A dupla de produtores formada por Joseph Hanna e William Barbera investiu pesado em animações ao longo dos meados do século XX. Scooby-Doo é uma delas, um clássico que perdurou durante anos e só fica atrás de Os Simpsons em quantidade de temporadas. Na produção, com episódios em torno dos 20 minutos de duração, acompanhamos as investigações do grupo acompanhado pelo cachorro antropomórfico. Sempre envoltos em mistérios para solucionar, inicialmente de maneira assombrosa, mas depois com o discurso científico devidamente estabelecido, a equipe é formada por Velma, a garota com habilidades de cientista, tida como o “crânio”, Fred, o jovem loiro perspicaz, criador de engenhocas, Daphne, a filha de milionários, também muito astuta, e Salsicha, o magrelo covarde que oferta os principais momentos de humor da narrativa, juntamente com o seu cachorro.
Criado por Joe Ruby e Ken Spears, Scooby-Doo atravessa mais de trinta temporadas e quinhentos episódios, sendo inevitável a sua jornada não possuir um especial natalino, algo que acontece com praticamente todos os clássicos da animação. Aqui, como nos padrões deste estilo narrativo, temos os personagens mergulhados numa situação cheia de obstáculos, tendo em vista o resgate da magia natalina. A equipe chega com a Maquina de Mistérios a um local onde um homem mau humorado questiona o sucesso de sua loja de brinquedos, em crise por motivos misteriosos. O galante sobrinho, responsável por ajudar este senhor na empreitada, tenta com a sua simpatia, não deixar o humor em crise criar um clima desconfortável para todos.
Durante o desfile de Natal, a neve cai, as pessoas cantam, mas o medo toma conta logo depois que um boneco de neve assustador começa a causar transtornos na região. Assim, eles precisam se unir para tentar entender o que está por detrás deste monstro terrível responsável por limar o clima natalino, trazendo medo e pavor. A loja de brinquedos é destruída, os relógios param misteriosamente, o Papai Noel, real ou fantástico, entra em cena para colaborar, trazendo para o discurso científico da produção um elemento de “magia”. No desfecho, nós contemplamos a resolução do processo: era o sobrinho do proprietário da loja a pessoa responsável por todo aquele cenário macabro em pleno Natal. Ao controlar tecnologia e criar uma abordagem astuta, ele desenvolve seu plano para ficar com o dinheiro do tio e seguir em outra vida diferente daquela do empreendimento.
Dá para sacar isso desde o começo, mas ainda assim, é divertido acompanhar a jornada toda. Como padronizado nos demais episódios da série animada, temos o discurso dos vilões que esbravejam que teria se dado muito bem, se não fosse a trupe de enxeridos. Os locais, como de hábito, são inóspitos, criados para reforçar uma atmosfera de assombro. Porões, labirintos, passagens secretas, corredores escuros e frios, dentre outros espaços com traços do gótico definem a dimensão visual do episódio natalino, desenvolvido com os elementos simbólicos que demarcam o período, mas ainda assim, soturno. São árvores decoradas, presentes, luzes piscando, dentre outros recursos que estabelecem o clima de Natal, associados com os recursos macabros habituais que fizeram da série um marco.
Em linhas gerais, um divertido e bem desenvolvido episódio especial natalino.
What’s New, Scooby-Doo?: A Scooby-Doo! Christmas — EUA, 2002
Direção: Scott Jeralds
Roteiro: Jonathan Collier, George Doty IV, James Krieg, Ed Scharlach
Elenco: Casey Kasem, Frank Welker, Mindy Cohn, Grey Griffin, Jim Belushi, Mark Hamill
Duração: 21 min.
