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Crítica | Megatubarão 2

Jonas, personagem de Jason Statham, está de volta para aniquilar (ou ser aniquilado) pelo gigantesco tubarão pré-histórico.

por Leonardo Campos
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Precisamos levar em consideração que não há muita coisa além de cenas de ação frenéticas e absurdas em Megatubarão 2, horror ecológico que evoca a criatura marinha mais abordada no subgênero cinematográfico. Diálogos rasos e humorados, mesclados com uma crítica social ao processo de degradação ambiental provocado pelo capitalismo em constante ascensão, personagens planos trabalhados de maneira a parecerem esféricos, numa narrativa esfuziante ideal para agradar ao público que vai ao cinema em busca de entretenimento ligeiro. Assim é esta continuação do sucesso de bilheteria de 2018, produção que retoma boa parte das figuras ficcionais do ponto de partida para mais uma empreitada de aventura. Desta vez, não há apenas um tubarão pré-histórico para desafiar o protagonista interpretado por Jason Statham, mas outros acompanhantes selvagens, inclusive, um polvo gigante, numa trama que flerta com o imaginário de maneira abrangente, em especial, com as peculiaridades de Jules Verne, autor do clássico Vinte Mil Léguas Submarinas, sem sombra de dúvidas, uma referência por aqui.

Baseado no universo literário de Steven Alten, o texto de Megatubarão 2 foi escrito por John Hoeber, Erich Hoeber e Dean Georgaris, tendo o cineasta Ben Wheatly como responsável pela direção. A regra da vez foi turbinar a dinâmica entre os personagens, pois no primeiro filme, apesar de algumas cenas visualmente intensas, o desenvolvimento da trama caiu num determinado marasmo, algo inaceitável para uma produção deste segmento. Agora, a velocidade e a fúria já se estabelecem no começo. Antes dos créditos, temos uma apresentação de uma praia em nosso planeta pré-histórico, com um exemplar do T-Rex “deixando” o seu nome num momento de caça. Já apresentada pelo material de divulgação, a cena curta pretende reforçar que mesmo com toda tirania do dinossauro, quem mandava na região era os megalodontes, espécie que faz o tubarão-branco de Spielberg parecer uma sardinha inofensiva.

Diante deste primeiro ataque, sabemos pela magnitude do monstro que há momentos de bastante ferocidade nos próximos minutos de aventura. Com os efeitos visuais administrados por uma equipe gigantesca, acompanhamos cenas mais longas com as feras marinhas aos nossos olhos, num excelente trabalho também na direção de fotografia, assinada por Harry Zambarloukos, e no design de produção, assumido por Chris Lowe, setores que colaboram com muita criatividade na concepção da tensão e da agilidade narrativa. Não há problemas de ordem estética em Megatubarão 2, sendo os seus diálogos, desempenhos dramáticos e divisão de atos os erros fatais que transformam essa ambiciosa jornada de horror e aventura num filme mais banal do que ele parece ser. Harry Gregson-Williams, mais uma vez, comanda a textura percussiva eficiente, responsável por dar o tom ao que acompanhamos visualmente.

Em linhas gerais, esta continuação nos apresenta os personagens sobreviventes do antecessor em suas atuações. Jonas, nome inspirado na icônica figura bíblica, continua o mesmo aventureiro de sempre. Adora situações de perigo e trabalha em prol do cuidado ao meio ambiente, mesmo que tais ações o coloquem em risco de vida. O filme abre com uma de suas grandiosas missões, seguindo para o próximo passo, delineando um projeto científico que demonstra a presença de um megalodonte em cativeiro, para pesquisas. Numa das empreitadas da corporação, o protagonista e sua equipe adentram a zona abaixo da linha abissal que separa as criaturas pré-históricas da vida marinha habitualmente reconhecida. O que seria uma nova jornada de pesquisa acaba se estabelecendo como a deflagração de subtramas de corrupção e traição, culminando na fuga de alguns megalodontes para a superfície.

O novo projeto: salvar todos aqueles que estão no caminho destas criaturas monstruosas, agora também acompanhadas de um polvo de proporções absurdas, também afugentado das profundidades. Gritos, destruição, alguns corpos ceifados, outras espécies pré-históricas e um amontado de parafernálias e situações exageradamente cômicas dominam o terceiro e último ato. Em seu desfecho, confesso que me senti decepcionado. Apesar de não esperar muita coisa no desenvolvimento da trama desta sequência, tampouco a renovação da abordagem dos tubarões no cinema, Megatubarão 2 nos passa uma sensação estranha, como se fossemos espectadores bobos, prontos para a manipulação diante de uma história frágil, estruturada num orçamento gigantesco. Mas, afinal, esperar muito além desta produção é paradoxal, concordam? Segundo entrevistas e notas, há planos dos realizadores para mais uma continuação, algo que considero razoável e bem possível de acontecer, pois o filme deve render o suficiente para garantir mais inserções destas criaturas turbinadas nas telas dos cinemas. Em sua longa trajetória, os tubarões continuam causando fascínio e garantindo protagonismo na seara do horror ecológico, subgênero dos crocodilos, aranhas, serpentes, dentre outros animais antropomorfizados e assassinos.

Megatubarão 2 — (Meg 2: The Trench) Estados Unidos, 2023.
Direção: Ben Wheatley
Roteiro: Dean Georgaris, Erich Hoeber, Jon Hoeber, Steve Alten
Elenco: Jason Statham, Andrew Grainger, Cliff Curtis, Glen Levy, James Gaylyn, Jeremy Tan, Jessica McNamee, Leand Macadaan, Mark Trotter, Masi Oka, Ólafur Darri Ólafsson, Page Kennedy, Rainn Wilson, Rob Kipa-Williams, Robert Taylor, Ruby Rose, Shuya Sophia Cai, Steven A. Davis, Tawanda Manyimo, Tim Wong, Winston Chao, Yoson An
Duração: 116 min.

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