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Crítica | Mayor of Kingstown – 2ª Temporada

Mais violência, menos inteligência.

por Kevin Rick
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Depois do motim prisional no final da temporada anterior, o segundo ano de Mayor of Kingstown retorna com uma narrativa concentrada em lidar com as consequências das rebeliões dos presos, tanto internamente nos presídios quanto o impacto do evento na área urbana. Existe uma discussão interessante que permeia a temporada em relação a como as prisões influenciam o crime do lado de fora, sendo que, pelo menos para mim, era exatamente o contrário que deveria acontecer. A premissa tem uma justificativa bem crível para isso, desenvolvendo a conta gotas como o caos dos complexos prisionais e guerras entre presos terminam por induzir disputas entre gangues na cidade.

Com base nisso, o início da temporada é extremamente visceral, com chacinas e atrocidades acontecendo por todos os lados da região como resposta à violência dos policiais contra os presos que se rebelaram, incluindo algumas cenas perturbadoras de massacres em casas familiares e crianças ficando na linha de fogo. Para além do choque dramático e o retrato de marginalidade da região, esses momentos servem para estabelecer o objetivo do “prefeito” Mike McLusky (Jeremy Renner): trazer de volta o equilíbrio entre as facções criminosas e a polícia.

Algumas ideias interessantes nascem dessa meta de Mike, como a junção dos líderes das gangues dentro da cadeia para trazer ordem interna e, por consequência, organizar as ruas; o desenvolvimento dramaticamente ambíguo da força policial enquanto instituição corrupta e como poder de vingança pelos oficiais que foram mortos e/ou estuprados durante o motim; e principalmente a inserção de camadas políticas quando todos esses eventos de violência chegam à opinião pública e canais nacionais. Parece tudo perfeito para uma temporada ainda mais intrigante do que o ótimo ano anterior, certo? Pois é… não é o que vemos ao longo da produção.

Infelizmente, a temporada nunca consegue engrenar nesses conceitos e temas apresentados. Não sei se é porque Sheridan decidiu dividir a carga dos roteiros com escritores menos inspirados ou se sua agenda cheia lhe impediu de supervisionar melhor a produção como showrunner, mas a qualidade dos textos dos episódios e a progressão da história caiu muito no segundo ano. A primeira temporada tinha um ritmo mais cadenciado e burocrático que gostei muito, mas esta temporada cai numa impressão de repetição e marasmo, com os episódios reproduzindo muito do que vimos no ano anterior e se repetindo na própria temporada, com os planos de Mike ou as ações de outros personagens demorando demais para acontecer.

Notem, por exemplo, como o lado político nunca é desenvolvido para além do procurador que fica mordendo a mão dos bandidos, enquanto ficamos metade da temporada vendo a junção dos líderes na prisão marinar num morde e assopra insuportável entre os presos, com momentos de violência aqui e ali para disfarçar a falta de evolução da história. Blocos como o drone de drogas ou Bunny ganhando seu próprio cantinho na prisão são exemplos de desvios narrativos chatos que só enrolam uma história com bem mais potencial. E olha que o pior ainda nem é isso, com a subtrama de Iris (Emma Laird) vagando sem rumo pela região e Milo (Aidan Gillen) fazendo hora extra na série tomando conta de episódios que poderiam estar explorando os conceitos do início da temporada.

Talvez o lado extremamente prolífico de Taylor Sheridan esteja fazendo mal para suas produções, seja em Mayor of Kingstown, no universo de Yellowstone ou nas dezenas de outras séries em desenvolvimento do produtor-estrela, porque suas criações estão cada vez mais perdidas. Inclusive, na parte final da temporada, o conflito entre as facções e a polícia se torna subsidiário ao embate entre Mike e Milo, o que não faz o menor sentido, porque as partes verdadeiramente cativantes da obra estão no sistema corrupto da sociedade, e não nessa briguinha entre o mocinho e o vilão por conta de uma garota. É como se Sheridan e sua equipe tivessem perdido vista das próprias críticas que propuseram antes para fazer um show que ainda é razoavelmente bom dentro da sua história de crime, mas que nem de longe almeja o potencial do conceito do prefeito e tampouco potencializa o que vimos na primeira temporada.

Mayor of Kingstown – 2ª Temporada — EUA, 2023
Criação: Taylor Sheridan, Hugh Dillon
Direção: Stephen Kay, Tasha Smith, Guy Ferland
Roteiro: Taylor Sheridan, Hugh Dillon, Keli Goff, Evan Ball, Leon Hendrix III, Christian Donovan, Regina Corrado, James Arcega Tinsley, Dave Erickson
Elenco: Jeremy Renner, Dianne Wiest, Emma Laird, Derek Webster, Taylor Handley, Hugh Dillon, Pha’rez Lass, Tobi Bamtefa, Aidan Gillen, Hamish Allan-Headley
Duração: 10 episódios de aprox. 60 min.

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