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Crítica | Meninas Malvadas (2024)

O musical de um clássico.

por Felipe Oliveira
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Embora não pareça, a categórica adaptação de Tina Fey da obra de Rosalind Wiseman, Meninas Malvadas, é um dos filmes clássicos lançados em 2004 e que está completando 20 anos este ano. Afinal, mesmo atravessando duas décadas, o longa permanece intocável na memória da cultura pop que não cansa de relembrar falas e principalmente, que às quartas é dia de usar rosa. Para ter sobrevivido há tanto tempo, Fey apresentou um texto consistente e que pode muito bem ser revisitado, passando pela nostalgia e se mantendo atual. Enquanto que os besteiróis americanos de cunho erótico explodiam com os estereótipos masculinos da época, a atriz e comediante trazia um coming of age que se tornaria um clássico sobre dilemas femininos no ensino médio.

Ao tempo que a fita estrelada por Lindsay Lohan ia na contramão das produções da época, com tudo para ser controverso – tal como um filme de John Hughes -, o texto de Fey tinha como ponto forte a ironia e deboche para discutir status de popularidade, amizades, intrigas e rivalidade entre garotas, desconstruindo esses estereótipos de um ponto de vista humano. Mesmo sendo atemporal, com o sucesso do musical da Broadway em 2018 (inspirado no filme de Mark Waters), não demorou para que fosse considerada uma nova adaptação, agora, baseada na peça.  A geração de hoje chamaria toda a moral da história de falar sobre bullying, autoaceitação e tolerância de mimimi, mas claro, Fey sabe muito bem jogar com o público atual e direcionar a mensagem para as novas mídias e hábitos de consumo: TikTok, câmeras de celular e cultura de cancelamento. E o melhor disso está em reciclar o próprio roteiro – adicionando cenas excluídas – e aplicar uma abordagem diferente.

Nesse sentido, é o mesmo filme de 2004 encabeçado por novos talentos e adaptado para um formato musical – e uma dose maior de autoconsciência. Porém, isso se torna uma linha tênue para o longa, agora comandado por Arturo Perez Jr. e Samantha Jayne que, enquanto almeja criar sua personalidade, perde pontos ao repetir as mesmas linhas de diálogos e piadas – ainda que adicione novas – dos personagens. E fica claro que o elenco está pronto para ser visto como os novos rostos, enquanto a recorrência do texto traz estranheza; e quando isso deixa de ser um incômodo, à medida que os números musicais adicionam uma camada extra à cenas conhecidas da história, reimaginando-as – a começar pela entrada de Reneé Rapp como Regina George cantando Meet the Plastics – estão bem utilizadas para o desenvolvimento da história e timing cômico.

E ainda que Fey tenha reaproveitado o seu roteiro, parece ter suavizado bastante a acidez e ironia que nutriam o texto original – o que era brilhantemente visto na performance cínica de Rachel McAdams e Lohan – contudo, há o que se divertir pela maneira que o elenco se compromete em fazer jus aos personagens ao tempo que as músicas oferecem tributo à história. Se a Regina George de McAdams era dissimulada, Rapp traz um olhar um olhar letal, sexy e impiedoso para a abelha rainha da escola; enquanto Angourie Rice brilha com sua Cady inocente e maldosa, são Auli’i Cravalho e Jaquel Spivey que roubam a cena ao interpretarem Janis e Damian de maneira contagiante. Completando o “quarteto das poderosas”, Avantika e Bebe Wood merecem atenção por terem a chance de dar novas nuances às plastics.

Ter a acidez, era o elemento chave que fez Mean Girls funcionar tão bem e poder celebrar todo ano seu status de atemporalidade, e seria interessante ver um pouco dessa característica nesse musical que estimula um clímax mais didático e caricato – talvez para atender a geração nutella – enquanto quer ter a autoconsciência de que está reimaginando um clássico, mas mantendo por perto os ingredientes com um remake soft. Claramente, o musical não veio para ser um novo clássico por sua reciclabilidade, mas também, é uma aposta inofensiva e divertida, se comparado a sequência fashion Meninas Malvadas de 2011.

Meninas Malvadas (Mean Girls – EUA, 2024)
Direção: Arturo Perez Jr, Samantha Jayne
Roteiro: Tina Fey
Elenco: Angourie Rice, Reneé Rapp, Auli’i Cravalho, Jaquel Spivey, Avantika, Bebe Wood, Christopher Briney, Jenna Fischer, Busy Phillips, Tina Fey, Tim Meadows, Ashley Park, Jon Hamm, Ashley Park, Mahim Alan, Megan Thee Stallion, Lindsay Lohan
Duração: 112 min.

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