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Crítica | O Novato (2015)

por Guilherme Coral
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estrelas 4

Um dos aspectos que torna a adolescência um período tão difícil é o colégio, ter de lidar com outros de sua idade, grupinhos, paixões, dentre outros pontos que não se misturam bem com a explosão hormonal acontecendo dentro do corpo das pessoas dessa faixa etária. O Novato, primeiro longa-metragem de Rudi Rosenberg, lida justamente com esse período da vida de um garoto, colocando, porém, um agravante em jogo: ele é um aluno novo na escola, tornando tudo ainda mais difícil.

A trama tem início pouco após a chegada de Benoît (Réphaël Ghrenassia) em seu novo colégio. Demonstrando uma dificuldade inicial para se enturmar, o garoto pena para conseguir seus primeiros amigos, somente conseguindo após realizar uma festa em sua casa no qual somente três pessoas aparecem (por mais que tenha convidado toda a turma). O filme, portanto, lida com esse difícil período na vida do menino, trabalhando as amizades construídas por ele, ao mesmo tempo que insere difíceis questões na narrativa, como o bullying e amores não correspondidos.

O que mais nos chama a atenção nessa construção de Rosenberg, é como tudo soa extremamente verídico. A narrativa exala realidade, demonstrando uma perfeita harmonia do diretor com seu elenco, todos amadores. É digno de nota como o roteiro do próprio Rudi, em colaboração com Bruno Muschio e Igor Gotesman, consegue trabalhar com as dificuldades da juventude sem soar melancólico demais. A obra assume o jeito dos jovens ao redor como uma normalidade, mostrando que o protagonista precisa arranjar uma forma de conseguir viver naquele meio, se acostumar e encontrar sua própria maneira de ser feliz, o que não é nada fácil, é claro. Temos aqui uma abordagem consideravelmente mais otimista (e menos culpabilizadora) que 13 Reasons Why, por exemplo, ainda que os casos de bullying aqui sejam menos invasivos.

Apesar de ser situado em Paris, não há como não se identificar ao menos com um personagem de O Novato. Evidente que o protagonista é o mais relacionável, já que, em algum ponto de nossas vidas, fomos novatos em algum lugar. O longa, portanto, dialoga não somente com jovens, mas principalmente com adultos, que certamente viveram muito do que é mostrado aqui. Paralelamente, é interessante observar como, mesmo em continentes diferentes, a realidade das escolas da França não é assim tão diferente da nossa. É essa identificação que nos faz mergulhar na narrativa, nos prendendo à ela.

Infelizmente, enquanto Benoît passa por um evidente arco dramático, os outros personagens não recebem o mesmo tratamento, com alguns deles chegando até a serem esquecidos por certos momentos da projeção. A realidade mencionada anteriormente, portanto, acaba sofrendo alguns abalos, já que todo o resto parece não existir sem a presença do protagonista. Temos aqui um fator que poderia ser facilmente resolvido com alguns minutos a mais, algo que a obra poderia trazer, já que conta com apenas oitenta e um minutos de duração.

Esse aspecto, contudo, não é o suficiente para nos afastar de O Novato, uma obra que nos cativa pela sua realista simplicidade, expondo a vida na escola/ colégio como ela realmente é. Trata-se de um filme que imediatamente provoca nossa identificação com ele, nos divertindo e enchendo de angústias conforme os personagens passam por difíceis situações da juventude. Uma necessária abordagem mais otimista, que mostra como devemos aprender a nos adaptar nas diferentes fases da vida, sem deixar que os obstáculos nos vençam, afinal, após eles, sempre há de existir uma recompensa.

O Novato (Le Nouveau) — França, 2015
Direção:
 Rudi Rosenberg
Roteiro: Rudi Rosenberg, Bruno Muschio, Igor Gotesman
Elenco: Réphaël Ghrenassia, Joshua Raccah, Géraldine Martineau, Guillaume Cloud-Roussel, Johanna Lindstedt, Max Boublil
Duração: 81 min.

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