Número de Temporadas: 07
Número de episódios: 171
Período de exibição: 17 de setembro de 1966 até 30 de março de 1973
Há reboot?: Não necessariamente um reboot, mas o seriado foi adaptado para o cinema com a cinessérie homônima, que tem 07 longas-metragens, além de ter ganhado um revival em 1988 de duas temporadas.
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Antes dos eventos megalomaníacos de Tom Cruise, a franquia Missão Impossível começou seus passos com um famoso seriado de televisão nos anos 60, criado por Bruce Geller. Logo no piloto, somos jogados de cabeça na façanha inexecutável, sem muitos rodeios no roteiro objetivo de Geller, com o episódio abrindo com Dan Briggs (Steven Hill), agente da IMF (Impossible Missions Force), recebendo a missão por meio de uma mensagem gravada. Em poucas cenas, o personagem reúne sua equipe de espiões e explica o plano: invadir o hotel/quartel-general de um ditador chamado Rio Dominguez para recuperar duas ogivas nucleares.
Já no início da série, encontramos vários elementos que se tornaram parte da iconografia da franquia, com destaque para a fantástica música tema que encapsula a essência de furtividade e tensão das missões impossíveis. Ao longo do episódio, temos também a mensagem gravada que se autodestrói; a conhecida frase “sua missão, caso decida aceitá-la“; a cena do dossiê; os disfarces absurdos com máscaras; e afins. É importante citar esses elementos, porque todos foram criados (ou pelo menos usados de outras inspirações) aqui e estão presentes já no piloto, demonstrando a criatividade e o cuidado de Geller e da produção com a criação de uma identidade para o seriado.
Não se enganem, os personagens são telas brancas sem características distintas para além de suas respectivas habilidades e a agência não passa de um nome e um pretexto, mas isso é proposital. A identidade a que me refiro é sobre a ambientação e a linguagem da produção, que está desinteressada em desenvolvimento de personagens, para focar no que dá título à série: a missão. Isso é tudo que importa, então os elementos que citei no parágrafo anterior dão uma personalidade e diria até elegância ao episódio, que se mostra criativo mesmo em sua história simples e direta.
Interessante, então, que mesmo se tratando de uma série sobre espionagem, a narrativa que assistimos é tipicamente de uma obra de heist (assalto), algo que ainda permeia a cinessérie, mesmo com a abordagem crescente de ação nos últimos anos. Em síntese, os personagens precisam entrar no hotel fortificado, passar pelos seguranças, adentrarem um cofre e encontrarem uma fuga depois de tudo isso com duas ogivas nucleares. A diversão está justamente no desenrolar do roubo, com cada membro da equipe desempenhando um papel específico.
O diretor Bernard L. Kowalski captura a essência de tudo isso, com um trabalho de câmera focado na tensão das cenas de roubo/infiltração, muitas das vezes com shots próximos do rostos dos agentes quando estão trabalhando contra o tempo em situações impossíveis. No desenrolar da missão, o roteiro de Geller continua engenhoso na criação de obstáculos, gadgets e momentos elaborados do assalto. A missão vai ficando cada vez mais impossível à medida que novos problemas aparecem, capturando com facilidade a atenção do espectador com a trilha sonora proeminentemente furtiva, execuções rápidas e exageros divertidos. As cenas das máscaras, em particular, são um destaque bem-humorado, com ótima performance de Martin Landau interpretando diferentes personagens por detrás dos disfarces.
Se a franquia Missão Impossível é um sucesso até hoje, muito é devido à concepção original de Geller, com a maioria de suas ideias sendo utilizadas nos filmes atuais, com exceção, claro, das acrobacias e cenas de ação que foram incorporadas aos longas-metragens. Até gostaria que os filmes retornassem a esta base “simples” da série e do piloto, com foco no suspense de um heist elegantemente bem elaborado em seus exageros.
Missão Impossível (Mission: Impossible) – 1X01: Piloto – EUA, 17 de setembro de 1966
Direção: Bernard L. Kowalski
Roteiro: Bruce Geller
Elenco: Steven Hill, Barbara Bain, Greg Morris, Peter Lupus, Martin Landau, Wally Cox
Duração: 50 min.
