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Crítica | Monarch: Legado de Monstros – 1X09: Axis Mundi

Terra Oca não. Orçamento oco.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série e das outras obras do MonsterVerse.

Alguns poucos episódios de Monarch provam que havia uma série razoavelmente boa por trás de um conceito que acabou sendo aprovado e colocado no ar de maneira equivocada, esticando uma narrativa simples ao longo de 10 episódios longos e, no final das contas, diluindo a força de tudo, algo que é amplificado pela desconcertante falta de monstros. Na crítica do episódio anterior, eu disse que ele era “pouco demais, tarde demais” e essa tendência continua aqui, com Axis Mundi, mesmo considerando as importantes revelações inseridas no roteiro escrito pelo quadrinista Matt Fraction, uma das mentes por trás da série.

Aliás, diria que, apesar de suas qualidades, Axis Mundi é particularmente frustrante. Afinal, temos que considerar que esse era um episódio para a produção esbanjar no CGI já que ele foca nas duas viagens de Lee Shaw – tanto o novo quanto o velho – para a Terra Oca, uma nos anos 60, com todos os preparativos possíveis, e outra em 2015, sem preparativo algum. Assim como em Birthright, o trabalho de direção, desta vez pelo costumeiramente competente Andy Goddard, é o destaque, especialmente na forma como passado e presente são trabalhados como duas partes móveis de uma mesma obra e não da maneira comum como os saltos temporais vinham sendo empregados na temporada. Há uma conversa íntima de tempo e espaço para cada ida e volta no tempo, construindo uma atmosfera de dúvida e tensão, ainda que não de surpresa, pois, se alguém tinha alguma dúvida, ao final, de que Keiko Miura apareceria como uma Robinson Crusoé do Monsterverse, está precisando ver mais filmes e séries.

O problema de Axis Mundi é a ginástica que a produção faz para não usar muito CGI. E vejam bem que, quem escreve aqui, é um cara que, de maneira cada vez mais contundente, vem detestando a dependência crescente e mais evidente de computação gráfica por produções audiovisuais, em uma espécie de competição para ver quem coloca mais pixels obviamente artificiais por centésimo de frame. Mas há limite para tudo, limite esse que funciona tanto para cima, como para baixo e Monarch é claramente uma série que teria se beneficiado demais de um pouco mais de investimento na seara computacional, talvez, por exemplo, eliminando completamente os três jovens personagens que estão ali somente para justificar o “legado” do título e trocando-os por bicharocos feios e destruidores. O que vemos, então, são raios elétricos digitais, sequências de poucos segundos que só causam confusão mental (e que emulam confusão mental também) e o estranhíssimo uso de frames congelados para economizar dólares. Mas o ponto alto da avareza digital é encomendar um javali gigante prático que não passaria nem pelo crivo de Russell Mulcahy, em Razorback, para ser a grande ameaça à Cate e para servir de palco à revelação de que Keiko estava viva esse tempo todo.

Com isso, no final das contas, minha reações a um episódio que tinha tudo para ser muito bacana, oscilaram de completa incredulidade a ataques de riso em todos os momentos errados possíveis, inclusive nas sequências em 1982 em que vemos um Lee Shaw confuso deparando-se com um Hiroshi já adulto, o que finalmente revela a questão de sua idade, com o tempo passando mais vagarosamente na Terra Oca. Axix Mundi parece aquele castelo de areia meio disforme que construímos na praia quando criança e que, por alguns segundos, é a coisa mais bacana do mundo, somente para ser levado nem bem um minuto depois pela onda do mar. É um desperdício de roteiro e de direção, como se Fraction e Goddard estivessem amarrados de tal forma ao que a produção está disposta a despender que eles precisam colocar na telinha algo ditado unicamente pelo que o dinheiro pode ou não comprar. E sim, eu sei que toda produção é assim, mas, aqui, é como se o episódio estivesse gritando por alguma liberdade, por menor que fosse, para tentar ser mais do que o tal castelo de areia e pudesse entregar algo minimamente mais perene.

Tomarei a liberdade de encerrar a presente crítica me autocitando com o que escrevi ao final da crítica de Birthright: “se esse mesmo episódio tivesse vindo antes na temporada e não fosse o oitavo capítulo de uma temporada que não deveria ter nem cinco, talvez o resultado final fosse muito melhor meramente pela qualidade técnica da direção e pela trinca de atores que vivem os personagens nos anos 50“. É exatamente isso, infelizmente. Mas o problema é que o que eu minimamente desejava, ou seja, uma viagem satisfatória até a Terra Oca sequer aconteceu, mesmo considerando que houve duas oportunidades paralelas para que algo realmente interessante fosse feito.

Monarch: Legado de Monstros – 1X09: Axis Mundi (Monarch: Legacy of Monsters – EUA, 05 de janeiro de 2024)
Criação e showrunner: Chris Black
Direção: Andy Goddard
Roteiro: Matt Fraction
Elenco: Anna Sawai, Kiersey Clemons, Ren Watabe, Mari Yamamoto, Anders Holm, Wyatt Russell, Kurt Russell, Joe Tippett, Elisa Lasowski, Mirelly Taylor, Jess Salgueiro, Matthew MacCaull
Duração: 44 min.

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