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Crítica | O Exorcista 3

por Leonardo Campos
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Quando lançado em 1990, O Exorcista 3 tinha uma grande missão. Agradar ao público e aos críticos depois do excelente primeiro filme, tornando-se superior ou no mesmo nível, algo extremamente difícil de alcançar, além de ter que fazer as pessoas esquecerem o fiasco da sequência que foi O Exorcista 2 – O Herege, um dos piores filmes de terror de todos os tempos.

William Peter Blatty resolveu tirar o seu roteiro da gaveta e colocar o filme no circuito. Convidou John Carpenter para assumir a direção, mas o cineasta se negou. Ele mesmo resolveu sentar na cadeira de diretor e colocar o seu roteiro em prática. O resultado? Um filme subestimado por todos, haja vista as questões apontadas na abertura desta reflexão cinematográfica, bem como nas infelizes mãos dos produtores, insatisfeitos com os cortes iniciais, responsáveis por mandar para as salas de cinema uma versão problemática que não agradou sequer aos envolvidos na produção, inclusive o diretor.

Os sinais de que há problemas em Georgetown pululam logo nos primeiros minutos. Um coroinha chamado Thomas Kintry (James Burgess) é encontrado decapitado, tendo a sua cabeça fincada numa imagem de Cristo e os seus braços crucificados em dois remos. A coisa fica mais estranha quando em seguida, um padre que acabara de atender a uma senhora é morto misteriosamente, dentro do mesmo esquema, decapitado.

Os investigadores percebem que o modus operandi dos crimes se relacionam com a “arte” do Assassino de Gêmeos, um criminoso que havia sido preso e condenado à morte há 15 anos, execução ocorrida no mesmo dia do exorcismo da pequena Regan, em 1974. A população da cidade, então, assolada pelos crimes envolvendo aspectos religiosos, encontra-se em polvorosa, numa situação que pede mais ação por parte do responsável pela investigação, o agente William Kinderman (George C. Scott), personagem que aos poucos faz as conexões e descobre as ligações entre os acontecimentos.

Entra em cena o padre Joseph Dyer (Ed Flanders), figura religiosa responsável por dar a extrema unção ao padre Karras (é a partir deste momento que você precisa rever O Exorcista para recordar, ou pelo menos pescar o seu final). Ele vai indicar que a chave para resolução de todo o mistério encontra-se num hospital psiquiátrico, trecho em que as conexões entre o clássico de 1974 e esta sequência de 1990 serão estabelecidas.

A sensação que se tem é que há alguns elementos muito forçados. Nomes de uma lista de crimes que se assemelham no que tange às iniciais, ligações muito estreitas e inverossímeis, personagens mal trabalhados (até mesmo os que apresentam potencial dramatúrgico) e uma gordura narrativa que poderia ter sido “lipoaspirada” durante a montagem.

Ao longo de seus 110 minutos, O Exorcista 3 consegue impactar visualmente. Possui um clima soturno cheio de blasfêmia, citações e detalhes de crimes violentos e repugnantes, mas curiosos, serpentes simbolizando a presença do mal, fotografia e iluminação oníricas, enquadramentos que dão vazão aos sustos genuínos e aos mecanismos que engendram o nosso temor em relação ao macabro, dentre outras qualidades. Estas qualidades, entretanto, não são suficientes para segurar a sua falta de dignidade no excessivo terceiro ato. Uma continuação só foi realizada quase duas décadas depois, igualmente problemática no que diz respeito à narrativa, mas isso, no entanto, é assunto para a próxima crítica.

O Exorcista 3 (The Exorcist III) – EUA, 1990 
Direção: William Peter Blatty
Roteiro: William Peter Blatty
Elenco: George C. Scott, Ed Flanders, Brad Dourif, Jason Miller, Nicol Williamson, Scott Wilson, Nancy Fish
Duração: 110 min

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