Home TVEpisódio Crítica | Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X02: Superhuman Law

Crítica | Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X02: Superhuman Law

Uma oferta irrecusável.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios. 

Depois de um episódio de origem divertido, mas inegavelmente protocolar, Mulher-Hulk: Defensora de Heróis parece acomodar-se rapidamente e de maneira bem confortável naquele sofá quentinho do sitcom super-heroico, abraçando de vez a bobeira simpática, mas não vazia de conteúdo, devidamente mantida em pé pelo viciante carisma e talento dramático e cômico da mais do que versátil Tatiana Maslany, acostumada a viver mais de um personagem por série (se você não viu Orphan Black, não deixe de ver!). Em Superhuman Law, vemos a verdejante personagem como uma estranha em terra estranha, uma super-heroína que não quer ser super-heroína e sim, “apenas”, uma advogada e não mais encontrando esse espaço depois da revelação de seus poderes diante dos olhos do mundo no final do episódio passado.

O que segue da demissão de seu emprego é puro material de sitcom, seja ela procurando uma nova colocação em escritórios cada vez menos… aham… interessantes (a montagem é ótima), seja ela sendo convidada para um jantar em família em que conhecemos seu pai Morris (Mark Linn-Baker), sua mãe Elaine (Tess Malis Kincaid), seus tios e, claro, o completo idiota primo Cruza… ops, Ched (Nicholas Cirillo) em uma ambientação enérgica, mas um tanto quanto irritante tanto para Jen quanto para nós, seus espectadores pela velocidade com que tudo acontece. Mas esse lado familiar é importante, especialmente a conexão pai e filha, para criar aquela sensação de tridimensionalidade, ainda que o tempo dedicado para isso só deixe mesmo uma impressão, não mais do que isso.

Até mesmo sua contratação pelo advogado veterano Holden Holliway (Steve Coulter) em um bar suspeitamente parecido com Cheers, tem aquele gostinho de sitcom oitentista, algo que é amplificado exponencialmente quando ele revela para ela, em plena recepção de seu prestigiado escritório (como Jen é inocente…), que seu interesse é em seu alter-ego esmeralda, mesmo que a transformação ali, naquele momento, a faça ter que se adaptar com a roupa esgarçada e com os sapatos que não mais cabem. No entanto, vale qualquer esforço para te uma sala de quina toda envidraçada em andar alto, não é mesmo?

Bem… Veremos se vale mesmo a pena, pois seu primeiro caso é o da condicional de ninguém menos do que Emil Blonsky (Tim Roth), mais conhecido como o Abominável, o que leva a uma sucessão de boas sequências boas reafirmam que sim, o injustamente esquecido filme de 2008, realmente aconteceu e não é um sonho coletivo. Seja Jen falando como uma metralhadora enquanto a nós é revelado que Bruce está viajando pelo espaço na nave de Sakaar, o que espero que signifique que a escala da série será mantida assim desse jeito menor, deixando o Hulk original lidar com sei-lá-o-que esteja acontecendo no lixão espacial, seja o viajante diálogo dela com o próprio Blonsky em sua sofisticada prisão, seja na surpresa final que revela que ele fugira para lutar na China e aparecer em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. É tudo muito rápido, sem dúvida alguma, mas é tudo também muito agradável.

Até concordo que essas conexões explícitas todas com o Universo Cinematográfico Marvel são desnecessárias, mas a grande verdade é que, na categoria de “referências que não precisavam existir” essas daqui foram muito bem inseridas por Jessica Gao em seu roteiro e não parecem marretadas de qualquer jeito só para ocupar tempo de projeção ou para fazer o fã apontar o dedo para a tela com um sorriso bobo no rosto. No final das contas, teve que aparecer a Mulher-Hulk para mostrar ao mesmo fã que a lógica de “des”transformação do Hulk, de um selvagem destruidor a um professor esperto é exatamente a lógica que deveríamos esperar do personagem dentro da construção narrativa macro do UCM. Afinal, já há personagens demais que quebram tudo antes, para pensar depois…

Mas deixe-me falar um pouco sobre o CGI, já que os trailers dessa série – que eu não assisti – fez muita gente, ao que tudo indica, ficar de cabelo em pé. Bem, diria que, no primeiro episódio, mais homogeneamente cheio de computação gráfica, com Jen e seu primo isolados em algum lugar paradisíaco do México, tudo funcionou muito bem. No entanto, na medida em que Jen, como Mulher-Hulk, passa a conviver em um mundo realista, povoado por humanos normais, é natural que os problemas comecem a a aparecer. E não digo que são problemas exclusivos da série ou da Marvel Studios, pois não há nada mais difícil do que transpor o chamado “Vale da Estranheza”. Os grandes personagens em computação gráfica, podem conferir, não são exatamente humanos, mas sim humanoides. Quando são puramente humanos, se eles convivem somente com outros humanos igualmente em CGI o problema desaparece, mas, aqui, é a Mulher-Hulk em meio a humanos e é visível a presença do tal vale, mesmo que a captura de performance em si faça com que Maslany ainda seja Maslany por baixo da maquiagem digital, mesmo que sua relação com o que está ao redor seja… estranha… Apenas aponto isso, pois creio que essa questão não vá melhorar. Se alguma coisa, ela piorará, mas, como eu já disse diversas vezes, eu sou um cara que não liga muito para CGI perfeito, então não tenho maiores reclamações do que este alerta alongado aqui e que não pretendo repetir.

Finalmente, estamos no segundo episódio da série e confesso que não sei ainda muito bem qual é a direção que a série pretende tomar. Será ela uma sitcom de caso da semana? Uma história contínua única com Blomsky e Titânia como vilões principais ou talvez com ela descobrindo os podres da firma que a empregou? Algo diferente disso? Eu não teria nada contra a primeira opção, mas a segunda me parece mais provável. Veremos. O que importa é que Jen Walters parece que veio para ficar mesmo e isso é ótimo!

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis – 1X02: Superhuman Law (She-Hulk: Attorney at Law – EUA, 25 de agosto de 2022)
Criação: Jessica Gao
Direção: Kat Coiro
Roteiro: Jessica Gao
Elenco: Tatiana Maslany, Mark Ruffalo, Ginger Gonzaga, Josh Segarra, Mark Linn-Baker, Tess Malis Kincaid, Tim Roth, Steve Coulter
Duração: 30 min.

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