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Crítica | Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X06: Just Jen

Jen sendo bem mais do que só Jen.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios. 

Sim, como a própria Jennifer Walters nos explica diretamente, Just Jen é um episódio solto, na estrutura de caso da semana. Afinal, também sim, Mulher-Hulk: Defensora de Heróis é uma sitcom e, como toda sitcom, ela vive disso, de historinhas divertidas – algumas mais, outras menos – que funcionam de maneira independente e que introduzem novos personagens para aquela situação específica e pronto, sem nenhuma vergonha de ser feliz. E, ainda por cima, Just Jen é o “obrigatório” episódio do casamento, claro! É obviamente assim que Jessica Gao imaginou a série, ainda que seu final, que retorna aos acontecimentos do encerramento do terceiro episódio, em que ela é atacada pela completamente incompetente Gangue da Demolição, indique que haverá um final boss a ser enfrentado e que eu espero que não seja nada lá muito grandioso para não quebrar a estrutura da série.

E olhem que, apesar do mistério no final, o episódio nem é tão independente assim, pois usa Titânia novamente como vilã, só que desta vez não no tribunal e sim no bom e velho artifício dos socos e pontapés, ainda que com um twist. No episódio, Jen recebe um convite de Lulu (Patti Harrison), sua amiga de escola que está casando, para ser madrinha e ela trata de ir muito mais para usar publicamente sua persona de Mulher-Hulk para tirar onda – em uma rara, mas bem-vinda abordagem completamente egoísta para uma super-heroína -, com a noiva, ato contínuo, pedindo para ela ser sua versão “normal” mesmo. Titânia chega como uma verdadeira stalker, somente para fazer valer sua promessa de que seu conflito com Jen não acabou.

Novamente, a direção de Anu Valia se destaca, mesmo que ela tenha que lidar com duas histórias sem tangenciamento direto que não sejam os temas antitéticos (casamento x separação). A diretora prova que sabe conduzir narrativas paralelas tão bem quanto uma narrativa una como no episódio anterior, e  mesmo considerando que o roteiro de Kara Brown, apesar de se esforçar, é claramente menos inspirado do que o de Dana Schwartz. E falo aqui muito mais do lado do Senhor Imortal (David Pasquesi) e seu divórcio óctuplo do que o de Jen tentando ser Jen no casamento de alguém que sequer gosta muito. Não que o pareamento de Nikki com Mallory não tenha sido excelente, mas o texto é muito dependente de gags semelhantes para funcionar bem todo o tempo.

No entanto, no casamento em si, a história anda bem, pois é um reflexo fora do tribunal da discussão de fundo que Jen teve consigo mesmo (e com Mallory também) sobre quem exatamente ela é agora. Sua chegada nas festividades como a deslumbrante Mulher-Hulk foi uma escolha insensível dela, mas, por outro lado, a leva mais uma vez a transitar entre duas identidades que cada vez mais parecem se completar. Jen cada vez mais se vê como a Mulher-Hulk e a única coisa que sobra é mesmo a diferença física entre suas duas versões, algo que ela precisará conciliar de alguma forma, até porque essa jornada de auto(re)descoberta é todo o coração da temporada.

Essa dicotomia física e psicológica é traduzida para o episódio primeiro com o pedido de Lulu para Jen ser “apenas” Jen, mas depois ganha mais corpo com Jen sem CGI sendo cortejada (reparem a diferença da aproximação do homem aqui para aquele sujeito que se aproxima dela e de Nikki no restaurante um ou dois episódios atrás) por Josh (Trevor Salter) e a Jen com CGI sendo enfrentada por Titânia, com um final humilhante e bem público para a “empresária e influenciadora”. É provável que exista um equilíbrio entre esses dois lados da mesma moeda (e eu sei que há, pois ela o alcança nos quadrinhos), faltando apenas que as duas Jens “conversem”.

Apesar de Just Jen ser menos inspirado que Mean, Green, and Straight Poured into These Jeans, uma gangorra qualitativa também muito comum de acontecer em uma sitcom, a série claramente continua honesta com seus propósitos e cria um universo próprio que, apesar de todas as participações especiais que tivemos e que ainda teremos, parece muito particular e, por isso mesmo, muito interessante e agradável. Mais uma vez Tatiana Maslany tem espaço para mostrar seus dotes dramatúrgicos e, muito sinceramente, isso, por si só, já é razão mais do que suficiente para relaxar meia horinha por semana sem maiores compromissos.

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X06: Just Jen (She-Hulk: Attorney at Law – EUA, 22 de setembro de 2022)
Criação: Jessica Gao
Direção: Anu Valia
Roteiro: Kara Brown
Elenco: Tatiana Maslany, Ginger Gonzaga, Josh Segarra, Steve Coulter, Renée Elise Goldsberry, Jameela Jamil, Nicholas Cirillo, Patti Harrison, David Pasquesi, Trevor Salter
Duração: 30 min.

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