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Crítica | Morcegos – Colheita Humana

por Leonardo Campos
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Depois de aparecerem no divertido Morcegos, na virada do século, estes mamíferos voadores ganharam notoriedade no circuito do cinema de terror independente na década de 2000, com produções abaixo da média, voltadas exclusivamente para um caminho de entretenimento questionável. Sem críticas sociais, discurso científico ou qualquer outro debate que não seja a exposição de corpos ceifados por tal fúria da natureza, haja vista a mutação genética dos animais em questão, a aventura bélica com traços de terror intitulada Morcegos – Colheita Humana, saiu em 2007 como spin-off da produção de 1999 citada na abertura desta reflexão. O leitor deve se perguntar os motivos que me levaram a chamar o filme de “bélico”, algo aparentemente fora de propósito num filme do segmento horror ecológico, não é mesmo? Pois lhe explico em detalhes: aqui, os morcegos fazem a festa da carnificina, impondo toda a sua ira na humanidade que vez e outra, mexe em sua estrutura genética como meio de manipulação de possíveis projetos farmacêuticos ou armas de guerra. No entanto, não chegam aos pés da violência humana.

Com diálogos ruins e personagens rasos, sem alguma expressão para nos permitir a catarse, as figuras racionais em Morcegos – Colheita Humana matam umas as outras como se as armas de fogo fossem brinquedos. Tudo bem que eles estão dentro de uma zona de guerra, mas para um filme de morcegos assassinos, os seres humanos se apresentam muito mais como mortais que os sugadores de sangue conhecidos por transmitir diversas doenças. E para piorar, o sangue em CGI. Que coisa mais bizarra! Custava investir nalguns litros de groselha ou xarope? Parece que a cada morte, contemplamos uma vítima de um videogame de baixa qualidade. Sob a direção de Jamie Dixon, cineasta embasado pelo roteiro de Chris Denk e Brett Herryman para desenvolver a história, acompanhamos um grupo de soldados do exército estadunidense numa floresta nas imediações do extremo oriente, tendo que lidar com rebeldes locais e morcegos alterados geneticamente. A missão é capturar Fazul, um terrorista árabe que se esconde em uma caverna labiríntica.

Ninguém esperava o ataque da natureza, mas diante da surpresa, a missão dos soldados deixa de ser exclusivamente a captura do “fanático oriental” (discurso do filme, não tenho nada a ver com isso) e passa a ser uma luta pela salvação de suas vidas. É claro que alguns vão querer bancar o herói/heroína e salvar todo mundo, além de mostrar ao terrorista o poder do exército da América, postura que permite o desdobramento da ação, tediosa, por sinal, pois o filme tinha tudo para ser um entretenimento sem fagulha alguma de conteúdo relevante, mas ao menos, serviria para diversão, algo que não acontece, pois a direção, os efeitos e os personagens não atraem em nada. Não há um ponto que possamos dizer “que legal”. É, de maneira geral, um amontado de cenas fracas, com elenco mal trabalhado, morcegos bizarros e diálogos chatos. A Força Delta, capitaneada, dentre tantas pessoas, pela firmeza da inteligente Katya Zemanova (Pollyanna McIntosh), precisa lidar com tudo mencionado e com a estupidez dos comandados.

Uma das alternativas é conseguir um microfone de alta potência para a emissão de ruídos que atraiam os morcegos para o estabelecimento da guerra em seu ápice: colocá-los num tanque de combustível e finalizar a sanha assassina destes voadores sanguinários. Quem expõe toda a aventura em imagens acinzentadas é Ivo Peitchev, diretor de fotografia, acompanhado da textura percussiva de Louis Castle e James Bairian, dupla bem mediana no que tange aos elementos sonoros da produção que conta com o design de som de Eric Lalicata,  responsável por ensurdecer o espectador com os irritantes sons dos morcegos, mais eficientes, no entanto, que o investimento da equipe de efeitos visuais comandadas por P. J. Foley, de orçamento baixo e sem a possibilidade de entregar um filme  ao menos pomposo na composição de seus monstros. Alguns anos antes, Reféns da Noite, lançado em 2002, retratou mudanças genéticas em morcegos, sem vigor em qualquer setor da história, tal como Morcegos – Colheita Humana, ambos péssimos, lançados diretamente no mercado de home vídeo e esquecíveis enquanto entretenimento.

Morcegos — Colheita Humana (Bats– Human Harvest/Estados Unidos, 2008)
Direção: Jamie Dixon
Roteiro: Chris Denk, Brett Herryman
Elenco: Michael Jace, Pollyanna McIntosh, Marty Papazian, Melissa DeSous
Duração: 90 min.

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