Perdão. Amor. Reencontros. Estas são as palavras-chave de O Diário de Noel, drama natalino disponibilizado pelo streaming Netflix. Todos os clichês esperados das tramas deste tipo estão presentes ao longo dos 97 minutos de filme, uma história focada no tom lacrimejante para emocionar os espectadores e trazer a sua mensagem de felicidade natalina. Nada ofensivo, como o habitual foco no consumismo e as frivolidades de gente privilegiada, no entanto, o ritmo um tanto monótono em algumas poucas partes demonstra que este road-movie de Natal poderia ser mais do que oferece. Aqui, os personagens são realistas, tipos humanos que nos permitem a criação de identificação necessária para que entre um momento e outro, haja a desejável catarse. Sob a direção de Charles Shyer, também responsável pelo roteiro, juntamente com Rebecca Connor e David Golden, a narrativa cumpre exatamente tudo aquilo que esperamos de sua sinopse, numa básica adaptação do romance homônimo de Richard Paul Evans.
Na trama, acompanhamos inicialmente Jacob (Justin Hartley), um jovem escritor renomado, desejado pela mulherada e por homens também, figura que chama à atenção por todos os lugares que passa, principalmente no dia de lançamento do último volume de uma série de livros que ainda está em processo de produção. Assim que sai do evento, o escritor parte para casa, uma belíssima fortaleza num lugar sofisticado e silencioso, tendo em vista dispensar a sua assistente para descansar e ficar ao lado de sua melhor amiga, a cadela de estimação. O Natal de Jacob é o paradoxo da fama. Alguém que vive sem dificuldades financeiras, habitando uma casa luxuosa, mas que não goza dos privilégios de uma companhia para dividir os seus diversos momentos de intensidade como uma celebridade. As coisas, no entanto, ganham novos rumos.
Jacob recebe uma ligação. O responsável pelo testamento de sua mãe informa que ela faleceu na semana anterior e deixou a casa e alguns pertences para o filho. Ao se deslocar, o personagem adentra numa redoma de solidão ainda mais profunda. Descobriremos que há eras ele não mantinha contato com a mãe, tampouco com o pai, ambos afastados após uma tragédia com o seu irmão, marco na infância do protagonista que ecoa ainda na atualidade. Logo ao chegar, Jacob percebe uma desconhecida a vagar pela vizinhança, alguém que mais adiante entrará em sua vida. Ela é Rachel (Barrett Doss), jovem tradutora que está à procura de evidências sobre a sua mãe biológica. E, o que tudo indica, esta mulher misteriosa e que ainda pode estar viva foi babá da família Turner, esfacelada no passado diante das circunstâncias mencionadas anteriormente. Assim, o que será que vai acontecer depois disso?
Simples: Jacob vai ajudar Rachel e nesta travessia pelas estradas em busca de mais informações, eles encontram o diário do título, de Noel (Essence Atkins), a mãe de Rachel, mulher que no passado foi abandonada pelos pais por ter engravidado sem ser casada. No caminho, a jovem faz o escritor se reconciliar com o pai, Scott Turner (James Remar) além de se tornar alvo do coração do rapaz, perdidamente apaixonado pela cativante tradutora que tem um compromisso e vai noivar, mas também está balançada pelo escritor bonitão e carismático. Assim, a magia natalina se estabelece e entre as idas e vindas habituais deste tipo de narrativa, teremos de acompanhar até o fim para saber se eles vão ou não consumar o amor. Dramaticamente razoável, O Diário de Noel cumpre a sua missão estética, em especial, na envolvente direção de fotografia de Ashley Rowe e no design de produção de Aja Kai Rowley, ambos eficientes na missão de estabelecer o Natal diante das imagens que acompanhamos. Neve, luzes e até intertextualidade com o clássico A Felicidade Não Se Compra, para fazer da produção uma autêntica jornada de redescoberta natalina.
O Diário de Noel (The Noel Diary, EUA – 2022)
Direção: Charles Shyer
Roteiro: Rebecca Connor, David Golden, Charles Shyer
Elenco: Justin Hartley, Barrett Doss, Bonnie Bedelia, James Remar, Essence Atkins
Duração: 99 min