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Crítica | Nathan Never – Vol. 20: A Hora da Vingança

Um caos urbano.

por Luiz Santiago
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Nathan Never é um dos meus personagens favoritos da Bonelli, o primeiro que conheci e comecei a ler, após anos devorando as revistinhas de Tex do meu avô. É um personagem que possui histórias sempre muito acima da média, por isso eu acho relativamente estranho quando termino uma de suas aventuras e tenho a opinião de que ela foi “apenas ok“, como foi o caso dessa A Hora da Vingança. Dedicada a Jack Kirby pelo co-roteirista Antonio Serra (por motivos internos à edição, que comentarei mais adiante), a trama segue a construção de uma vingança incomum, posta em prática em um momento não muito bem articulado. Digo isso porque a tal “vingança particular” acaba se tornando a aplicação de um caos geral nos muitos níveis na cidade, atingindo outras pessoas e organizações, diminuindo o peso daquilo que o título anuncia e a história sugere: a vingança de um homem contra outro.

Uma organização criminosa de um país tropical (nesse Universo, de um “país do sul“) quer se vingar da repressão do governo contra as gangues de drogas locais. O alvo é Aristóteles Skotos, causador de todo o desmonte. No momento da vingança, toda a Cidade é posta em perigo, ameaçada por 5 robôs/androides bem peculiares. Esse cenário final é o que abranda a vingança proposta por Jack ao seu pai Aristotele Skotos, o infame líder de seita que conhecemos em Agente Especial Alfa. A história é simples, contando com um flashback e seguindo com as consequências desses atos no presente, com as gangues invadindo os vários níveis da cidade da Agência Alfa a fim de “darem o troco” pelo que Skotos fez com o núcleo de tráfico em seu país.

A homenagem a Kirby acontece porque a boa arte de Esposito Bros faz algumas brincadeiras com o estilo do mestre americano (o rosto de Jack, por exemplo, é desenhado num modelo de rosto kirbyano), e o próprio roteiro concebe os robôs/androides com habilidades que imitam as do Quarteto Fantástico. Ou seja, temos uma máquina cuja principal marca é a força bruta (o Coisa), outra que lança rajadas de fogo (Tocha Humana), uma cujos membros se esticam por muitos e muitos metros (Sr. Fantástico) e outra, adaptada, com habilidades esquivas de primeira linha (Mulher Invisível). É uma proposta legal, que garante bons momentos de luta. Mas chegou um momento em que eu estava esperando mais detalhes sobre a tal da vingança, que não vinha, então não dava a mínima para a ação dessas criaturas na cidade. Gradualmente, a qualidade da trama foi caindo, para mim.

O que fica de positivo é o desenvolvimento de Jack O’Ryan e sua integração à Agência Alfa, no final da história (uma ironia deliciosa, por sinal). Ele é um personagem durão, forjado no ódio e com informações muito precisas a respeito do mundo criminoso de seu pai. Com certeza será um ótimo membro da Agência. Por ser um personagem com características bem diferentes daqueles que já conhecemos da organização, imagino como ficará a divisão de tarefas e como serão as parcerias dele com Nathan. A despeito da trama um tanto insossa e frustrante — mesmo que boa, em seu sentido geral –, achei a apresentação, o desenvolvimento e o destino de Jack excelentes. Mal posso esperar para encontrá-lo trabalhando nas próximas edições.

Nathan Never – Vols. 20: A Hora da Vingança (L’ora della vendetta) — Itália, janeiro de 1993
Roteiro: Federico Memola, Antonio Serra
Arte: Esposito Bros
Capa: Claudio Castellini
100 páginas

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