A parceria entre Danny Elfman e Tim Burton é uma das mais longevas da carreira do diretor, tendo iniciado no primeiro longa-metragem de Burton, As Grandes Aventuras de Pee-wee. Desde então, ambos trabalharam juntos mais quinze vezes, incluindo em icônicas obras como O Estranho Mundo de Jack (produzida por Burton) e Batman. Apesar de ter nos entregado marcantes temas ao longo de sua carreira, sempre considerei a maior parte das composições de Elfman como sendo genéricas e sem muita inspiração, não dialogando bem com o filme em que tais músicas estão atreladas. A trilha de O Planeta dos Macacos, remake do clássico de 1968, infelizmente, não está aí para me provar o contrário.
De início, o compositor já não contava com uma tarefa exatamente fácil. Assim como a responsabilidade em recriar o filme original era grande, o mesmo pode ser dito de Elfman, que precisaria nos trazer algo tão impactante quando a música de Jerry Goldsmith, que compusera a trilha do primeiro longa. Logo na primeira faixa, Main Titles, tocada enquanto assistimos os longos créditos iniciais da obra, podemos perceber notáveis similaridades dessa trilha com a de Goldsmith. Mais uma vez o som se apoia fortemente na percussão, com os instrumentos sendo utilizados para criar efeitos sonoros, que se misturam com a musicalidade.
Elfman, porém, se apoia consideravelmente em sons metálicos, com instrumentos de sopro ganhando um perceptível destaque, na tentativa de transmitir um tom mais épico ao álbum. Enquanto que as composições de Goldsmith evocavam o suspense, as de Elfman trabalham mais a ação. São temas mais agitados, criando a atmosfera de que muito acontece ao mesmo tempo. Quando a percussão assume o comando, o maestro acerta em cheio, criando algo facilmente distinguível e que perfeitamente se enquadra dentro da narrativa do filme, além, é claro, de “combinar” com toda a trama de O Planeta dos Macacos.
Constantemente, porém, o músico faz uso de tons eletrônicos e sinos que criam um péssimo estranhamento no espectador, visto que não há uma boa fusão entre imagem e espaço sonoro. Diversas vezes sentimos como se a trilha caminhasse seu próprio caminho, tentando ser grandiosa sem se preocupar em ajudar na construção atmosférica do filme. Justamente nessa tentativa de criar algo majestoso é que o compositor se perde completamente, estabelecendo músicas parecidas, mas que não seguem um tom específico. Facilmente Elfman poderia construir variações do tema de abertura, mas não é isso o que vemos aqui. Temos apenas algo genérico, que, por pouco, não cumpre sua função, muitas vezes destacando-se mais do que deveria, sem verdadeiramente captar nosso encantamento.
Bons exemplos desse trabalho pouco inspirado são Preparing for Battle e The Battle Begins, duas faixas que duram mais do que deveriam, não seguindo qualquer lógica interna, como se o músico tivesse misturado mais de uma música de tal forma que a confusão sonora não causa o menor impacto no ouvinte/espectador. Mesmo os ocasionais destaques das cordas não conseguem salvar essa trilha, visto que, no momento em que começam a sobressair, logo são caladas pela mesmice que perpassa todo o álbum.
Certamente não considero O Planeta dos Macacos, de Tim Burton, como um filme tão ruim quanto muitos dizem por aí, mas a trilha de Danny Elfman claramente é muito aquém do que poderíamos esperar de uma obra de tal porte e com tamanha responsabilidade. Temos, aqui, uma verdadeira bagunça, com o som tentando demais sobressair-se, criando apenas melodias genéricas que não chegam aos pés das criadas por Jerry Goldsmith para o filme de 1968.
O Planeta dos Macacos (Trilha Sonora Original)
Compositor: Danny Elfman
País: Estados Unidos
Lançamento: 27 de julho de 2001
Gravadora: Sony Classical
Estilo: Trilha sonora