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Crítica | “Meteora” – Linkin Park

Poucas vezes “o mais do mesmo” foi tão bom.

por Iann Jeliel
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Se Meteora fosse um filme, definitivamente ele seria uma “continuação” direta de Hybrid Theory. O segundo álbum de estúdio de Linkin Park segue à risca a estruturação que encantou o mundo ao fundir nu-metal, rock alternativo com toques de rap, hip-hop e eletrônica. Não dá nem para dizer que houve um amadurecimento artístico de um disco para o outro, apenas novas variações que conseguem apresentar canções tão memoráveis quanto as doze faixas do projeto anterior. Até por isso, também não dá para rotulá-lo negativamente como um mero repeteco construído somente para atingir o mesmo apelo popular.

A proposta do som da dupla Mike Shinoda e Chester Bennington nunca negou que o objetivo da combinação de estilos era chamar a atenção para diferentes públicos e tribos musicais, ou seja, já tinha naturalmente esse apelo mainstream que ficou ainda mais forte quando a banda formou de seu público com o sucesso de origem. Nesse sentido, Meteora entrega exatamente aquilo que criou sua legião de admiradores com padrão qualitativo equivalente, fora um agravante de organização mais detalhada. Uma das maiores diferenças deste para Hybrid Theory está na montagem da ordem de faixas. Há um arranjo mais sofisticado, planejando as trocas de músicas conscientemente pelos tons adotados, de modo a estabelecer aquela crescente objetiva e urgente, mas com respiros confortáveis ao público. Pensando nisso, há outra dissociação notável quando pegamos faixas específicas e vemos que elas trabalham um estilo ou dois em conjunto, para tornar a sequência mais maleável ritmicamente.

Faixas como Lying from You e Hit the Floor destacam o combo de um rap intenso, devidamente intensificado pelo screaming pesado de Chester, num metal até mais clássico (até por isso uma vem após a outra). Faint e Figure.09 (duas das minhas favoritas) seguem uma linha parecida no rap como construtor da dialética do refrão, a diferença é que o peso da intensidade sonora é conduzido por efeitos eletrônicos que cumprem caprichosamente o segundo plano. O mesmo pode ser dito para Breaking the Habit e Nobody’s Listening, mas nelas, a parcela de rap já não está mais na elaboração do refrão, mas sim no verso tornando o peso mais leve, melódico, sem, contudo, ser emocionalmente suplicante como Easier to Run e From the Inside, que já puxam um lado mais baladeiro com forte apelo pungente em que a intensificação da lírica se volta ao peso mais característico do nu-metal.

Percebam como esses duetos (reitero, todos hits maravilhosos) de mistura tornam a sequência mais uniforme do que o anterior que pega um conjunto de misturas que iam se trocando e ganhando harmonia pela iconicidade individual. Há exceções aqui também para esses ícones individuais, tanto que são as músicas que abrem e fecham o cd. Desconsidero Foreword como uma música de 13 segundos isolada, porque ela é uma extensão do início de Don’t Stay que verdadeiramente abre a playlist com o pé direito. A canção é bem semelhante a Papercut, com uma abertura de toque eletrônico rasgado que dá aval aos riffs densos das guitarras distorcidos pelos teclados, formando um rapcore onde a lírica alterna primorosamente entre a agressividade e o afinado. Um título intenso que precisava ter na sequência um contraponto mais contemplativo, exatamente entregue por Somewhere I Belong. É minha segunda favorita do disco por mesclar perfeitamente efeitos eletrônicos num rap melódico em contraste com o nu-metal intenso no inesquecível refrão conduzido pela performance catártica de Chester.

A música só não é a melhor do álbum, porque existe Numb finalizando-o com chave de ouro. Construída para ser um novo In The End e que não só consegue, como para muitos é até melhor que seu maior hino. Quer dizer, Numb definitivamente é a única que rivaliza esse posto com a outra ao ter praticamente o mesmo impacto no imaginário popular. Comparativamente falando, ainda acho In The End um pouco melhor pela pausa dada na ponte antes da última alçada do refrão, que dá um caráter mais épico, enquanto Numb é basicamente uma crescente ininterrupta, uma pancada do início ao fim, instrumentalmente e liricamente. De todo modo, são duas canções que entraram para a história e que perfuram almas desoladas em qualquer tempo.

Minha única condolência vai para a faixa Session, que assim como Cure for the Itch, é a penúltima faixa sendo puramente instrumental. Apesar de nomeada para um Grammy de Melhor Performance Rock Instrumental em 2003, o uso demasiado de scratchs do DJ, particularmente, me incomoda demais a ponto de mal conseguir escutá-la inteira. Contudo, não é incômodo suficiente para tirar uma vírgula da qualidade do álbum. Mesmo sendo um disco irmão do primeiro, Meteora mostra a capacidade extraordinária de criatividade de Linkin Park ao fazer uma página semelhante ser tão icônica quanto a original. 

Aumenta!: Somewhere I Belong, Faint, Numb
Diminui!:
Session
Minha Canção Favorita do álbum!:
Numb

Meteora
Artista: Linkin Park
País: EUA
Lançamento: 25 de março de 2003
Gravadora: Warner Bros., Machine Shop
Estilo: Rock, Rap, Eletrônico, Nu metal, Rap Metal, Rap Rock, Rock Alternativo, Metal Alternativo

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