadriel e Elrond, continuamos vendo o bom conflito entre os personagens e a presença forte do anel, dessa vez através de uma aventura perigosa que começa a ficar ainda mais perigosa quando o grupo liderado por Elrond para na destruída ponte de Eregion. Gosto da dubiedade do texto aqui, tanto das decisões de Elrond, os conselhos potencialmente corruptos de Galadriel e a ambiguidade do anel. Alguns dos diálogos ainda soam, digamos, caricatos, mas de maneira geral gosto do atrito dramático da trama, que melhora quando o grupo desbrava a floresta e aos poucos começamos a ter uma atmosfera de horror leve, com uma presença maligna que chama a atenção, uma direção competente (talvez muito escura, mas que lida bem com os efeitos especiais das criaturas, as sequências de ação e a sensação de urgência) e um desfecho que abre alguns questionamentos interessantes, como a jornada de Galadriel após ser capturada pelos Orcs e como Elrond pode se comportar em posse do anel.

Sobre os outros núcleos, tenho ressalvas maiores. Não gosto de quase nada na aventura do Estranho, que em busca de Nori e Poppy acaba conhecendo Tom Bombadil (Rory Kinnear), famoso e estranho personagem de Tolkien, que é o ser mais velho na Terra Média. Kinnear até vende bem o ar de mistério e curiosidade por trás do eremita, mas não entendo a participação do personagem aqui, que serve basicamente para vomitar informações da maneira mais expositiva possível e soa mais como um easter-egg do que necessariamente alguém importante para a trama – posso estar errado, mas é a impressão que tive. Já o núcleo de Nori e Poppy é um tantinho mais interessante, expandindo a mitologia dos pés-peludos, mas mantenho minha opinião de que a jornada desses personagens continua andando em círculos, principalmente agora com esse antagonista secundário exagerado e superficial.

Outro núcleo que ganha destaque é o de Isildur e Arondir, que estão procurando Theo. Mantendo o tom do episódio, essa trama também apresenta novas criaturas e monstros. Gosto de como existe um intuito aqui de demonstrar o crescimento do mal pelo mundo, algo que é característico desse universo à medida que Sauron (aqui Adar também) e seus exércitos expandem pela Terra Média. A sequência com dois Ents (as árvores falantes) é particularmente um destaque, em especial o monólogo emocional de Winterbloom. Ainda assim, apesar de apreciar essa construção de mundo e algumas boas sequências de ação, o conflito inteiro desse núcleo é desinteressante, passando pelo resgate de Theo, a aparição irrelevante do povo do Sul e o namorico entre Isildur e Estrid – que virou triângulo amoroso. Espero que agora Arondir encontre uma nova jornada melhor porque sua presença aqui é descartável.

O Mais Velho, assim como seu personagem que dá nome ao episódio, soa como uma grande festa de sidequests. Sei, sim, que temos algum nível de desenvolvimento da história, principalmente do lado de Galadriel e Elrond, e que essas tramas – espero – devem convergir em algum momento, mas é muito pouco para uma temporada que chegou na metade sem oferecer nada de grande destaque narrativo e que parece se inflar mais e mais com novas subtramas aleatórias, novos personagens desinteressantes e uma falta de foco que não deixa a obra fluir. Não acho que seja nem uma questão de impaciência da minha parte – inclusive, prefiro séries mais pacientes – ou da série estar chata, uma vez que os episódios têm sido razoavelmente divertidos, mas sim de uma sensação de que a história dá um passo para frente ao mesmo tempo que dá um passo para trás e outros dois passos para o lado, inchando uma história carente de objetividade e que merece mais do que ser um “bom entretenimento” pensando no material em mãos.

O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder – 2X04: O Mais Velho (The Lord of the Rings: The Rings of Power –2X04: Eldest) | EUA, 04 de setembro de 2024
Criação:
J. D. Payne, Patrick McKay (baseado no universo de J. R. R. Tolkien)
Direção: Louise Hooper, Sanaa Hamri
Roteiro: Glenise Mullins
Elenco: Morfydd Clark, Charlie Vickers, Will Fletcher, Lenny Henry, Sara Zwangobani, Thusitha Jayasundera, Maxine Cunliffe, Dylan Smith, Markella Kavenagh, Beau Cassidy, Megan Richards, Robert Aramayo, Benjamin Walker, Ismael Cruz Córdova, Geoff Morrell, Nazanin Boniadi, Tyroe Muhafidin, Charles Edwards, Daniel Weyman, Owain Arthur, Sophia Nomvete, Peter Mullan, Ciarán Hinds, Rory Kinnear
Duração: 65 min.

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