Depois de uma temporada de estreia extremamente simpática, Minhas Aventuras com o Superman retorna com um tom mais ambicioso, explorando o espaço, destruições de planetas e mais conflitos intergalácticos. É uma evolução natural, acredito, até porque o primeiro ano fez diversas insinuações de que a nova temporada se aventuraria com o passado de Clark, os eventos de Krypton, a introdução de Kara, vulgo Supergirl (Kiana Madeira), e a participação efetiva de Brainiac (Michael Emerson) como antagonista principal. Inclusive, logo no início da temporada temos muita exposição com Jor-El, sendo que a partir do “encontro” entre Clark e seu pai biológico, a trama vai gradualmente desenrolando mais e mais mistérios.
Mesmo entendendo a progressão narrativa, não acho que a abordagem serviu muito bem ao tom da animação de trabalhar momentos ordinários e dinâmicas juvenis entre Clark, Lane e Olsen. Muitos desses momentos que, na minha opinião, são o destaque da série, ficaram mais comprimidos e ganharam menos holofotes frente a uma história com um número maior de antagonistas, coadjuvantes e grandes batalhas. Senti falta das caçadas jornalísticas do trio e do humor de escritório em suas dinâmicas como estagiários.
Ainda assim, porém, os roteiristas não deixam a abordagem totalmente de lado, com diversos momentos fofos e românticos cheios de simpatia tendo espaço entre as pancadarias. Particularmente, gostei bastante do segmento de talk-show com Clark e também da maneira suave que introduziram Kara dentro das interações do grupo como um interesse romântico de Olsen, bem como num papel de conflito com Lane. O ato final da temporada coloca o relacionamento dos quatro personagens em foco, naquela mesma ideia do poder do amor e da amizade salvando o dia, o que é ao mesmo tempo juvenil e charmoso de acompanhar.
No entanto, é notável também um certo amadurecimento dramático da temporada. Temas como pertencimento e autoaceitação permeiam os obstáculos do elenco principal, em especial Clark, que passa grande porção do segundo ano tentando se encaixar e não se sentir diferente. A abordagem não é profunda, obviamente, mas é bem desenvolvida dentro do tom adolescente da produção. Dentre os arcos dramáticos da temporada, o principal destaque para mim acaba não sendo o azulão, com a dinâmica complicada entre Lois e seu pai ganhando algumas das melhores cenas e diálogos da série até aqui.
Sobre o conflito principal, percebo alguns dos mesmos problemas da temporada de estreia, com vilões genéricos, seja em termos de construção, seja em termos de caracterização. Brainiac, por exemplo, é basicamente uma I.A. malvada que serve para mover a trama. Gostei um pouco mais da participação da Amanda Waller, porém, servindo como uma vilã carismática e com interações interessantes com o trio principal e com o General. Luthor também promete. No mais, a ação inspirada em anime continua divertida com seus exageros coloridos e músicas emocionantes.
O segundo ano de Minhas Aventuras com o Superman continua simpaticíssimo, mostrando o lado gentil do Superman ao mesmo passo que desenvolve uma versão juvenil/infantil do personagem com muitos dos elementos principais da mitologia do personagem. Infelizmente, porém, o escopo maior da temporada acabou pesando negativamente para mim, com um tom menos focado no que penso ser o grande destaque da temporada. De qualquer forma, o saldo se mantém positivo e carismático. Que venham novas aventuras desse grupinho!
Minhas Aventuras com o Superman (My Adventures with Superman) – 2ª Temporada | EUA, 2024
Criação: Jake Wyatt, Brendan Clougher, Josie Campbell
Direção: Diana Huh, Kiki Manrique, Jen Bennett
Roteiro: M. Willis, Angela Entzminger, Cynthia Furey, Sari Cooper, Josie Campbell, Paul Chang, Jake Wyatt, Brendan Clogher
Elenco: Jack Quaid, Alice Lee, Ishmel Sahid, Darrell Brown, Andromeda Dunker, Joel de la Fuente, Kiana Madeira, Jason Marnocha, Max Mittelman, Chris Parnell, Reid Scott, Michael Emerson, Debra Wilson, Kari Wahlgren
Duração: Aprox. 22 min. cada episódio