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Crítica | Mayans M.C. – 5X06: My Eyes Filled and Then Closed on the Last of Childhood Tears

Vislumbres de utopias.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

I Want Nothing but Death foi um excelente, violento, surpreendente e tenso episódio de metade de temporada, pelo que era esperado que My Eyes Filled and Then Closed on the Last of Childhood Tears – prometo que esta é a primeira e a última vez que cito esse título gigante aparentemente retirado de Cebolas Enterradas, romance de Gary Soto, cuja sinopse inegavelmente relaciona-se com a história do protagonista da série – fosse uma espécie de descanso, uma calmaria antes da tempestade que está claramente se formando no horizonte e que inundará boa parte dos quatro últimos episódios da saga. E, de fato, o que temos é essa parada, esse “intervalo”, por assim dizer, para o espectador respirar um pouco, com o roteiro aproveitando para trazer vislumbres positivos, ou quase, dos futuros de diversos personagens.

Esses vislumbres são quase que poeticamente inseridos no episódio, dando-nos esperança de que nem tudo será trágico em Mayans M.C., ainda que eu os interprete muito mais como uma maldade de Elgin James do que algo que tenha realmente chance de acontecer. Apesar de não amar um episódio em que todo os personagens, com exceção de EZ e Angel, coincidentemente ganhem visões de caminhos iluminados pela frente, entendo sua função narrativa e sua reunião aqui. Nessa linha, temos Hank, dedicado à sua mãe e finalmente tendo chance de reaquecer a relação que nunca realmente chegou a ter com Nails que, por sua vez, parece mais aberta a algo romântico com ele. De maneira semelhante, há Gilly tendo a efetiva chance de ser pai para o seu filho e talvez até um relacionamento com a mulher que aparentemente ainda ama e que passou anos fazendo-o sofrer ao casar-se com outro e afastá-lo de sua família. Bishop parece feliz ao lado de Maggie, mesmo dando trela para lá para a moça do violão. Sofía, ainda não se perdoando pela morte da filha, pelo menos agora consegue ver que não está sozinha nessa sua vida passada de que tenta fugir desesperadamente. E, falando em fuga, Emily, mesmo que o dedicado segurança da família Galindo revele que sabe de seus planos, há uma luz no fim do túnel quando ela consegue entabular uma pseudo-amizade com ele, o que pode significar a facilitação de sua fuga com Cristóbal, com o estranho susto de todos ali na pracinha talvez precipitando os eventos.

Esses foram os vislumbres muito claramente positivos, ainda que de materialização improvável, pelo menos em vários dos casos, pois Mayans simplesmente não pode acabar como um conto de fadas da Disney (apesar de, tecnicamente, a série ser da Disney…). Adelita, porém, ganha uma situação no mínimo ambígua (acho que estou sendo eufemístico demais até) com um plano secreto de sua parte provavelmente para enfrentar o cartel, e, ainda por cima, recebendo a promessa da líder vilanesca de que, se matar EZ, será liberada de suas obrigações com o mesmo cartel. Tenho reticências sobre Adelita ser o rastilho de pólvora que vai terminar de destruir a relação entre os membros da família Reyes e, como sabemos que EZ não vai morrer por agora, tudo fica um pouco perdido. Mas a ex-revolucionária é inteligente e, muito sinceramente, não creio que ela tenha saído de casa assim, sem mais nem menos, para executar seu cunhado, pelo que teremos que esperar para ver no que isso vai dar.

Só não gostei do suspense criado pelo silencioso recrutamento de Angel por EZ no começo para uma missão incerta e não sabida que acaba sendo o assassinato de Happy, que matara a mãe deles e que, na prática, talvez tenha sido o fator mais decisivo para condenar os Reyes à espiral de violência em que eles hoje se encontram. Não tenho problemas com a execução em si, pois isso é a cara de EZ, especialmente na situação de poder em que ele se encontra, com sua húbris e empáfia tomando conta completamente daquele cara inteligente e civilizado que antes existia, mas achei toda a criação de suspense sobre ele pretender ou não matar o irmão absolutamente infantil. Em nenhuma circunstância isso aconteceria, por mais monstruoso que EZ tenha se tornado, especialmente com um tiro na nuca. Seria até possível argumentar que EZ tinha, como objetivo paralelo, assustar Angel, mas ainda assim a sequência não funciona a contento, pois perverte a personalidade dos dois irmãos querendo que nós acreditemos que EZ matará Angel e que Angel, por seu turno, aceitará a execução sem qualquer tipo de enfrentamento. Ou seja, o roteiro poderia ter descartado toda essa construção.

No entanto, agora que vislumbramos as vidas idílicas no potencial futuro de diversos personagens, não tenho dúvidas de que voltaremos à vaca fria e ao sangue, suor e lágrimas que escorrem aos borbotões nesse universo pesado e angustiante criado por Kurt Sutter e desenvolvido por Elgin James. Fico curioso para ver quem, depois que tudo pegar fogo, conseguirá sair dos escombros com algum futuro pela frente.

Obs: Mayans já teve outros títulos longos, mas alguém consegue se lembrar de um título de episódio de série (qualquer uma) que seja tão ou mais longo do que esse aqui?

Mayans M.C. – 5X06: My Eyes Filled and Then Closed on the Last of Childhood Tears (EUA – 21 de junho de 2023)
Showrunner: Elgin James
Direção: Allison Anders
Roteiro: Miriam Hernandez
Elenco: J.D. Pardo, Clayton Cardenas, Michael Irby, Carla Baratta, Danny Pino, Edward James Olmos, Emilio Rivera, Sarah Bolger, Andrew Jacobs, Stella Maeve, Frankie Loyal, Joseph Raymond Lucero, Vincent Vargas, JR Bourne, Emily Tosta, Vanessa Giselle, Augie Duke, Andrea Cortés, Selene Luna, Alex Barone, Caitlin Stasey, Branton Box, Dana Delany, Luis Fernandez-Gil, Ray McKinnon
Duração: 50 min.

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