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Crítica | O Renascimento de Drácula: A Lenda Está de Volta

Uma bizarra e inconveniente ressurreição para um dos mais lendários personagens da literatura e do cinema.

por Leonardo Campos
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Lendário, icônico, aterrorizante, macabro, dentre outras denominações. Assim é a presença de Drácula, o monstro criado pelo escritor irlandês Bram Stoker, publicado no romance de 1897. No livro, como sabemos, o conde que vive solitário, condenado pela eternidade, solicita o apoio de Jonathan Harker para questões do que chamamos hoje de consultoria e, neste processo, aprisiona o personagem para a sua partida rumo ao ambiente modernizado de Londres, estabelecendo um império de horror e sangue. A substância que é a base da vida, por sinal, é o que movimenta as metáforas que constam nesta obra-prima da literatura, constante recontada, revisitada e reformulada pela indústria do entretenimento, em especial, o cinema. O vampiro responsável pela definição da mitologia vampírica ao longo do século XX e na contemporaneidade gerou numerosas traduções cinematográficas deslumbrantes em seus aspectos estéticos e dramáticos, como os casos de Nosferatu (as duas versões), a versão de Francis Ford Coppola, além das incursões de Christopher Lee (1958) e Frank Langella (1979).

Há, no entanto, uma constante variedade de visitações ao clássico que não justificam a sua existência nem mesmo para os amantes da cultura trash. Nada pior que um filme lento, arrastado, com efeitos visuais e especiais bizarros, diálogos tacanhos, desempenhos dramáticos vergonhosos, escolhas narrativas equivocadas, dentre outros elementos que depõem totalmente contra a possibilidade de sua produção. Este é o caso de O Renascimento de Drácula: A Lenda Está Viva, lançado em 2012. Sob a direção e roteiro de Patrick McManus, adentramos por uma trama que podia ter todos os pecados estéticos possíveis, afinal, uma bizarrice de vez em quando nos permite momentos diletantes de riso frouxo. Ao tentar se levar demasiadamente a serio e entregar uma história entediadíssima, o filme se encaixa numa das piores viagens ao universo criado por Bram Stoker. Mesmo com 88 minutos, parece tão eterno quanto à vida de Drácula.

Na trama, começamos com uma proposta semelhante ao slasher. Uma mulher caminha por uma garagem vazia e, ao invés de um psicopata mascarado, temos a aparição do vampiro, aqui interpretado por Stuart Rigby, figura adaptada para o milionário Vladimir Sarkany, um homem poderoso que precisa de serviços imobiliários e, nesta caminhada, chega ao agente Jonathan Harker (Corey Landis). Não demora muito para a criatura seduzir Lucy (Linda Bella) e Lina (Victoria Summer, a versão de Mina), sendo necessária a intervenção de um bizarro Abraham Van Helsing (Keith Reay) para colaborar com o extermínio do monstro que tem, como plano, transformar a região em seu reinado de horror. Em meio às vítimas transformadas em vampiros ou aniquiladas completamente, há discussões vazias sobre construção de uma família, crises emocionais e artimanhas do poder na era do capitalismo selvagem.

Além destes grandiosos problemas, O Renascimento de Drácula: A Lenda Está Viva também é u filme feio, estranho, com pouquíssimos figurantes, mesmo com a sua história estabelecida em Los Angeles, uma cidade culturalmente efervescente, um dos centros urbanos mais populosos dos Estados Unidos. A direção de fotografia, assinada por Mike Testin e Cira Bolla, parece menos engajada que um vídeo amador publicado por quem nada entende do mínimo de enquadramento, planificação e movimentação de câmera. É um setor que amplia a sensação de tédio, principalmente pelo fato de não ter um design de produção inspirador para ao menos brincar com elementos simbólicos deste universo. Antes, talvez, tivessem investido nos clichês do gótico para ao menos nos envolver numa atmosfera sombria e atraente. Na trilha sonora, Greg Nicolett promove um espetáculo de cordas e metais confusos, tão repelentes quanto às imagens equivocadas que contemplamos. Em linhas gerais, puro horror e tédio.

O Renascimento de Drácula (Dracula Reborn, Estados Unidos – 2012)
Direção: Patrick McManus
Roteiro: Patrick McManus
Elenco: Corey Landis, Dani Lennon, Christianna Carmine, Preston James Hillier, Rene Arreola, Linda Bella
Duração: 88 min.

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