Looking evolui de maneira extremamente positiva desde seu episódio piloto, isto é fato. Mesmo com a curta duração dos episódios (menos de 30 minutos), os roteiristas tem conseguido abordar os temas de maneira competente, ao mesmo em que seus personagens vão sendo delineados de maneira extremamente interessante e curiosa, o que impede que a série caia no marasmo ao se apoiar nas desventuras dos amigos Patrick (cujo sobrenome finalmente descobrimos aqui!), Augustín e Dom.
O episódio se passa durante um único dia, onde diversos plots surgem para nossos personagens e prometem esquentar o andar da temporada. Augustín, personagem este que, para muitos, pouco ofereceu, começa soar como uma figura mais complexa do que parecia à principio. Embora seja o mais irresponsável dos três, o detalhe mais interessante em Augustín está justamente em sua entrega às convenções de uma chamada “vida normal”, uma vez que ele já se encontra morando junto com seu namorado, mas não encontra vontade suficiente para se manter preso nas obrigações de um relacionamento sério. Pelo contrário, Augustín usa sua dita ligação para com a arte e contrata CJ, o garoto de programa que deu as caras no episódio anterior, afirmando que deseja se dedicar a um novo projeto artístico e ter CJ como sua “estrela principal”. Augustín pode ser não ser o mais carismático do trio, mas é inegável que este plot poderá render muito pano pra manga até o fim da temporada.
Patrick também assume ares mais maduros, e suas interações com seu chefe Kevin foram não apenas fofas, mas também animadoras. Ainda dedicado ao trabalho e decidido a comprovar seu potencial, Patrick cresce aos olhos de Kevin, embora as coisas possam se confundir lá na frente. O curioso é a maneira com que o roteiro trabalha os flertes entre os dois personagens, que falam de suas vidas pessoais um para o outro, mas no fundo desejam se aproximar de maneira mais intima do que isso. Nota-se a tensão sexual que cerca os diálogos entre ambos, um sentimento que aflora da tela de forma bastante contida, mas jamais imperceptível.
Dom, de longe o mais carismático do grupo (embora não seja o melhor interpretado), traz esperanças para aqueles que já estão próximos dos 40 e não acreditam que algo na vida possa dar certo a partir dessa idade. Sua interação com o personagem Lynn é extremamente agradável e bem-vinda, justamente por fugir do estereótipo de que “todo gay se pega”. Dom é um personagem de poucos (ou nenhum) defeito, o que talvez quebre um pouco a noção de realismo, mas é justamente sua simpatia (aliada a sua obstinação em crescer na vida) que o tornam um personagem tão agradável de se acompanhar.
Looking for $220/Hour deixa os plots no ar para segurar o interesse, inclusive se dando à liberdade de inserir um cliffhanger um tanto inesperado ao final. A série, entretanto, segue crescendo de maneira positiva, acentuando seu realismo sem parecer pretensiosa, e nos divertindo com seus personagens, situações e diálogos divertidíssimos.
Looking – 1X04: Looking For #220/Hour
Showrunner: Michael Lannan
Roteiro: Allan Heinberg
Direção: Ryan Fleck
Elenco: Jonathah Groff, Frankie J. Alvarez, Murray Bartlett, Scott Bakula, Russell Tovey, OT Fagbenle, Lei Andrew, Raúl Castillo, Lauren Weedman
Duração: 28 min