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Crítica | O Grito 3

por Leonardo Campos
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Takashi Shimizu é um cineasta competente e as suas incursões no universo da maldição de Kayako e Toshio comprovaram isso. Há domínio da técnica, mesmo que os personagens e suas necessidades dramáticas não estejam bem desenvolvidos. Assim, quando nos debruçamos sobre a análise de mais uma incursão nos meandros da casa assombrada que traz entidades malignas que se solidificaram depois de uma morte envolvendo ódio, torna-se complicado trazer algo que não seja mais do mesmo para o leitor. É isso que acontece com O Grito 3, um filme que não é abominável narrativamente, mas não traz nada de diferente dos seus antecessores. Ainda creio que se olharmos de maneira mais abrangente, os filmes parecem a mesma coisa. Só mudam alguns membros do elenco e pronto: Kayako desce as escadas como uma aranha e Toshio solta o seu inquietante miado para levar os personagens incautos para as profundezas do limbo.

Shimizu não assumiu a realização, cabe ressaltar. A referência no que fiz respeito ao processo de repetição se dá pelo fato de todas as versões, das cinematográficas as televisivas, mudarem os personagens para contar a mesma coisa, no mesmo modo de operação: entrada na casa, maldição posterior. Sob a direção de Toby Wilkins, guiado pelo roteiro de Brad Keenê, dramaturgo inspirado pelos personagens e argumento de Takashi Shimizu, a maldade que envolve o fatídico caso de Kayako e Toshio, mortos pelo marido da mesma, agora espalhou-se e está em Chicago, problema destinado a ceifar a vida das pessoas que gravitam em torno de quem entrou em contato com a maldição. Para engrossar o caldo da história, os planos diabólicos das entidades podem não dar certo, pois há uma suposta irmã de Kayako disposta a vir do Japão e ajudar na resolução de algo que não acreditamos, isto é, o envio dos espíritos vingativos para outra dimensão, longe dos tormentos que causam aos humanos.

No enredo, temos Jake (Matthew Knight), único sobrevivente do filme anterior, internado sob os cuidados de Amber (Shawnee Smith), a especialista responsável por seu enigmático caso. Ele protagoniza a cena mais impactante do filme, pois clama por ajuda, mas é tratado com um pouco de descrença por parte da terapeuta. Ele pede que ela não o deixe sozinho em circunstância alguma, mas não é o que acontece. Num breve momento de ausência, o espírito vingativo aparece, dizima o jovem com requintes de crueldade, deixando um rastro de sangue no quarto de internação. Será esse um dos motivos de Amber começar a levar a história para além do ambiente de trabalho, pois além da morte misteriosa para alguém que aparentemente cometeu suicídio, temos ainda algumas circunstâncias que estão a testar o ceticismo da doutora.

Essa história, no entanto, é a mais paralela de todas, pois um dos focos principais é a família de Andy (Beau Mirchoff) e Lisa (Johanna Brady), ambos em luta para sobreviver e manter-se com a moradia que tem, além de ter uma irmã com problemas graves de saúde. Eles estão em dificuldade financeira e acabam travando contato, mesmo que por acidentes, com as entidades vingativas do filme. Será no prédio onde moram que as assombrações farão um grande festival de mortes, semelhantes ao que presenciamos em tramas de cunho slasher. Desta vez não basta apenas desaparecer com o corpo. É preciso ao menos uma dose mínima de flagelação. À guisa de curiosidade, Kayako e Toshio, interpretados antes pelos mesmos atores das versões japonesas, desta vez, foram as entidades estão sob a responsabilidade de Aiko Koruschi e Shimba Tsuchiya, respectivamente.

A direção de fotografia não perde a qualidade, pois Anton Bakarski consegue dar conta da sua missão, tal como o design de produção de Borislav Miharlorski, atencioso nos detalhes da cenografia e da direção de arte, todos dedicados a deixar os personagens a circular num ambiente crível. Os efeitos visuais de Vasko Dikov também estão caprichados, sem ficar devendo nada aos antecessores nesta seara da realização, dedicada principalmente pela consciência da falta de mais conteúdo na história que é contada. Ao invés de ser um filme com personagens psicologicamente abalados, o que acompanham é uma bricolagem de sustos e imagens abomináveis. Ademais, o som de Dan Snow emula os artifícios do design empregado nas versões japonesas, na refilmagem e em sua continuação. A trilha sonora de Sean McMachon não chega a apresentar a complexidade de uma textura percussiva de Christopher Young, mas também não é tão descartável. É assim que é O Grito 3, uma manifestação de pavor que não ecoou como os seus antecessores.

O Grito 3 (The Grudge 3) — Estados Unidos, 2009
Direção: Toby Wilkins
Roteiro: Brad Keene, Takashi Shimizu
Elenco: Matthew Knight, Mike Straub, Shawnee Smith, Aiko Horiuchi, Shimba Tsuchiya, Emi Ikehata, Takatsuna Mukai, Johanna Braddy, Marina Sirtis
Duração: 90 min.

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