Home Diversos Crítica | O Pinguim que Sabia Demais (Meg Langslow #8), de Donna Andrews

Crítica | O Pinguim que Sabia Demais (Meg Langslow #8), de Donna Andrews

Enrolação desnecessária.

por Luiz Santiago
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O velho ditado de que “é melhor não elogiar pra não estragar” (ou algo parecido com isso) bateu forte na porta da série Mistérios de Meg Langslow, neste seu oitavo volume, intitulado O Pinguim que Sabia Demais (2007). Na crítica do título anterior dessas publicações, o muito bom Sem Ninho Para o Batedor (2006), eu fiz um grande destaque para o fato de que a escritora Donna Andrews tinha conseguido criar uma boa progressão narrativa em suas obras, a despeito de um tropeço maior lá no livro quatro, o enrolão Urubu Agachado, Mergulhão Saltando, de 2003. Mesmo apontando que “é muito assassinato caprichado para uma localidade tão pequena e isolada“, entendemos que isso é fácil de aceitar e lidar desde que os enredos sejam objetivos e fluídos… o que não é o caso da presente obra, que faz um trocadilho com O Homem Que Sabia Demais (provavelmente os filmes de 1934 e 1956, dirigidos por Alfred Hitchcock, mas também possivelmente o livro de contos de herói e detetive escrito por G.K. Chesterton, publicado em 1922).

Em O Pinguim que Sabia Demais, Donna Andrews faz algumas coisas no Universo de Meg avançar, como o fato de ela se casar com Michael sem grade estardalhaço da família — decisão que achei um pouco estranha, porque ela poderia utilizar-se de uma festa maluca de casamento para trabalhar algum mistério, nem que o livro começasse no final da festa, evitando que a celebração fosse manchada por um assassinato — e com a apresentação de um novo personagem, o Dr. Montgomery Blake, que se revela o avô paterno perdido de Meg. Essa introdução também é feita sem muito estardalhaço, longa explicação ou complicação desnecessária, e tem um peso muito grande já neste livro. O personagem foi muito bem recebido pelos leitores e se tornou recorrente na série, o que já era de se esperar, afinal, um velhinho de 90 anos, figura ilustre na televisão (uma espécie de David Attenborough, com um programa sobre ecologia, vida animal e defesa da natureza) certamente é capaz de trazer uma dinâmica diferente para o cotidiano de Meg e companhia.

Eu até comecei gostando da narrativa dessa obra. A vítima de assassinato aqui aparece já na primeira página, não dá nem tempo de o leitor respirar. É uma introdução engraçada e não violenta, que se desenvolve de maneira até mais cômica que nos outros livros, porque tem a ver com o dono do zoológico local, que por conta de problemas pessoais (depois saberemos que esses problemas foram a causa de seu assassinato) acaba confiando pinguins, lhamas, hienas e outros bichos ao pai de Meg, que abriga esses animais na grande propriedade da família. Como não temos dramas paralelos aqui, o foco central é a jornada da família Langslow diante de todos os (cômicos) problemas que um bando de animais de zoológico podem causar em uma fazenda, e, claro, a investigação do assassinato, que tem, como sempre, ativa participação de Meg, embora não uma das melhores.

O problema é que lá pelo meio do livro, a trama já parecia esgotada. Tirando os momentos engraçados e algumas cenas ligadas à busca pelo assassino, a impressão que tive é que a autora não sabia mais o que fazer com os bichos e com os personagens, então foi criando cenas de preenchimento para gastar folha e alongar a narrativa. O resultado, como era de se esperar, não foi positivo. Talvez se tivesse dedicado um tempinho a mais para apresentar o Dr. Blake com detalhes ou investisse nos bastidores do casamento escondido de Meg e Michael, a autora tivesse conseguido algo mais sólido. A sensação que tive no final foi de que o aproveitamento da obra se deu pela metade, e que sequências absurdas como a do cão Spike perigosamente perdido na toca de um leão, no zoológico, poderiam ser obliteradas do livro. Ainda assim, é possível aproveitar alguns momentos do título, especialmente nos blocos iniciais e finais. Ficamos torcendo para que os avanços aqui introduzidos sejam explorados numa aventura mais objetiva e amplamente interessante pela frente.

Mistérios de Meg Langslow – Livro 8: O Pinguim que Sabia Demais (Meg Langslow Mysteries – Book 8: The Penguin Who Knew Too Much) — EUA, agosto de 2007
Autora: Donna Andrews
352 páginas

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