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Crítica | O Natal de Angela 2

Animação irlandesa com temática natalina traz a sua protagonista em mais uma jornada encantadora.

por Leonardo Campos
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A pequena Angela retornou, em 2020, para mais uma empreitada natalina, dando continuidade ao tom encantador que nos cativou em sua primeira jornada, de 2017, O Natal de Angela. Desta vez, não há roubo da imagem do menino Jesus. Não, Angela está noutra pegada, interessada em instaurar mais uma vez a magia natalina em seu lar, mas focada em trazer o seu pai, trabalhador que está longe, na Austrália, ausência que mobiliza toda a família e causa desconforto para aqueles que desejam viver com intensidade as confraternizações do período, uma época conhecida por seus ideais de altruísmo, bondade, felicidade, dentre outras coisas desta história que sai da perspectiva simbólica cristã e católica, para versar sobre a importância de um lar estruturado por todos os participantes da árvore familiar.

Mas não é apenas a garota que sente a falta do pai. O seu irmão, implicante no primeiro filme, se une para ajudar Angela na missão de “resgate”. Tudo é contado de maneira envolvente, com os personagens novamente carismáticos, imersos em diálogos que evitam transformar a narrativa em algo exclusivamente infantil, permitindo que O Natal de Angela 2 seja também uma boa opção diletante para nós adultos. Esteticamente satisfatório, como o primeiro filme, esta continuação dobra o tempo de duração para 47 minutos, numa jornada que dialoga com a telemaquia homérica da Odisseia, mas com uma versão menor e feminina da busca pelo pai.

Angela, primeiramente, parte para a biblioteca da cidade, tendo em vista compreender melhor onde o seu pai se encontra localizada. Ela depende dos mapas e de publicações de geografia para fazer o seu projeto ser mais eficiente. Fora isso, começa a empreender pelos quatro cantos da região, produzindo apresentações musicais e criando laços para permitir que as pessoas se compadeçam com a sua missão. Nalguns momentos, funciona, noutros, por sua vez, os habitantes parecem dar a mínima, mais preocupados com as suas questões. É assim que os realizadores inserem a temática da compaixão natalina, aquela ideia do altruísmo.

Com desfecho feliz, como é de se esperar de produções deste formato, O Natal de Angela 2 ainda traz lições de transformação pela energia emanada pela garotinha. Ela consegue contagiar os personagens que gravitam ao seu redor, mudando até mesmo a relação de um veterinário que é pai de uma menina cheia de privilégios materiais, mas sem a devida atenção paterna que a faz ser uma figura dominada por carências afetivas. Pode parecer bobo e trivial, mas pelas estratégias narrativas de Damien O’Connor, realizador que também assume a posição de roteirista, tudo é contado de maneira a satisfazer o espectador, com desdobramentos inteligentes e sem os excessos comuns sobre consumismo, presentes e peripécias natalinas costumeiramente burlescas de outras animações deste segmento.

O Natal de Angela 2 (Angela’s Christmas Wish) — Irlanda, 2020
Direção: Damien O’Connor
Roteiro: Damien O’Connor, Frank McCourt
Elenco: Vivian Drew, Ruth Negga, Malachy McCourt, Anya O’Connor, Brendan Mullins, Lucy O’Connell
Duração: 47 min.

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