Escrevo essa crítica completamente desanimado. Quando comentei o primeiro número, achei que foi uma boa introdução e que a narrativa poderia se desenvolver bem. Por isso, continuei. O segundo número veio e eu já comecei a ficar cabreiro com o tom simplista imposto por Kieron Gillen. Como sou persistente, li e comentei os números 3 e 4 e concluí que Gillen deveria ter sua licença cassada. Mas, tendo chegado no quarto número, não poderia deixar de ler pelo menos o quinto, pois ele fecha o primeiro arco da narrativa do autor que nos conta sobre a caçada do Homem de Ferro aos quatro compradores da tecnologia Extremis, roubada pela I.M.A. e leiloada.
E, com isso, chegamos na presente crítica.
E fica evidente que Gillen queria nos pregar uma peça e que todo esse primeiro arco foi apenas uma introdução para a verdadeira história que ele queria contar, que trata do Homem de Ferro perambulando pelo espaço que nem um adolescente mochileiro viajando pela primeira vez pela Europa, todo deslumbrado e com os olhos brilhando… Sim, isso mesmo: a grande ideia de Gillen é jogar Tony Stark, com suas décadas de experiência com tramas inter-estrelares, inter-dimensionais e tudo mais que se possa imaginar, em um ambiente “novo” para o qual ele vai como se fosse um menininho deslumbrado.
Mas aí fica a pergunta. Se era esse o objetivo de Gillen, para que nos fazer passar por escruciantes cinco números tratando do ferroso contra diversos inimigos-padrão para recuperar sua tecnologia? A impressão que dá é que Gillen teve essa ideia de mandar Tony Stark para o espaço no meio do caminho de sua “brilhante” narrativa, pois a justificativa que ele dá soa rasteira, idiota mesmo. O último comprador da tecnologia Extremis a usa para o bem, para permitir que todos os habitantes de uma estação espacial tenha maiores condições de viver no espaço, de forma que mais pesquisas possam ser feitas. O Homem de Ferro tem um debate consigo mesmo tentando determinar se vale a pena pegar de volta a tecnologia e, quando tudo acaba, ele olha para o espaço e decide singrá-lo. Assim, sem mais nem menos.
No entanto, não é só isso. Como foi característico desse primeiro arco, Tony usa uma armadura diferente da outra e a que ele escolhe para viajar com sua mochila é, de longe, a pior de todas, com uma aparência extra-terrena que não combina com seu visual clássico ou mesmo com as boas armaduras que Greg Land criou.
Sei que a Marvel já tinha esse plano de mandar o Homem de Ferro para o espaço. Afinal, para minha total infelicidade, ele se juntará aos Guardiões da Galáxia (a infelicidade vem do fato de eu adorar esse grupo e achar desnecessário o Vingador Dourado por lá) e passará a viver aventuras espaciais. No entanto, Gillen tinha a obrigação de criar uma narrativa que naturalmente nos levasse a essa consequência e não nos fazer engolir uma desculpa qualquer que nem mesmo é explicada em mais do que três ou quatro balões. E isso sem contar com a esdrúxula questão que ficará sem resolução sobre a presença do Homem de Ferro nos Vingadores, na Terra. Ele será onipresente que nem o Wolverine agora?
Bom, deixo meu acompanhamento do Homem de Ferro por aqui mesmo. Mas sei que o verei novamente em Guardiões da Galáxia mês que vem.