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Crítica | O Monstro de Frankenstein (1964)

Ao quebrar a linearidade entre A Maldição de Frankenstein e A Vingança de Frankenstein, sequência livre demonstra os primeiros passos da decadência dramática do monstro na Hammer.

por Leonardo Campos
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Depois de A Vingança de Frankenstein, os realizadores dos estúdios Hammer perceberam que mesmo diante de uma quebra de linearidade, apostar no universo do monstro gótico ainda era uma ideia rentável, mesmo que a qualidade dramática começasse a perder ainda mais vigor que o mencionado predecessor de A Maldição de Frankenstein. Foi assim, então, que surgiu O Monstro de Frankenstein, lançado em 1964, sob a direção de Freddie Francis, cineasta baseado no roteiro curioso de Anthony Hinds. O texto, segundo relatos de bastidores, se inspirou num argumento assinado por Peter Bryan, para uma série que não se concretizou, intitulada Contos de Frankenstein. Logo na abertura, em meio às cenas captadas pela direção de fotografia de James Needs, contemplamos um flashback que cria uma base narrativa ainda não contemplada nesse universo cinematográfico, para logo mais, nós acompanharmos os personagens diante de frágeis necessidades dramáticas, desenvolvidas ao longo dos 84 minutos de filme.

Nessa quebra de linearidade, a trama estabelece a seguinte estrutura narrativa: uma criança, traumatizada, ao testemunhar um intruso roubar o corpo de um parente, foge da cabana onde estava escondida e se depara com o Barão Victor Frankenstein (Peter Cushing). Ele direciona cadáver para o laboratório, quando inesperadamente, um padre local, interpretado por James Maxwell, descobre o crime. A criança consegue identificar tanto o ladrão quanto seu assistente Hans (Sandor Elés). Como resultado, o cientista e seu comparsa são forçados a deixar a cidade e retornar a Karlstaad, a terra natal do Barão, onde planejam vender objetos valiosos do seu castelo abandonado para financiar novos experimentos escabrosos.

Quando tais personagens chegam ao ambiente da vila, ambos salvam uma jovem surda, em pânico, atacada por uma gangue de bandidos. Dentro do castelo, descobrem que a maioria dos objetos de valor tinha sido roubado. Na manhã seguinte, eles se misturam ao carnaval local para não serem reconhecidos. Durante uma visita a um pub, Frankenstein avista uma figura social proeminente usando um de seus objetos, um anel, e criam uma cena, resultando em seu reconhecimento pelas autoridades. Frankenstein e Hans fogem para o espetáculo de um hipnotizador chamado Zoltan (Peter Whoodthorpe), que acaba sendo preso depois de entrar em conflito com a polícia, permitindo que eles escapem. À noite, adentram nos apartamentos do “ladrão” para recuperar suas posses, mas são surpreendidos pela chegada da polícia novamente e precisam fugir, encontrando a jovem surda, que os leva para um abrigo na caverna.

Dentro da caverna, Frankenstein descobre seu protótipo de criação congelado. Ele e Hans fazem uma fogueira para descongelar a criatura e a levam de volta ao castelo, onde tentam restaurá-la à vida. Contudo, a criatura não responde. Desesperado, o criador que se posiciona como uma entidade divina decide usar os serviços de Zoltan para reanimar a mente da criatura, mesmo a figura tendo sido banido de Karlstaad por atuar sem licença. Após diálogos persuasivos, ele concorda em ajudar Frankenstein. Assim, consegue trazer a criatura de volta, mas sua intenção não é baseada em ciência, e sim em interesses pessoais. O monstro, agora sob o controle de Zoltan, é utilizado para roubos e vinganças contra as autoridades. Ao perceber os perigos da manipulação, Frankenstein se afasta do hipnotizador, que incita a criatura a matar o seu criador. Porém, em um ato involuntário, a criatura acaba matando Zoltan, deixando-a em um estado de fúria, culminando em um incêndio acidental no laboratório de Frankenstein.

A trama gira em torno das consequências das ações de Frankenstein ao tentar desviar das realidades e responsabilidades de seus experimentos. O uso de Zoltan como um manipulador e seu impacto sobre a criação de Frankenstein revela uma reflexão sobre moralidade e a ética na busca do conhecimento. A história se desenrola em um ambiente de tensão constante, explorando os limites entre a vida e a morte, ciência e moralidade, e o papel do criador em relação à sua criação. Pronto. Essa é a linha narrativa desse pueril exercício cinematográfico da Hammer, que ainda apostaria em outras histórias no universo em questão, sendo E Frankenstein Criou a Mulher a próxima empreitada. Haja paciência, não é mesmo, caro leitor?

Como curiosidade, esse é o primeiro da Hammer que aproxima o visual do monstro ao icônico personagem de Boris Karloff, da Universal.

O Monstro de Frankenstein (The Evil of Frankenstein | Reino Unido e Irlanda do Norte, 1964)
Direção: Freddie Francis
Roteiro: Anthony Hinds (baseado no romance de Mary Shelley)
Elenco: Peter Cushing, Peter Woodthorpe, Duncan Lamont, Sandor Elès, Katy Wild, David Hutcheson, James Maxwell, Howard Goorney, Anthony Blackshaw, David Conville, Caron Gardner, Kiwi Kingston
Duração: 84 min.

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