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Crítica | Meu Malvado Favorito 4

A paródia de Os Incríveis da Illumination.

por Davi Lima
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Meu Malvado Favorito

Duas semanas após a estreia de Divertida Mente 2, o filme salva-vidas da joia criativa da Disney, Meu Malvado Favorito 4 chega aos cinemas com uma história de toques paródicos de Os Incríveis da Pixar. A Illumination, sem a mesma grife tecnológica da antiga empresa de Steve Jobs, expande o “Gruniverso” com lucro quase garantido – se comparado aos 200 milhões gastos pela sequência de Divertida Mente – ainda mais aproveitando o feriado do 4 de julho americano. Enquanto a Pixar sobrevive pela expectativa da aventura da Riley lançada quase dez anos depois, a produtora de animação dos Minions se firma na qualidade de emular a história dos super-heróis e agências de espionagens para tornar Gru cada vez mais próximo do ícone do Senhor Incrível. 

Chris Renaud, que volta a dirigir Meu Malvado Favorito após se aventurar por Pets e ter deixado a direção do terceiro filme, tem Mike White no roteiro para dar uma clima debochado e inspirador ao roteiro do recorrente Ken Daurio na franquia. É necessário conhecer esses diretores e roteiristas, tendo em vista que é assim que a Pixar é tratada. Mesmo que a Illumination seja caça níquel no seu modus operandis de produção visual e criativa, após Mário e Patos – mais precisamente a partir de Sing – existe uma produtora além dos Minions, além do estímulo fácil das crianças onde ela é criticada – inclusive por mim.

Nesse quarto filme de Gru, diferente dos anteriores, não há uma ameaça contra o mundo como distração para a história. Toda a trama é pessoal com o ex-vilão e sobre disfarces. A narrativa conta sobre uma missão do protagonista pela Liga Anti-Vilões (AVL), que no final dá errado, pois o vilão escapa da prisão após ser capturado por Gru. Toda a motivação do antagonista francês Maxime envolve o passado com Gru na escola de vilões. Por causa disso, ele e sua família precisam ser protegidos, mudando de cidade e identidade – tudo planejado pela AVL. E aqui começa a história e as subtramas sobre identidade e família, à la Os Incríveis, mas de forma mais infantil.

Com toques de White Lotus, Mike White escreve como Gru e sua família precisam se adaptar ao contexto rico e soberbo da cidade onde moram. São várias subtramas para cada personagem da família, e todas com gêneros de cinema diferentes. São como esquetes debochados sobre os ricos. Paralelamente, existem outras duas tramas: a jovem vizinha rica que quer tornar vilã e o Quarteto Fantástico dos Minions. Ou seja: a boa articulação da obra é expor um conflito de gerações sobre o sucesso de um vilão (um status de qualquer vigilante nesse universo, assim como os heróis das HQs e da Pixar) somado à aventura de descobrir heroísmo como identidade na família. 

A diversão e os estímulos comerciais são envoltos de um clima mais dramático. Não parece mais uma perseguição a um vilão que desemboca num clima familiar. Há o inverso, assim como as aventuras da Pixar surgem. O tema de espionagem, que muito aparece nas histórias de heróis, é trazido para a comédia perambulante dos Minions, fazendo que o escopo da história nunca alcance proporções grandes – diminuindo aquela sensação clássica que todos nós sentimos que a comédia e a infantilidade da Illumination enfraquece histórias por falta de consequência. Se você diminui o tamanho de tudo, as consequências podem ser menores, logo mais coerentes.

Por isso que parece uma paródia de Os Incríveis. Não só pela história, que até remonta o final do bebê da família ser o alvo vingativo do vilão, mas também pelo escopo. Existe até mesmo uma brincadeira com isso, quando o Maxime ironiza Gru ter roubado a Lua no primeiro filme, sendo que ela continua lá. O ir além dos estímulos é propor uma história de verdade, disposta a ser controlada para um drama familiar de identidade, que inclui a própria maneira cômica vilanesca do universo do filme. Se em os Incríveis há a humildade do Senhor Incrível entender seu momento de pai/esposo, antes de ser super-herói para seu antigo fã e novo vilão Síndrome, Gru aprende que de fato caçou do seu inimigo na adolescência e ele não se arrepende, apenas conquistar seu filho por ter liberdade de expressar seus sentimentos – mesmo que sejam raivosos.

Enfim, a qualidade é redirecionar a mesma narrativa da Pixar a seu favor, incluir no mundo de esquetes dos Minions – e flutuar no universo de heróis e se capacitar para o drama mais convincente. Se antes era tudo sobre conquistar o mundo entre os vilões nessa franquia, o que pode ser só humor agora mais evidência paródica. Quando eles cantam “Everybody Wants To Rule The World”, a década de 80 – traços da quadrilogia – encerra, finalmente, o foco da paródia, característico do cinema dessa época. Traduzir um roteiro Pixar nesses formatos é muito divertido.

Meu Malvado Favorito 4 (Despicable Me 4) – EUA, 2018
Direção: Chris Renaud, Patrick Delage
Roteiro: Mike White, Ken Daurio
Elenco: Steve Carell, Pierre Coffin, Will Ferrell, Sofía Vergara, Chris Renaud, Dana Gaier, Madison Skyy Polan, Miranda Cosgrove, Kristen Wiig, Steve Coogan
Duração: 95 min.

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