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Crítica | Natal Sangrento 3: Noite do Silêncio

O começo da desvinculação do Papai Noel assassino em prol de uma franquia antológica.

por Leonardo Campos
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Eis um caso de memória afetiva. Natal Sangrento 3: Noite do Silêncio, é um filme bastante irregular, no entanto, era uma das principais capas de VHS que estampavam a prateleira  de filmes de terror que me encantavam na era das videolocadoras. Antes de refinar um pouco mais a apreciação estética e dramática do cinema em minha jornada, filmes desse tipo eram o tipo de entretenimento que agradavam. Locado numerosas vezes, mesmo sendo fraco e sem a mesma agilidade sangrenta dos antecessores, este terceiro episódio da franquia fez parte da juventude cinéfila de muita gente. É o caso de quem vos escreve. Lançada para televisão e veiculado no mercado de vídeo em 1989, a produção segue os eventos de Natal Sangrento 2: Retorno Macabro, mas desta vez, com um considerável distanciamento. No intuito de seguir a linha que a franquia Halloween tentou em seu terceiro filme, os realizadores decidiram criar mais tramas com o título da narrativa slasher sobre o Papai Noel assassino, mas com histórias independentes, dissociadas dos conflitos dos primeiros episódios da saga. Se já não eram grandes enredos em suas primeiras incursões, imagina, caro leitor, nessa continuidade insana?

Pois, é assim que se configura toda irregularidade e monotonia de Natal Sangrento 3: Noite do Silêncio, dirigido pelo veterano Monte Hellman, também responsável por algumas colaborações no roteiro, escrito em parceria com a dupla formada por Rex Weiner e Arthur Gorson. Ao longo de seus 90 minutos, acompanhamos as supostas experiências científicas do Dr. Newberry (Richard Beymer), cientista que utiliza uma jovem cega sensitiva e um psicopata em estado de coma, num processo vegetativo. Ele interliga os dois, tentando compreender, por meio da moça, como funciona a mente do assassino. Cabe ressaltar que mesmo sem explicações coesas, somos informados que o homem ali deitado é Rick Caldwell, o responsável pela matança no segundo filme. No processo, algumas coisas não saem como planejado e o antagonista desperta de seu coma, agora interessado em perseguir a jovem. Mais do mesmo, só que desta vez, sem muitas mortes, poucas cenas divertidas e uma tediosa atmosfera onírica.

Sem Eric Freeman como Caldwell, Natal Sangrento 3: Noite do Silêncio traz Bill Moseley como o personagem catatônico. Samantha Scully, a intérprete de Laura Anderson, é uma órfã que perdeu os pais num acidente de avião e, diante das experiências malucas em laboratório, entra em crise e resolve abandonar o processo, seguindo em viagem com seu irmão e a cunhada, tendo em vista curtir o período de festejos natalinos. Por sinal, o design de produção de Philip Thomas parece esquecer essa época e, fora os trajes de Papai Noel, juntamente com o letreiro que indica a data no começo do filme, parcos sinais indicam que estamos diante de uma narrativa natalina. A direção de fotografia, assinada por Josep M. Cevit também não colabora muito com o desenvolvimento da visualidade, alternando alguns ângulos interessantes, mas com captação de imagens escuras e pouco atrativas. O trabalho de iluminação é muito irregular, tal como os desempenhos dramáticos, as linhas de diálogo do roteiro, dentre outros aspectos.

O enredo se divide em três partes e quase se transforma em um road movie. Temos a vidente, acompanhada do irmão e da cunhada, dupla que protagoniza uma constrangedora cena de sexo numa banheira lá no terceiro ato do filme. Há o assassino, uma espécie de Michael Myers obcecado pela protagonista e avesso aos tons de vermelho em qualquer objeto ou superfície, gatilho para seus assassinatos. E, por fim, temos a dupla formada por um policial e pelo médico, ambos em busca da jovem para salvá-la da sanha maléfica do psicopata. Com uma estrutura dramática que dialoga com o conto clássico Chapeuzinho Vermelho, Natal Sangrento 3: Noite do Silêncio economiza no sangue e busca se levar à sério com momentos de sonho interligados com a realidade. Isento de momentos emocionantes, o filme parece tentar surfar na onda da renovação de franquias, como aconteceu com Sexta-Feira 13 Parte 7: A Matança Continua, a turbulenta jornada de Jason versus Tina, uma espécie de Carrie: A Estranha.

Tedioso e com parcos bons momentos, eis um filme de terror natalino esquecido. E esquecível.

Natal Sangrento 3: Noite do Silêncio (Silent Night, Deadly Night 3: Better Watch Out, EUA – 1989)
Direção: Monte Hellman
Roteiro: Arthur Gorson, Rex Weiner, Monte Hellman
Elenco: Samantha Scully, Bill Moseley, Richard Beymer, Richard C. Adams, Leonard Mann, Melissa Hellman, Isabel Cooley
Duração: 88 min

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