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Crítica | O Morro dos Ventos Uivantes (1939)

Um romance que nos lembra a famosa música de Kate Bush: sim, este é o Morro dos Ventos Uivantes.

por Vitória Thomaz
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Como cantou Kate Bush em uma de suas mais famosas canções, intitulada Wuthering Heights, em tradução, O Morro dos Ventos Uivantes, “Heathcliff, sou eu, Cathy, eu voltei para casa. Estou com tanto frio, deixe-me entrar pela sua janela!’. A famosa canção de Kate, assim como a adaptação cinematográfica de 1939, foram baseadas no romance escrito por Emily Brontë, lançado em 1847. A cena relatada na canção de Bush, fala sobre quando Cathy, após a morte, chama pelo seu antigo amor, Heathcliff. Essa cena é mostrada logo no início do filme de 1939. Um viajante perdido ao chegar na casa de Heathcliff escuta uma voz chamar pela janela e se assusta. Heathcliff no mesmo instante que percebe o que está acontecendo corre para fora da casa buscando pelo fantasma de Cathy. É a partir desse evento que a governanta da casa começa a contar a história dos personagens principais e de como eles se conheceram para o viajante perdido que chegou até a casa do Morro dos Ventos Uivantes.

Por não ter lido o livro, não poderei dizer quais fatos são fieis à obra original. Mas, ao assistir o longa de 1939, com certeza, o telespectador sente a curiosidade de conhecer sobre a história do livro. A história transmitida no filme se trata de um romance que possui bastante drama e que também consegue ser sombrio em alguns momentos. Barreiras sociais impedem que Cathy (Merle Oberon) se relacione com o cavalariço Heathcliff (Laurence Olivier). O rapaz então foge quando Cathy se casa com Edgar, um homem de posses, e retorna após dez anos como um homem rico. Entretanto, por Cathy já estar casada com outro homem, pode não ter mais tempo para ele e Cathy. No início da história vemos Catherine Earnshaw e Heathcliff quando eram crianças e podemos observar como essa história de amor vai crescendo. Desde bem pequenos Cathy e Heathcliff viviam sempre juntos, o que com o passar do tempo se transformou num romance, de certa forma, impossível. Cathy herdou os bens de seu pai após a morte dele e vivia uma boa vida, tinha uma boa casa e serviçais a seu dispor, enquanto Heathcliff não possuía riqueza, então precisava viver como um servo desta família. O irmão de Cathy, Hindley Earnshaw (Hugh Williams) despreza Heathcliff e o trata com muita maldade e ofensas o tempo todo. 

Cathy não podia ficar com Heathcliff, mesmo o amando, pois as barreiras sociais da época e a diferença de classe os impedia de estar juntos. Catherine Earnshaw acaba se casando com Edgar Linton, o que provoca a ira de Heathcliff, que foge. Após anos longe, o personagem retorna com riquezas e é vingativo com aqueles que o fizeram sofrer. Hindley Earnshaw, o irmão de Cathy, se tornou viciado em bebidas na vida adulta, por não saber administrar o dinheiro, o jovem perdeu seus bens para Heathcliff, que se torna o novo dono das terras do Morro dos Ventos Uivantes. O filme é todo em preto e branco, para os amantes de filmes antigos este é um ponto positivo. Acredito que enriqueça a história, pois observar essa narrativa em preto e branco evoca o clima mais sombrio que a trama possui. O romance entre Cathy e Heathcliff não é o dos mais saudáveis, se trata de um amor muito intenso e complicado, que beira a obsessão. Em algumas partes é interessante assistir a história, em outras, o filme acaba se arrastando um pouco e se tornando cansativo de assistir, principalmente quando está indo para o final.

Do que será que são feitas nossas almas, elas são iguais”. Em certa parte do filme, Cathy afirma que a alma dela e de Heathcliff são as mesmas, uma frase muito romântica e reflexiva sobre amores que transcendem o físico. Ir além do plano físico é algo que O Morro dos Ventos Uivantes fala sobre. Após reviravoltas do filme, onde Heathcliff se casa com Isabella, a irmã de Edgar, Cathy acaba ficando doente, aparentemente por não conseguir ver Heathcliff com outra mulher, e também por toda a complexidade da relação deles.. isso acaba a adoecendo. E então a personagem morre nos braços do antigo amor. Heathcliff é incapaz de viver após a morte de Catherine, ele sofreu muito com a perda e também se sentiu culpado. É deste momento que vem a famosa e bonita frase “Disse que eu a matei, assombre-me então. Esteja comigo sempre. Tome qualquer forma, leve-me à loucura, mas não me deixe nesse abismo, onde não posso encontrá-la. Não posso viver sem a minha vida! Não posso viver sem a minha alma!”

No final, vemos os fantasmas de Cathy e Heathcliff juntos, andando lado a lado, após se encontrarem em outro plano, um encerramento um tanto quanto sombrio e gótico. O filme tem muitas frases fortes e bonitas, que claro, vieram do livro de Emily Brontë. Uma delas é dita de Heathcliff para Cathy. “Se ele te amar com toda sua alma por toda uma vida, não poderia lhe amar mais do que eu te amo em um só dia”. Heathcliff diz isso para Cathy a respeito do seu casamento com Edgar, que para ele, não é nada comparado ao amor que eles dois possuíam. O filme transita entre nos apresentar um amor impossível e verdadeiro mas ao mesmo tempo repleto de erros, ciúmes e um sentimento grande de posse. 

Em algumas cenas vemos fortes chuvas, isso dá todo um ar melodramático muito interessante para aqueles que gostam desse tipo de história. Entre cenas legais, também há algumas que se estendem mais do que deveriam, cansando. A química entre os atores de Cathy e Heathcliff é boa de acompanhar, ambos os atores transmitem bastante verdade em seus papeis. O Morro dos Ventos Uivantes é dirigido por William Wyler, conhecido por títulos como A Princesa e o Plebeu (1953), Infâmia (1961), dentre outros. Se trata de um bom diretor, e a obra de 1939 é um bom filme de romance e drama para quem se interessa por histórias de grandes amores impossíveis, daquela forma que o cinema sabe retratar tão bem. Se esse for o seu estilo para filmes, essa é uma boa recomendação. 

O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights – EUA, 1939)
Direção: William Wyler
Roteiro: Charles MacArthur
Elenco: Laurence Olivier, Marle Oberon, David Niven, Flora Robson, Hugh Williams
Duração: 103 min.

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