Com o final da guerra no volume anterior, O Voto explora as consequências do conflito e estabelece o rumo das próximas desventuras de Maika. Logo no começo da história, temos uma reunião em Pontus entre os generais e almirantes do Doutor discutindo a guerra entre a Federação e os Arcanics, assim como núcleos das bruxas e das cortes arcânicas ainda na primeira edição. A montagem dita o restante da condução narrativa do volume, mergulhando no enredo de intrigas políticas e históricas que citei em Warchild.
Está sendo interessante como o roteiro de Liu lida com esses desenvolvimentos mais intricados e burocráticos da série, um tanto diferente da aventura mais mística e violenta dos primeiros volumes. Por um lado, podemos ver um amadurecimento na obra, algo levado para a composição de Maika, mais metódica e esperta em suas manobras e movimentações, e também em seu relacionamento com Zinn, cada vez menos volátil e cada vez mais colaborativo. Confesso adorar como Liu foi aos poucos humanizando um monstro interdimensional ao ponto de notarmos ele como um dos poucos parceiros da protagonista. Aliás, nada parece forçado ou súbito nesse lado da história, com o laço entre os personagens florescendo de forma orgânica, com auxílio da sempre fofa Kippa.
Por outro lado, o roteiro de Liu ainda é meio confuso e emperrado por causa da imensa quantidade de personagens e núcleos a serem desenvolvidos. A autora dá mais repostas que perguntas no sexto volume, o que ajuda na progressão geral da história, mas o vai e volta entre as cumea, o bloco principal de Maika, a Federação, o Doutor, etc, não deixa a leitura respirar e nem o drama se aprofundar em determinadas tramas. A construção de mundo e a mitologia continuam fascinantes, e esse círculo de intrigas faz parte da essência da história aqui, mas é difícil tirar a sensação de inchaço do roteiro – o retorno precoce de Vihn e Yvette são exemplos desse problema.
Olhando de volta para o espectro positivo, O Voto finalmente mostra o reencontro entre Maika e Tuya que vem sendo preparado há eras. Temos romance e remorso nas páginas, no que é o relacionamento mais conturbado da protagonista para além do monstro que vive dentro dela, com a série dando ótimo foco e espaço para o desenrolar do encontro da personagens. A situação também é bem composta com dramas familiares, rendendo ótimas aparições da tia e a avó de Maika, ambas personagens completamente perturbadas.
A reta final do volume retorna com a ação, fechando algumas pontas soltas em torno de alianças e emboscadas, e abrindo novas possibilidades para outras batalhas na grande guerra política e bélica que apenas começou no volume passado. Que O Voto termine com um cliffhanger de traição é praticamente poético com a narrativa de intrigas palacianas e monárquicas que têm tomado conta da série. Vamos ver como Maika sai dessa situação e quais serão suas próximas jogadas.
Monstress – Vol. 6: O Voto (Monstress – Vol. 6: The Vow, EUA – 2020)
Contendo: Monstress #31 a 35
Roteiro: Marjorie Liu
Arte: Sana Takeda
Letras: Rus Wooton
Editora original: Image Comics
Páginas: 152
