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Crítica | Madonna and The Breakfast Club

por Leonardo Campos
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Um documentário sobre Madonna. Sem Madonna. Com uma versão de Madonna na comprovação cabal dos riscos de autenticação de um simulacro, tamanha a perfeição de Jamie Auld na personificação da chamada rainha do pop. Lançado em circuito moderado num projeto do Cinemark em 2019, na ocasião do aniversário da artista, dia 16 de agosto, Madonna and The Breakfast Club é uma produção que tem circulado por festivais e outros circuitos alternativos de exibição. A jornada de 105 minutos descortina a carreira da artista prévia ao estouro com Like a Virgin e os novos rumos dado a sua vida profissional conhecida pela ambição sem limites. Sob a direção de Guy Guido, também responsável pelo texto, acompanhamos diversas entrevistas de pessoas que estiveram com ela na travessia dos primeiros momentos dos anos 1980.

O filme contempla a participação de Madonna na banda The Breakfast Club, uma de suas bases para estabelecimento da carreira longínqua que seguiu, sempre cercada por controvérsias, polêmicas, debates e empreendimentos bem-sucedidos, ainda hoje relevantes para a cultura pop. Consciente do potencial de seu material, Guy Guido  recria algumas passagens pontuais, tendo fotos e pequenas filmagens como ponto de partida para a reencenação, cuidadosamente comanda pela direção de arte de Don-Ya e Jess McNear, dupla que tem os seus espaços contemplados pela direção de fotografia de Jason Montalvo. Da sua saída de Detroit para a dança em Nova York, seguida pela dedicação ao campo da música, algo que veio no lugar das primeiras tentativas fracassadas de se estabelecer no cinema, o documentário se ergue.

Com estilo que nos remete aos padrões documentais televisivos, Madonna and The Breakfast Club alcançaria mais projeção se tivesse um orçamento maior, em especial, para o impulsionamento midiático. Para quem acompanha as redes sociais da artista, ao menos pela breve pesquisa realizada, a cantora não abraçou em momento algum a iniciativa, outro ponto que engrandeceria ainda mais o projeto se a mesma estivesse disposta a dar entrevista e colocar o seu ponto de vista diante das opiniões de Ed Gilroy, Norris Burroghs, Martin Schrieber, Freddy Bastone e o mais importante para sedimentar de polêmica o terreno dos depoimentos, Dan Gilroy, antigo namorado da artista, alguém que tal como os demais, sempre viu o potencial de Madonna e compreendeu quando ela chegou ao seu ápice. No entanto, há ressalvas.

Tal como Strike a Pose, documentário com os dançarinos da turnê mais incendiária da artista multifacetada, produção que revela os bastidores de outra polêmica, isto é, a produção de Na Cama com Madonna e o não consentimento dos envolvidos na disponibilidade de suas imagens para a exaltação dos temas que a cantora queria tanto projetar para aumentar o seu crédito de celebridade politizada, Madonna and The Breakfast Club é um material semelhante a qualquer produção dentro de segmento “biografia não-autorizada”. Traz opiniões assertivas sobre o caráter da artista, mas não mergulha muito numa desconstrução de sua imagem de mulher talentosa e merecedora da longa carreira alcançada, algo raríssimo para uma mulher numa cultura industrial ainda dominada pelo sexismo e ageísmo.

As opiniões de Dan Gilroy são mais duras porque ele compartilhou momentos de insatisfação com a cantora, alguém sedenta por algo a mais do que era oferecido até então, situação que acabou por minar muitas relações da artista que desfazia acertos e embarcava em novas jornadas sem depender de quase ninguém que não fosse ela mesma. Ambiciosa, estava disposta a fazer o que fosse possível para alcançar o sucesso e passar por realizações que a tornaram uma das artistas mais respeitadas da cultura contemporânea, tamanha a longevidade e relevância de seu trabalho multifacetado. Na edição dos depoimentos, Bradford Coleman faz os ajustes entre som ambiente, depoimentos e a trilha sonora de Donnie Klang, acompanhamento desta jornada que ainda contém em narrações, gravações da época, com conversas íntimas.

Madonna and The Breakfast Club (Estados Unidos, 2019)
Direção: Guy Guido
Roteiro: Guy Guido
Elenco: Jamie Auld, Ed Gilroy, Norris Burroghs, Martin Schrieber, Freddy Bastone, Dan Gilroy
Duração: 105 min.

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