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Crítica | Nanatsu no Taizai (The Seven Deadly Sins) – 1ª Temporada

O Ciclo Arturiano encontra a magia.

por Rodrigo Pereira
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“Esta é uma história sobre humanos e seres de outros mundos. Uma história dos tempos antigos”. É assim que começa a abertura do primeiro episódio, e de todos os demais, de Nanatsu no Taizai, um dos animes de grande sucesso nos últimos anos.

Criado por Nakaba Suzuki e dirigido por Tensai Okamura na temporada de estreia, Nanatsu no Taizai pode ser traduzido como “Os Sete Pecados Capitais” e tem ligação direta com o grupo protagonista da série. Esse grupo é composto pelos sete mais poderosos cavaleiros sagrados do reino de Liones, localizado na Britânia. Seus nomes são Meliodas (Yūki Kaji), Ban (Tatsuhisa Suzuki), Diane (Aoi Yūki), King (Jun Fukuyama), Gowther (Yūhei Takagi), Merlin (Maaya Sakamoto) e Escanor (Tomokazu Sugita). Por todo o seu poder e dedicação ao reino, o grupo é idolatrado pela população e extremamente respeitado pelos demais cavaleiros. Um certo dia, no entanto, um golpe de estado ocorre em Liones, culminando na morte do grande cavaleiro sagrado e superior dos Sete Pecados Capitais, Zaratras (Rikiya Koyama). Além disso, os responsáveis pela rebelião fazem parecer que o grupo liderado por Meliodas é o culpado, causando sua separação e expulsão por traição. A história começa, de fato, 10 anos depois desses acontecimentos, com Elizabeth (Sora Amamiya), uma das princesas de Liones, após descobrir a verdade, fugir em busca de reunir novamente os Sete Pecados Capitais e tentar salvar o reino do futuro sombrio que se aproxima.

Para quem já teve contato com as histórias da Matéria da Bretanha e do Ciclo Arturiano, com certeza achou Britânia, cavaleiros e demais características da trama familiar. Isso porque Nanatsu no Taizai é visivelmente inspirado nessas histórias e lendas, contando, inclusive, com o rei Artur (Sachi Kokuryu) e Camelot, além do acréscimo de, como a própria abertura diz, “seres de outros mundos”. Essa soma de magia, clãs poderosos e demais possibilidades imensuráveis para a mente casa muito bem com a forma de contar a história do anime. Assim como pouco sabemos sobre os limites de todos esses poderes, o mesmo acontece com a história, já que não sabemos quem tramou o golpe, o porquê o fez, por que falsamente acusaram Os Sete Pecados e sequer onde estão os protagonistas. Isso permitiu aos autores da obra construírem personagens e situações que vão aparecendo e agregando à narrativa o tempo inteiro, impedindo que a história caia na monotonia em qualquer momento dos 24 episódios dessa primeira temporada.

Inclusive, vale destacar como Okamura controla bem todos esses eventos. Só o núcleo principal conta com os sete heróis, Elizabeth e Hawk (Misaki Kuno), o porco amigo de Meliodas, quase uma dezena de personagens, o que abre margem para não desenvolver tão bem um ou outro. Felizmente, isso não acontece, com o diretor conseguindo apresentar bem o passado de cada um, suas motivações e personalidades, além de sub-tramas que só enriquecem a história. A relação de amizade entre Meliodas e Ban é um ótimo exemplo disso, pois Ban desconfia cada vez mais que Meliodas integra algo que o traumatizou no passado, mas opta, na maioria das vezes, em deixar para conversar em um momento mais apropriado pelo respeito e confiança em seu capitão e melhor amigo.

Isso leva para um ponto bastante vivo na série que é a busca pela redenção. Meliodas, Ban, King, Diane e até personagens secundários, como Guila (Mariya Ise) e Gilthunder (Mamoru Miyano), lutam contra fantasmas do passado e encontram-se numa jornada pessoal por alguma forma de salvação. Além das batalhas e da guerra santa infindável, todos lutam dentro de si mesmos para fugir de seus pecados e, de alguma forma, recuperar o que perderam, seja amor, amizade ou fraternidade.

O negativo da série fica por conta da objetificação da mulher. Desde o primeiro episódio, vemos cenas de abuso se repetirem incansavelmente, com Meliodas e Elizabeth sendo o exemplo mais recorrente. Não há absolutamente nada nessas situações que agregue  algo para a história, independente do ângulo que se olhe, sendo apenas algo criado para satisfazer anseios de uma parcela do público. Sequer são situações engraçadas (até porque não existe graça em qualquer abuso) ou que sirvam de alívio cômico, já que Hawk e a imortalidade de Ban se encaixam muito melhor nesses quesitos e, não à toa, passam a ser mais explorados. Essa objetificação é tão exagerada que dá impressão que até o próprio autor percebeu o problema, pois, ainda que siga ao longo dos episódios, visivelmente diminui conforme nos aproximamos ao final da temporada.

A primeira temporada de Nanatsu no Taizai é bastante satisfatória. O anime consegue apresentar um mundo cheio de possibilidades a serem exploradas, tanto agora como em temporadas futuras, em meio a uma trama política bastante complexa no início, mas que se desenrola com fluidez sem deixar de abordar com qualidade tudo o que se propôs. Os inúmeros núcleos de personagens são todos bem desenvolvidos, apresentando tanto suas histórias passadas quanto suas motivações para cada atitude, gerando, muitas vezes, conflitos em suas relações e até internos, que influenciam em suas vidas até o presente. Afinal, a culpa, o remorso e a busca pela redenção são parte essencial da história apresentada na série. Se não fossem as questões de abuso e objetificação da mulher, teríamos um resultado ainda melhor para a produção.

Nanatsu no Taizai (The Seven Deadly Sins) – 1ª Temporada — Japão, 2014
Criador: Nabaka Suzuki
Direção: Tensai Okamura
Roteiro: Shōtarō Suga
Elenco Principal: Yūki Kaji, Tatsuhisa Suzuki, Aoi Yūki, Jun Fukuyama, Yūhei Takagi, Maaya Sakamoto, Tomokazu Sugita, Sora Amamiya, Rikiya Koyama, Sachi Kokuryu, Misaki Kuno, Mariya Ise, Mamoru Miyano
Duração: 20 min. (cada episódio)

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