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Crítica | Muti – Crime e Poder

Imundície cinematográfica.

por Fernando JG
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Dr. Mackles (Morgan Freeman) é professor universitário de Cultura Africana, motivo pelo qual sabe de coisas que ninguém mais pode imaginar a respeito de rituais ancestrais. Quando uma série de estranhos crimes começam a ocorrer na cidade e o detetive Boyd (Cole Hauser) se une a Mackles com a finalidade de descobrir o que está por trás da recorrência dos crimes brutais na região, um grupo de pessoas poderosas é revelado e as investigações se tornam ainda mais insanas. 

Muti – Crime e Poder (The Ritual Killer) é mais um daqueles whodunit que, não sendo bom nem notável, encontra-se preenchido de suspense e ação que juntos fazem com que o espectador adentre na trama a fim de descobrir o que, afinal, está ocorrendo. Mas logo de entrada muitas pistas já são reveladas, muitas respostas dadas e o enredo acaba sendo facilitado ao máximo. O desinteresse é um sentimento natural que surge como resposta ao estímulo fílmico.

O desconhecido homem a quem todos procuram mostra-se logo como a pedra no sapato de inúmeros países: da Europa a América, ele cometeu crimes bárbaros e saiu impune. O que une suas vítimas não é propriamente algum detalhe, alguma assinatura ou algo que as identificam como presas de uma mesma pessoa, mas a brutalidade com a qual são assassinadas após o sequestro relâmpago. Sem distinguir crianças, homens e mulheres, o assassino cria seu próprio jogo e brinca com as peças que tem em mãos. 

Há uma tentativa integral de fazer com que o clima de aflição tome conta da atmosfera da película, mas sem sucesso. Uma das cenas iniciais em que o serial killer corre pelas ruas enquanto é perseguido pela polícia foge ao bom gosto; igualmente, o momento do restaurante, quando mata todos que estão ali de maneira fria e mesmo inverossímil, me soa como um desespero para que o longa-metragem adquira algum carácter disruptivo, mas tudo o que consegue é ser deselegante e palerma. Um filme de ação que de tão bobo se torna surreal a qualquer um, forjando um constrangimento que excede a película, o filme de George Gallo não arrebata, nem assombra, nem choca, pelo contrário: avacalha.

Livremente inspirado no gênero giallo, Muti: Crime e Poder parece não ter pulso firme no momento de atualizar sua trama com mistério e personalidade, apelando desde o início para uma espécie de misticismo que tem como base rituais africanos de destruição e morte. Não me soa como uma ideia interessante uma vez que a construção dramática se escora neste aspecto como “ponto de fuga” do seu enredo, esquecendo-se de aprofundar, complexificar e fazer do filme algo menos randômico e com mais presença. Do jeito que está, não dá. Morgan Freeman encarna uma espécie de “mago” que ajuda a polícia local a investigar crimes que ele conhece bem devido aos seus estudos de cultura. No entanto, sua atuação, bem como a de Cole Hauser, são muito prejudicadas pelo nível de debilidade que contém o filme, o texto, o caráter dos personagens e tudo mais. 

A falta de interesse pelo próprio filme é maior do que a tentativa de fazer uma obra em si chamativa, que parecia ser o objetivo inicial. George Gallo falha sucessivamente na direção do seu próprio enredo e não percebe a artificialidade de cada movimento estabelecido. Com um ritmo irregular – entre um começo mediano, um clímax quase anticlimático, e um final que coroa a monotonia com ações débeis -, The Ritual Killer conclui uma volta imensa para chegar num óbvio: ricaços estão por trás de toda a carnificina. E voilà! Já sabíamos desde o início, mas a produção decide correr 60 minutos de tela para chegar a uma conclusão já dada desde o início, sem surpresas, sem clímax, apenas um climão de fazer-nos andar em círculos e retornar para o mesmo ponto.

Muti – Crime e Poder (The Ritual Killer, EUA, 2023)
Direção: George Gallo
Roteiro: Joe Lemmon, Francesco Cinquemani, Giorgia Iannone
Elenco: Morgan Freeman, Cole Hauser, Vernon Davis, Giuseppe Zeno, Murielle Hilaire, Luke Stratte-McClure, Mayumi Roller, Brian Kurlander, Julie Lott, Destiny Loren, Peter Stormare
Duração: 92 min.

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