Home QuadrinhosArco Crítica | Monstro do Pântano: E os Mansos Herdarão… (1983)

Crítica | Monstro do Pântano: E os Mansos Herdarão… (1983)

por Luiz Santiago
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Este bloco de histórias (edições #14 a 19 de Swamp Thing Vol.2) traz o encerramento da jornada de Martin Pasko à frente do Monstro do Pântano, abrindo uma série de possibilidades para o que viria ser a fase seguinte, guiada por Alan Moore e inicialmente mais integrada ao terror.

O arco na verdade divide-se em duas partes com tramas distintas. A primeira, composta pelas edições #14 e 15, conta a história de Nathaniel Broder, um gênio da eletrônica especializado em tecnologia de silício que, por acidente, acaba transformando seu corpo em uma massa de cristal vivo, também transformando em cristal tudo aquilo que toca. A trama é na verdade escrita pelo roteirista convidado Dan Mishkin, tendo também dois aristas convidados para ilustrar as edições, Bo Hampton (arte) e Scott Hampton (arte-final). No todo, não se trata de uma história ruim. A ideia se assemelha àquelas conhecidas aventuras de cientistas malucos que sofrem um acidente e acabam colocando para fora tudo o que de ruim havia neles, agora com o poder em mãos. Sempre o poder. O verdadeiro medidor do caráter humano.

O estranho é que nesta aventura há uma pausa na sequência dos eventos vistos em Prelúdio Para o Holocausto, apenas com o Pantanoso em cena e com Liz Tremayne, Dennis Barclay e Helmut Kripptman colocados temporariamente de lado. Não é uma continuação incoerente, mas acaba sendo estranha pela abrupta mudança de ares e temas. No desenvolvimento da história, o roteiro coloca do Vingador Fantasma como guia e por mais que o personagem seja interessante e tenha alguns bons momentos falando em enigmas e sugerindo ações para quem está perdido, sua participação parece deslocada aqui, funcionando de verdade somente no início e no final do arco.

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As coisas mudam de verdade a partir da edição #16, mas não necessariamente porque Pasko volta aos roteiros (é maldade, eu sei, mas não deixa de ser verdade). A grande alteração que temos aí é o estabelecimento da imbatível dupla Steve Bissette na arte e John Totleben na finalização. Eles já haviam trabalhado juntos no título, no arco anterior, mas não guiando uma aventura inteira como aqui. E é a justamente a dupla que dá uma alavancada na qualidade geral da obra e não à toa que tenham sido mantidos no título para a fase seguinte.

Nessa segunda história temos basicamente o retorno de Anton Arcane, o grande inimigo do Monstro do Pântano. No frigir dos ovos, Pasko faz aqui uma faxina na casa. Ele reúne os principais personagens em um único espaço, dá a possibilidade de expansão dos planos de Sunderland (algo que Moore saberia aproveitar com perfeição já no início de A Saga) e cria elementos de puro horror que reaproxima o protagonista de sua gênese, desde a House of Secrets #92, mesclando linhas românticas, o conflito entre o humano e o monstro + o clima macabro que estaria no centro das atenções dos primeiros arcos de Moore no título.

Em alguns momentos o roteiro corre para explicar certas relações entre personagens, insere um número grande de elipses e ainda nos traz a vergonhosa edição #18, que basicamente reimprime quase toda a Swamp Thing #10, rememorando o último encontro do Musguento com Arcane e os Un-Men. Mesmo assim, o arco termina de maneira coerente. Os personagens principais são colocados em seus caminhos, o Monstro está em busca de algo — uma busca que o levaria e encontrar muito mais do que ele jamais imaginara — e o cenário, ao mesmo que finaliza uma fase do personagem, dá os primeiros acenos para a fase seguinte.

Swamp Thing Vol.2 #14 a 19: The Man Who Would Not Die (EUA, junho a dezembro de 1983)
Roteiro: Dan Mishkin, Martin Pasko
Arte: Bo Hampton, Steve Bissette
Arte-final: Scott Hampton, John Totleben
Cores: Tatjana Wood
Letras: John Costanza, Ben Oda
Capas: Tom Yeates, Steve Bissette
Editoria: Len Wein
144 páginas

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