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Crítica | Moby Dick – Edição Maravilhosa (1967)

Uma eficiente tradução visual para o clássico romance de Herman Melville.

por Leonardo Campos
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Desde a sua publicação em 1851, o romance Moby Dick já rendeu uma numerosa quantidade de traduções para outros suportes: cinema, televisão, teatro, música, histórias em quadrinhos, dentre outros. Como parte integrante do projeto da EBAL, o clássico de Herman Melville foi um dos escolhidos para contemplar o painel de versões imagéticas de grandes tramas da história da “literatura universal”. De todas as adaptações analisadas por aqui, esta edição possui uma trajetória peculiar e que merece ser contada, mas antes, trafegarei pela análise do material, radiografando brevemente esta história antes do desfecho do texto, combinado? A história, como sabemos, versa sobre a obsessão do Capitão Ahab em busca da grandiosa baleia cachalote Moby Dick, um cetáceo que no passado, arrancou a sua perna e lhe causou transtornos psicológicos, evento que o leva a capitanear outra caçada, revelando aos tripulantes do Pequod as suas intenções apenas em alto-mar. Tudo termina, como era de se esperar, em tragédia.

Peculiaridades filosóficas e reflexões mais profundas geralmente não estão presentes em histórias em quadrinhos voltadas ao público infanto-juvenil. E isso não é diferente com esta tradução do romance clássico para o que a EBAL chamou de Maravilhas da Edição Maravilhosa. Logo na capa, temos um enfurecido Capitão Ahab munido de um arpão, com a suntuosa baleia no plano de fundo, à espera do embate que termina com a sobrevivência apenas de Ismael, o narrador que fica para contar a história. Nesta viagem onde todos achavam que voltariam repletos de dinheiro para mudar as suas vidas, haja vista o potencial da economia baleeira da época, somente o jovem rapaz, inexperiente em expedições marítimas, consegue garantir a salvação.

Com uma breve biografia do escritor Herman Melville na página anterior ao início da quadrinização, datada de julho de 1967, Moby Dick começa a sua abordagem com Ismael se apresentando, num grande plano que contempla a rua, o porto de fundo e algumas embarcações, numa excelente exposição de cenário. Nas páginas seguintes, de maneira concisa, acompanhamos a sua hospedagem no local onde conhece Queequeg, bem como a apresentação do homem não civilizado para os marinheiros que chefiavam a viagem gerenciada por Ahab. Ao demonstrar o seu potencial de caçador, ele consegue garantir o seu lugar na empreitada, além da ida de Ismael. É uma saga que mudará para sempre a vida do jovem rapaz.

Não demora, como é comum aos quadrinhos inspirados no romance, a conhecermos o imponente e misterioso Capitão Ahab, homem que desperta curiosidade e algum medo nos demais tripulantes do Pequod. Ao longo das cinquenta páginas, navegamos pelas demais caçadas, o encontro com as primeiras baleias aniquiladas pelos marinheiros, a extração do cobiçado óleo de cachalote, seguido do mistério em torno de Moby Dick, baleia que demora para aparecer e causar o turbilhão de emoções que culminará no naufrágio da embarcação e a viagem eterna do Capitão Ahab para as zonas mais abissais do oceano. Numa mixagem de grandes planos, em especial, para as aparições de animais marinhos e paisagens que contempla a linha do horizonte e o distanciamento do continente, esta quadrinização se apresenta como eficiente.

É um trabalho bonito, bem conduzido, com boas escolhas narrativas e resumo que preconiza a ação e a aventura, deixando de lado questões mais filosóficas, opção que talvez diminuísse o impacto da publicação no que tange ao processo de busca por entretenimento. Parte integrante da coleção desenvolvida pela EBAL no Brasil, Moby Dick, tal como a Bíblia Sagrada, O Morro dos Ventos Uivantes, dentre tantas outras versões em imagem, apresenta para os leitores o projeto insistente do jornalista Adolfo Aizen por massificar em nosso território a cultura em questão, já estabelecida nos Estados Unidos, mas ainda engatinhando por aqui em meados do século passado. Indo de encontro aos críticos que consideravam tal atitude um reforço da globalização cultural estadunidense, ele batalhou bastante para tornar possível um esquema que, além de potencialmente financeiro, também era, em suas ideias, grande incentivador da leitura.

Moby Dick (Julho de 1967)
Roteiro: Adolfo Aizen
Tradução: Adolfo Aizen
Arte: EBAL
Editora: EBAL
Páginas: 50

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