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Crítica | O Que Aconteceria Se… Galactus Transformasse o Hulk?

Como é que é?

por Luiz Santiago
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O ano de 2025 começou com uma surpresa que vem para testar ao máximo a nossa paciência: a Marvel Comics decidiu colocar Galactus recrutando novos Arautos em sua busca de planetas para matar a fome cósmica que sente. Elencando Hulk, Gambit, Vampira, Cavaleiro da Lua e Spider-Gwen, como one-shots da linha O Que Aconteceria Se…? segue aquele padrão que a gente já conhece: ocorre em diferentes versões do planeta Terra no Multiverso e dá um destino bem diferente para personagens que a gente conhece muito bem. Na abertura do projeto, com o Hulk como protagonista, conhecemos a Terra-TRN1509, de onde Galactus recruta um Bruce Banner desolado, que não consegue aceitar o descontrole do Hulk e toda a destruição que causa quando se transforma.

O roteiro de Mat Groom não faz introduções didáticas, o que é bom. A história começa com Bruce em seu corpo de Arauto, chegando ao planeta Wilamean e questionando por que as autoridades não evacuaram a população, mesmo tendo sido avisada com antecedência. É uma maneira bacana de criar um parâmetro moral para o Bruce-Arauto, sem ter que fazê-lo passar por uma larga “conversão ética”, como aconteceu com Norrin Radd, o Surfista Prateado. Bruce conhecia a história da chegada de Galactus à Terra, a luta que ele teve com o Quarteto Fantástico e como o seu plano de devorar o planeta água não deu certo. Por isso, o texto não perde tempo criando parâmetros comportamentais para o verdão. Ele já tem linhas bem definidas e, de maneira muito sábia, o texto vai explorando esses limites.

Mesmo quando o Hulk aparece, o leitor ainda consegue reconhecer o personagem e, devo dizer, tanto o início quanto o miolo dessa aventura são muito coerentes em relação ao tratamento do personagem, à proposta geral de realidade alternativa, à exposição dos coadjuvantes e à construção da maior parte do drama. Não é nada que se destaque por oferecer coisas novas, mas é aquele feijão-com-arroz bem feito que dá gosto de ler. O problema inteiro da edição são as suas últimas três ou quatro páginas, quando o Hulk e o Homem de Ferro entram num embate físico e verbal, conduzindo-os à principal linha de reflexão que levará a HQ para sua (reticente e patética) conclusão.

A arte de Lan Medina parece um pouco descuidada nos quadros menores, especialmente no planeta Wilamean, mas percebemos que isto não é a regra no trabalho do artista. Tanto os desenhos quanto sua finalização são muito bons, com uma aparência suja na coloração que complementa bem a atmosfera gerada pela vinda de Galactus à Terra. Para nossa tristeza, o roteiro decide deixar uma frase de efeito dita por Tony Stark guiar uma ação de Hulk-Arauto, que usa seu descontrole, aparentemente, para enfrentar o devorador de planetas. É um final que enraivece e que não faz jus ao restante da HQ. Ao contrário, derruba vertiginosamente a qualidade do projeto, deixando-o num patamar vergonhoso de história preguiçosa que, para vestir-se de (uma possível) aura de profundidade, cria um final aberto e joga sua construção e seu ponto final no colo do público. Haja paciência, viu.   

O Que Aconteceria Se… Galactus Transformasse o Hulk? (What If…? Galactus Transformed Hulk) — EUA, 1º de janeiro de 2025
Roteiro: Mat Groom
Arte: Lan Medina
Arte-final: Lan Medina
Cores: Juancho Veléz
Letras: Travis Lanham
Editoria: Martin Biro
25 páginas

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