Obs: Crítica originalmente publicada em 2012.
A Dreamworks Animation vem, aos poucos, aperfeiçoando seus desenhos gerados em computação gráfica. Começou bem com Formiguinhaz, em 1998, mas, depois, saiu tropeçando com filmes como O Príncipe do Egito e O Caminho para El Dorado.
Em 2001, porém, fincou fortemente seu pé nesse nicho de mercado com o primeiro Shrek. Era o começo de uma longa carreira para o ogro verde – e seus amigos – no cinema. Mas um estúdio de animação não poderia viver apenas de uma franquia solitária e a Dreamworks continuou tentando emplacar outra, com Spirit e O Espanta Tubarões. Mas nada feito.
Então veio Madagascar.
Com uma simplória história de quatro animais do zoológico de Nova Iorque perdidos na selva de Madagascar, a Dreamworks acertou o tom e agradou em cheio ao público mirim e também ao adulto, criando, então, sua segunda franquia de sucesso. O filme conjuga adequadamente a computação gráfica realista nos cenários com desenhos caricatos de animais e pessoas. Além disso, a obra traz uma seleção musical muito divertida. Afinal, quem não se lembra do refrão “eu me remexo muito”, incessantemente repetido nos filmes, trailers, anúncios e promoções?
O interessante é que Alex (voz de Ben Stiller no original e Alexandre Moreno, em português), o leão metido a estrela de Hollywood, Marty (Chris Rock e Felipe Grinnan), a zebra frenética, Melman (David Schwimmer e Ricardo Juarez), a girafa hipocondríaca e Glória (Jada Pinkett Smith e Heloisa Perissé), o hipopótamo fêmea metida a gostosona, nem mesmo são os personagens mais cativantes. Os coadjuvantes, na verdade, dão um show em Madagascar: os pinguins malucos, o Rei Julien (Sacha Baron Cohen e Guilherme Briggs) e Maurice (Cedric the Entertainer e Marcelo Torreão).
São eles que acabam dando o tom mais afiado à narrativa que, de outra forma, seria muito morna e repetitiva. Desde os primeiros momentos do filme, quando somos apresentados a cada um dos personagens principais, percebemos que falta alguma coisa, algo para fazer a fita realmente ser motivante. Nem mesmo a vontade de Marty de conhecer o mundo, o que acaba catalisando toda a confusão, empolga de verdade. No entanto, quando os pinguins aparecem em sua eterna tentativa de fuga do zoológico, com seus diálogos hilários meio-detetivescos, meio-revolucionários, a trama engrena de vez.
Mas a confusão instala-se de verdade na ilha de Madagascar, quando nossos heróis conhecem os lêmures que lá vivem, comandados pelo completamente desmiolado Rei Julien. O rei é responsável pelo momentos menos amistosos aos menores de idade, tornando Madagascar um desenho no limite do aceitável para os muito pequenos, o que não deixa de ser uma interessante opção da produção, talvez inspirada no ar bem-sucedido e mais, digamos, risqué, de Shrek.
Mesmo com o foco voltado para Alex, que tem que escolher entre seu lado selvagem e seus amigos, o desenho somente consegue destaque ao costurar as tramas paralelas dos pinguins e dos lêmures na estrutura principal. Com isso, o quarteto principal acaba absorvendo o brilho dos que estão ao seu redor e Madagascar realmente mostra potencial.
Ainda é um filme para crianças, vejam bem, mas Madagascar está facilmente na categoria de bom divertimento, que merece ser conferido.
Madagascar (Idem, Estados Unidos – 2005)
Direção: Eric Darnell e Tom McGrath
Roteiro: Mark Burton, Billy Frolick, Eric Darnell, Tom McGrath
Elenco (vozes no original e em português): Ben Stiller, Alexandre Moreno, Chris Rock, Felipe Grinnan, David Schwimmer, Ricardo Juarez, Jada Pinkett Smith, Heloisa Perissé, Sacha Baron Cohen, Guilherme Briggs, Cedric the Entertainer, Marcelo Torreão.
Duração: 86 min.