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Crítica | Monarch: Legado de Monstros – 1X03: Secrets and Lies

Kurt Russell salva o dia, claro.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série e das outras obras do MonsterVerse.

Como eu disse no começo de minha crítica de Departure, segundo episódio da primeira série live-action do MonsterVerse, Kurt Russell, com toda sua gostosa canastrice, é capaz de melhorar qualquer obra em que aparece. Secrets and Lies é a prova cabal disso, pois o Lee Shaw mais velho, já aposentado e vivendo em um idílico lar de idosos que, no fundo, é uma “prisão” da Monarch, faz da cansada história cheia de drama familiar bobalhão dos jovens em 2015 algo perfeitamente aceitável, pois o roteiro de Andrew Colville faz justamente o que deveria fazer, ou seja, abre espaço para o ator veterano fazer o que ele faz de melhor, que é agir como se as mais absurdas e improváveis sequências fossem não mais do que mais uma quarta-feira comum para ele.

Mesmo considerando o alto grau de incidência de momentos instrutivos em que o roteiro derrama diálogos expositivos que poderiam muito bem ser podados, o Old Man Shaw tem ótimos momentos que não só fazem pouco justamente de toda a lenga lenga filial entre Cate e Kentaro, como também focam na ação, sempre seguindo a estrutura do “Shaw sabe tudo, tem contatos em todo lugar e não precisa de ajuda de ninguém”, o que é ótimo, já que, com isso, May passa a ser a única jovem que se mostra útil é a única que realmente pode acrescentar algo à história – e que, claro, guarda seu próprio segredo -, com Kiersey Clemons dando um banho de interpretação naquela “modorrência” dramática de Anna Sawai e Ren Watabe.

Claro que é hilário como tudo é tão fácil nesse mundo em que o Velho Shaw vive, pois ele, sem passaporte e levando três jovens que acabou de conhecer a tiracolo, consegue não só fugir do complexo da Monarch, cuja mais proteção são os altamente tecnológicos “pitocos” que sobem antes do portão para impedir a saída desautorizada de veículos, como, sem qualquer passaporte, dinheiro ou outro objeto útil do mundo real, vai para a Coréia do Sul e, depois, o Alasca. Eu só fiquei com pena que tudo aconteceu muito rapidamente, sem deixar tempo para nos deliciarmos mais com as bobagens capitaneadas por Russell-pai até o grande momento em que a toupeira gigante com sopro congelante aparece do nada para infelizmente matar o simpático Du-Ho, do também veterano Bruce Baek (eu inverteria a lógica facilmente e mataria os três jovens para deixar Du-Ho vivo ao lado de MatusaShaw).

No passado, mais precisamente 1954 (a legenda explicando que são dois anos depois dos eventos nas Filipinas chega a ser o cúmulo do didatismo imbecilizante), a coisa continua bem. O Jovem Shaw consegue atrair a atenção das Forças Armadas dos EUA para o molde gigante de pegada reptiliana que ele, Keiko e Bill conseguiram fazer antes de as monções destruírem tudo e o que vemos, a partir daí, são os bastidores da sequência da bomba atômica no atol de Biquíni que foi mostrada em Godzilla, de 2014. O clichê da demonização do exército americano funciona direitinho aqui, especialmente em razão de Christopher Heyerdahl (primo em segundo grau do lendário Thor Heyerdahl, se alguém tiver alguma dúvida) como o ambicioso e completamente babaca General Puckett, que só falta esfregar as mãos e soltar uma risada maligna de felicidade quando ele detona a bomba nas fuças do lagartão que aparece por algo como 10 segundos.

Infelizmente, porém, não sobrou muito espaço para a dinâmica entre Young Man Shaw, Keiko e Bill que, muito provavelmente, levará a um triângulo amoroso que desembocará na separação deles após a morte de Keiko e que provavelmente terá conexão com os meios-irmãos em 2015. Sim, estou reclamando da falta de “romance” no passado da série, mas convenhamos que, se o lado novela da Globo é inevitável, que ele pelo menos não seja o de Cate e Kentaro fazendo beicinho um para o outro em razão das estripulias de seu pai.

Agora que Secrets and Lies, ou melhor, Kurt Russell, conseguiu tornar interessante a linha narrativa do presente, a série tem tudo para tornar-se mais equilibrada e agradável, mesmo que a presença de monstros em tela seja compreensivelmente diminuta (já imagino o quão rapidamente a toupeirona sairá de cena…) e que o mistério sobre o desaparecimento de Hiroshi ainda não tenha conseguido me engajar. Isso se não resolverem matar prematuramente o personagem de Russel-pai, claro, caso em que começarei a fazer campanha para Cate e Kentaro serem jogados no Poço de Sarlacc…

Monarch: Legado de Monstros – 1×03: Secrets and Lies (Monarch: Legacy of Monsters – EUA, 22 de novembro de 2023)
Criação e showrunner: Chris Black
Direção: Julian Holmes
Roteiro: Andrew Colville
Elenco: Anna Sawai, Kiersey Clemons, Ren Watabe, Mari Yamamoto, Anders Holm, Wyatt Russell, Kurt Russell, Joe Tippett, Elisa Lasowski, Bruce Baek, Christopher Heyerdahl
Duração: 42 min.

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