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Crítica | Noite Infernal (1981)

Slasher com fortes traços góticos não empolga com seu ritmo irregular.

por Leonardo Campos
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Parte integrante da rentável Safra Slasher de 1981, Noite Infernal é um filme de terror com altas doses de ineficiência narrativa. Fraco, arrastado e pueril, a sua história já não possui bases muito firmes, se tornando ainda pior pela falta de criatividade nas mortes e nas sequências de perseguição, dois elementos que geralmente nos permitem perdoar as falhas dramáticas e se entregar aos momentos de diversão culposa. Os sustos são demasiadamente frequentes, ou as suas tentativas, afinal, em sua maioria, não funcionam como o esperado pela equipe de produção. Com presença de Linda Blair, fenômeno da década anterior, haja vista a sua participação em O Exorcista, este slasher de 101 minutos é uma daquelas produções para conferirmos por sua possibilidade de compreensão histórica do subgênero, filme que passa muito longe do ideal de fortes emoções e dosagem generosa de tensão, tal como outras narrativas de sua época. Preparados para conhecer o seu enredo? Vamos nessa.

Com trama simples, Noite Infernal traz o seguinte mote: jovens estudantes são desafiados a passar uma noite no interior de uma mansão que segundo relatos, possui um passado trágico, misterioso e como não poderia deixar de ser, macabro. O que eles sabem, parcialmente, é que um determinado homem matou a esposa e seus filhos. Os desdobramentos, por sua vez, são explicitados ao passo que a história avança. Caso aceitem a proposta para a tal noite que se tornará infernal, os participantes conseguirão adentrar numa cobiçada fraternidade. O evento que promete diversão, no entanto, revela-se aterrorizante. Inicialmente, várias peças são pregadas entre os jovens, brincadeiras para promoção de sustos e demais estratégias para que os mais sensíveis desistam da empreitada. As coisas, no entanto, saem do controle. Mortes inexplicáveis começam a estabelecer uma trilha de corpos, reduzindo o grupo que aos poucos, se torna cada vez menor, acossados pela misteriosa figura que terá as suas motivações reveladas no final.

Um a um, os integrantes da jornada começam a morrer, aniquilados por uma figura misteriosa, construída dentro dos ditames da cartilha slasher. Qual mistérios estará por detrás desta noite absolutamente macabra? Por qual motivo o tal patriarca teria matado os seus dois filhos, pessoas com deficiência, além de sua esposa? Qual dos integrantes do encontro é parte integrante deste passado resgatado com força total para exercer o horror no presente? São muitas as perguntas, todas com respostas, algumas interessantes, outras não tanto, partes desta narrativa manobrada pela direção irregular de Tom DeSimone, cineasta guiado pelo roteiro escrito por Randy Feldman, Noite Infernal expõem deficiência na concepção de sua final girl, cria um antagonista pouco convincente, se enrola numa trama de tensão demasiadamente oscilante e não utiliza os clichês como algo favorável ao seu desenvolvimento. Aos espectadores, fica o exercício da paciência ao atravessar quase duas horas de histórias mornas, diálogos frágeis e personagens desinteressantes.

Com direção de fotografia assinada por Marc Ahlberg, setor que evidencia o tom macabro ao conceber imagens obscuras e frias, Noite Infernal também se sai bem em seu design de produção, gerenciado por Steve Legler, responsável por cenários e adereços carregados, nalgumas passagens que nos remetem aos filmes de casas assombradas, além de abarcar figurinos muito peculiares, desenhados para criar a sensação de fantasia nos personagens que partem em busca de carnavalização do cotidiano, mas encontram a morte, inserida na figura do assassino impiedoso. Com trilha sonora de Dan Wyman, funcional, no entanto, insuficiente para criar tensão numa tessitura narrativa com graves problemas dramáticos, este slasher leva tempo demais para se desenvolver, contribui pouco para a profícua história do subgênero em questão e ainda insere muitas cenas que não somam em nada para as propostas do roteiro, numa produção que também carrega como setor danificado, a edição desprovida de bom senso.

Noite Infernal (Hell Night, EUA – 1981)
Direção: Tom DeSimone
Roteiro: Alexandre Aja, Grégory Levasseur, C.A. Rosenberg
Elenco: Linda Blair, Vincent Van Patten, Peter Barton, Kevin Brophy, Jenny Neumann, Suki Goodwin, Jimmy Sturtevant, Hal Ralston, Carey Fox, Ron Gans, Gloria Heilman
Duração: 101 min.

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