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Crítica | Natal Sangrento 2: Retorno Macabro

Mais uma noite natalina de mortes sangrentas.

por Leonardo Campos
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Um caso curioso do slasher. Natal Sangrento 2: Retorno Macabro, é um filme que se propõe a ser continuação do terror de 1984, mas em sua estrutura, utiliza mais de 40% do ponto de partida para reorganizar os fatos e trazer o pesadelo da noite natalina de horror e morte, agora prestes a se repetir com um novo psicopata a assumir a posição de antagonista trajado de Papai Noel. Como pudemos contemplar em Natal Sangrento, uma família viaja calmamente e feliz por uma estrada noturna, logo após a visita anual ao vovô, um homem catatônico que vive numa instituição que abriga pessoas idosas. No caminho para a comemoração natalina, o casal que trazia os seus dois filhos decide parar na estrada para ajudar uma figura vestida com as roupas comuns ao Papai Noel: calça vermelha, botas pretas, gorro. O problema é que este homem não é o bom velhinho esperado pelas crianças. Ele já nos é apresentado cometendo um assalto seguido de morte antes. Agora, com a família, dispara tiros no pai, degola a mãe, tudo isso com o testemunho do pequeno Billy, um garoto que fica traumatizado e é enviado juntamente ao irmão, ainda bebê, para um orfanato gerenciado por uma freira rígida que parece ter saído de uma trama da Idade Média, tamanha a subjugação dos seus castigos aos “imorais”.

Billy cresce, tem horror ao Papai Noel e todo imaginário natalino. Numa certa noite, vai se vestir do personagem para atrair as crianças para a loja de departamento que começou a trabalhar. Lá, ele perde o controle e na noite de festejo dos funcionários, aniquila os colegas e sai pela cidade cometendo uma série de mortes mirabolantes, terminando o seu fluxo de sangue e horror no orfanato, na tentativa de aniquilar a madre superiora que tanto o humilhou quando adolescente, horripilante personagem sádica interpretada por Jean Miller. A situação perde o controle e um policial consegue intervir, tirando a vida do rapaz. Antes da narrativa se encerrar, seu irmão, agora uma criança maior, prestes a entrar na adolescência, vira para a madre e solta um sonoro “malvada”, ou “suja”, a depender da tradução. Pronto. Este é o fermento dramático para a já esperada sequência que chegou em 1987, na era do Slasher Tardio.

Sob a direção de Lee Harry, realizador que colaborou com o texto escrito por Michael Hickey e Paul Caimi, acompanhamos ao longo dos 88 minutos de Natal Sangrento 2: Retorno Macabro, a trajetória alucinada de Rick Caldwell (Eric Freeman), o irmão do assassino do filme anterior, figura trancafiada numa sessão de análise psiquiátrica que narra para os espectadores e seu médico, as travessuras cometidas por sua passagem pelos diversos atos criminosos cometidos nos últimos tempos. As mortes, caro leitor, são absurdamente gráficas, criadas para chocar e justificar a continuidade desta história que não podemos dizer que falha como entretenimento slasher ligeiro. É muito divertido ver as caras e bocas do protagonista bizarro, um espetáculo de desempenho dramático que é o principal assunto das críticas publicadas sobre o filme na maioria dos portais de cinema internacionais. Rick não poupa ninguém e qualquer engraçadinho que resolve sair da linha acaba na mira de seu machado, faca, guarda-chuva… o que tiver em mãos.

A madre superiora, desta vez, vai ter muito trabalho para se manter com vida, pois o furioso rapaz prometeu se vingar e pelo que parece, o filme lhe oferta todas as chances de aniquilação desta que é a responsável por muitos de seus transtornos psicológicos. A equipe de efeitos e maquiagem, supervisionada por Chris Biggs e Camille Calvet, dão conta do tom gráfico das mortes em profusão deste slasher sangrento e dramaticamente frágil, acompanhado de uma trilha sonora inquietante, assinada por Michael Armstrong, um compositor que excede os limites dos sintetizadores, para criar a sua desejada atmosfera de tensão, pouco eficaz. Ademais, a direção de fotografia de Harvey Genkins privilegia o ponto de vista do assassino e cumpre os requisitos básicos para um filme do segmento, dando conta do que é possível com o material dramático recebido para transformar em imagens. Transformado em franquia, Natal Sangrento continuou com a terceira parte, Noite do Silêncio, saindo da perspectiva slasher, ainda mais distanciada nas partes quatro e cinco, totalmente independentes, com abordagens de horror dentro de outros estilos. Ganhou refilmagem em 2012 e outros filmes embarcaram em sua onda de colocar o Papai Noel como um antagonista perigoso e mortal, para o horror generalizado nas crianças.

Natal Sangrento 2: Retorno Macabro (Silent Night, Deadky Night 2, EUA – 1987)
Direção: Lee Harrey
Roteiro: Michael Hickey, Lee Harrey
Elenco: Eric Freeman, James Newman, Jean Miller, Elizabeth Kaitan, Brian Michael Henley, Darrel Guilbeau
Duração: 88 min

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