Home TVEpisódio Crítica | Mythic Quest – 2X03: #YumYum

Crítica | Mythic Quest – 2X03: #YumYum

por Ritter Fan
560 views

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as demais críticas.

Aos poucos, a dupla maquiavélica formada por Brad e Jo vai tomando de assalto a série, pelo menos nesse começo de segunda temporada. Aqui, eles se dividem em dois projetos para “ajudar” os colegas, com Jo lidando com o problema de C.W. (ainda com F. Murray Abraham em videoconferência) com seu editor, que ameaça tirar-lhe a propriedade de seus personagens por ele não ter acabado uma trilogia literária e Brad imiscuindo-se na vida amorosa de David que, claro, começa com a forma como ele se apresenta online.

Em paralelo a essas duas histórias, tem uma terceira consideravelmente menos interessante, na verdade o ponto fraco do episódio, que aborda a forma como Ian e Poppy trabalham na expansão Titan’s Rift, ou seja, completamente separados, com equipes e caminhos diferentes, isso às vésperas de uma apresentação para a matriz em Montreal, que precisa ver como a coisa caminho. Mesmo que nessa linha narrativa haja também a mão de Brad, que deseja seguir o caminho mais fácil da criação de um modo Battle Royale no jogo, algo que a dupla criativa simplesmente odeia, toda vez que a história lida com os dois ela perde o ritmo e parece mais uma forma de preencher espaços livres de um roteiro que não é tão coeso quanto normalmente costumam ser na série, algo que reputo como a exceção que confirma a regra, ainda que o trabalho de John Howell Harris não seja nem de longe ruim.

Portanto, as joias da coroa ficam mesmo com Jo, que encarna uma advogada em defesa de seu cliente, mesmo que, para que tudo dê certo, ela tenha que usar exatamente a incapacidade de seu  cliente de ficar quieto para quase que literalmente chantagear o editor, com direito a citações de casos de “cancelamento de pessoas e de suas obras“, hoje tão corriqueiro e, sim, tão idiota… Novamente, Jessie Ennis dá um show, com uma performance que escorre maldade pelo canto da boca, mas que ao mesmo tempo revela suas fragilidades, tendência que já havia sido explorada em Grouchy Goat, tirando-a completamente da vala da unidimensionalidade.

Não que o Brad de Danny Pudi esteja nessa vala, veja bem. Ainda que seu personagem aparentemente não tenha fraquezas ou sentimentos, a grande verdade é que o ator sensacionalmente vive um enorme estereótipo ambulante do sujeito que só consegue olhar o mundo na forma de cifrões, com eventuais desvios para projetos pessoais para massagear o ego, exatamente o que ele faz com o pobre David em #YumYum, com direito a um teste virtual – que, sensacionalmente, não tem nada de virtual – para medir a capacidade do produtor executivo de interagir com mulheres e um completo apagão de redes sociais, algo que obviamente é bem vindo considerando a quantidade de fotos e de vídeos vergonha alheia que ele publica. E, aqui, temos uma interessante crítica à forma como o mundo tem funcionado nos dias de hoje, ou seja, com relacionamentos efêmeros a partir de aplicativos que se dizem exatamente de relacionamento, enquanto eles são o exato oposto disso. Hoje, muito mais do que em um mundo pré-internet, compreendemos as pessoas pela forma como elas se projetam no virtual e, aparentemente, estamos dispostos a aceitar essa projeção como a verdade absoluta, verdade essa que precisa ser conformada aos padrões do que se espera para que essa aceitação seja a mais ampla possível.

Essa é uma discussão que dá pano para manga, claro, mas Mythic Quest não tem objetivo de aprofundar essas discussões, mas sim, apenas provocá-las e fazer-nos olhar para o lado para entendermos o ponto em que estamos e se realmente gostamos do que estamos vendo. Claro que a internet está integrada ao dia-a-dia de todos – e poucas obras recentes souberam retratar isso tão bem quanto A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, aliás – e temos que aprender a viver com ela, mas será que não estaríamos entregando nossas percepções de mundo a algo filtrado pelas lentes e telas de terceiros?

Mesmo trabalhando bem as manobras de Brad e Jo pelo escritório, #YumYum falha com os protagonistas e com a premissa da temporada, que, ao que tudo indica, girará ao redor da nova expansão do jogo, desta vez ainda em estágio inicial de desenvolvimento. Não é dos melhores episódios em uma série repleta de melhores episódios, mas ainda assim foi uma diversão ver Pudi e Ennis arrasando em seus papeis.

Mythic Quest – 2X03: #YumYum (EUA, 14 de maio de 2021)
Criação: Rob McElhenney, Charlie Day, Megan Ganz
Direção: Angela Barnes
Roteiro: John Howell Harris
Elenco: Rob McElhenney, Charlotte Nicdao, David Hornsby, Danny Pudi, F. Murray Abraham, Jessie Ennis, Imani Hakim, Ashly Burch, Naomi Ekperigin
Duração: 25 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais