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Crítica | O Império das Formigas

A hora e a vez das formigas assassinas, geneticamente modificadas.

por Leonardo Campos
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As formigas são criaturas essenciais para o processo de renovação de materiais orgânicos na natureza, mas também se apresentam como pragas que aterrorizam seres humanos em determinadas circunstâncias. Não fosse apenas os truques dos efeitos especiais da equipe de Erik Buelow, o design de som delas é tão irritante em O Império das Formigas que temos a impressão de danificação auditiva para os personagens que porventura não morrerem comidos pelos seres desta história sobre lixo tóxico e modificação estrutural genética. Baseado (ou vagamente inspirado) no conto de H. G. Wells escrito em 1905, a produção lançada em 1977 teve direção de Bert. L. Gordon, cineasta que toma o material literário como base para o desenvolvimento desta narrativa barulhenta e absurda, com formigas gigantescas a atacar um grupo de pessoas visitantes de um empreendimento litorâneo. Em seus 90 minutos, o filme ceifa um número generoso de pessoas e mostra que as formigas podem ser mais assustadoras que apenas uma praga circundante em espaços domésticos ou protagonistas “daquela” ferroada.

Como fazer para se salvar destes seres perigosos e mutantes? É o que os personagens se perguntarão ao longo do desenvolvimento da história que vai se tornando ainda mais tola e arrastada ao passo que os conflitos avançam. Aliás, o enredo, pois conflito mesmo é a presença de formigas gigantescas e perigosamente assassinas. Driblar o seu ataque é o centro nervoso da narrativa que entre um ponto e outro, explica ao público o que levou as criaturas a ficarem tão “anabolizadas”. Basicamente, O Império das Formigas envolve um grupo de pessoas compradoras de terrenos, liderados por um empreendedor obsessivo pelo seu mercado. No meio da viagem que era pra ser um paraíso capitalista da venda e da troca de documentos e cheques, os personagens precisam lidar com os resultados do vazamento tóxico que transfora as formigas em monstros enormes, sangrentos e furiosos.

Logo na abertura, o narrador informa que barris de lixo radioativo foram despejados no oceano e o vazamento da gosma prateada deste produto alterou substancialmente as formigas que se alimentam do conteúdo e se transformam em seres assustadores. Marylin Fryser (Joan Collins), empresária que atrai os compradores para a região, sequer imagina que o passeio de barco com seus clientes em potencial vai terminar numa trágica excursão para a morte. Destruidoras em diversos aspectos, as formigas atacam o barco, perseguem as pessoas na floresta, atiçadas não apenas pela rainha que comanda os seus feromônios, mas também pela usina de açúcar situada numa região próxima, espaço para o desfecho burlesco e carregado de exageros, com explosões de automóveis, mortes engraçadas oriundas de momentos do mais puro humor involuntário e personagens arquetípicos versando em diálogos inexpressivos. Ademais, não podemos esperar muita coisa de um filme de Bert. L. Gordon com criaturas monstruosas e gigantescas. É um exemplar pontual da profícua década de 1970, a Era dos Animais Assassinos no Cinema.

Apesar de se arrastar do meio para o final, O Império das Formigas possui uma construção visual cheia de truques interessantes. O problema, de fato, é dramático. Filmada com maquetes e com passagens em um pântano que deixou o elenco bastante estressado, a produção combina formigas vivas em closes gerados pela direção de fotografia de Reginald H. Morris, setor que posiciona a câmera nas criaturas em paralelo aos personagens, para criar os efeitos de proporções monstruosas. O famoso ponto de vista para apresentar a cena sob a perspectiva das formigas também é largamente utilizado, numa referência às escolhas narrativas de Spielberg no desenvolvimento do clássico moderno Tubarão. Se o design de som é alto o suficiente para deixar qualquer um abalado na audição, a trilha sonora composta por Dana Karproff capricha nos excessos e entrega uma barulhenta textura percussiva associada aos guinchos e gritos ecoados pelas formigas absurdamente irritadiças. A solução para eliminação dos monstros é atrai-las para uma usina próxima e promover um incêndio. Quando isso acontece, nossos tímpanos agradecem. Ah, e a nossa paciência também. Diversão garantida, mas aviso, das bizarras.

O Império das Formigas (Empire of the Ants, EUA – 1977)
Direção: Bert I. Gordon
Roteiro: Bert I. Gordon, Jack Turley
Elenco: Albert Salmi, Brooke Palance, Charles Redd, Edward Power, Harry Holcombe, Ilse Earl, Irene Tedrow, Jack Kosslyn
Duração: 89 minutos

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