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Crítica | Loki – 2X02: Breaking Brad

Não mais do que sombras do Deus da Trapaça.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Eu realmente espero que uma análise em retrospecto da segunda temporada de Loki resulte em algo bem diferente do que eu estou vendo acontecer episódio a episódio. Se em Ouroboros tivemos um frenético e verborrágico manual de instruções de como funciona as entranhas da AVT e o efeito potencialmente devastador que as diversas linhas temporais novas têm sobre elas, com Loki pulando no tempo, em Breaking Brad somos brindados com o foco excessivo em um personagem que não ligamos e o retorno efetivo de Sylvie no que mais parece uma alongada publicidade paga do McDonald’s (que realmente deve ter bancado a série com esse marketing da qualidade de sua torta de maça e milkshake, além do quanto trabalhar em uma das lanchonetes traz felicidade).

Para não dizer que tudo se perde, a sequência pré-título em que vemos Mobius e Loki caçando X-5 que resolveu debandar da AVT para viver sua vida de ator de sucesso é interessante. Não porque é uma sequência de ação, mas sim porque é um dos poucos momentos da série (e conto com a primeira temporada) em que vemos um Loki ambíguo, levemente sombrio, com o uso de uma única boa ideia, que são suas sombras chifrudas segurando o fugitivo. Até gosto de Tom Hiddleston fazendo uma versão arrependida de seu memorável personagem, mas, talvez por mandamentos da produção, Loki havia perdido toda sua profundidade, todas aquelas camadas que justificaram a contratação do ator para o papel e, aqui, mesmo que brevemente, temos um vislumbre do que poderia ser.

Mas o problema é que, depois que o título aparece, o episódio volta ao normal da segunda temporada, ainda que O.B., ainda bem, tenha uma participação reduzida, mesmo que seja para abrir espaço para uma pouco inspirada sessão de “bom agente temporal/mau agente temporal” para fazer o tal personagem que conhecemos agora e, portanto, não temos nenhuma conexão e empatia, revelar o paradeiro de Sylvie. A palavra-chave é “enrolação” e, para isso, ganhamos mais diálogos intermináveis seja na sala de tortura, seja no refeitório de tortas. Mais uma vez, o roteiro de Eric Martin parece refestelar-se em pseudo-espertezas – como subverter as expectativas e fazer Mobius, não Loki, perder as estribeiras com Brad – que, se espremermos, não sai absolutamente nada que não seja a óbvia tentativa de fazer o episódio chegar ao seu tempo regulamentar.

E, quando a publicidade paga do McDonald’s começa para valer lá em Broxton, em 1982, a situação não melhora. Hiddleston parece murchar completamente e nem mesmo a presença de Sophia Di Martino consegue remediar a situação. É como se os dois estivessem regurgitando linhas de roteiro que acabaram de decorar, sem nenhum tempo de preparo e sem recriar a ótima conexão que eles chegaram a ter na temporada inaugural. A fotografia em tons pasteis, apesar de capturar bem a época, também não ajuda muito em termos visuais, fazendo com que Loki e Sylvie mais pareçam duas pessoas quaisquer conversando sobre o tempo (não no sentido da AVT, mas sim no meteorológico).

No retorno à ação, quando todos descobrem o plano de Dox de eliminar as linhas temporais divergentes, cheguei a ter esperança de que as coisas voltariam aos eixos, mas todo o tempo tomado pela enrolação de tudo o que veio antes não deixou espaço para nada mais elaborado do que uma pancadaria genérica daquelas que não conseguem empolgar nem por um segundo e menos ainda criar alguma mínima sensação de perigo nem que seja para algum coadjuvante. Até mesmo a extinção das linhas temporais com bilhões e bilhões de mortos (claro que essa obviedade precisar ser mencionada algumas vezes porque nós, espectadores, somos burraldos e não podemos deduzir isso sozinhos) não consegue criar nenhuma sensação de urgência, mais parecendo uma quinta-feira normal em uma repartição pública particularmente sossegada.

Até o momento, tudo que vi nesta segunda temporada me deu vontade de simplesmente podá-la, apagando sua existência. E não pelo episódios serem péssimos ou intragáveis, mas sim porque eles não conseguem me fazer sequer sair do estado de completa indiferença. No final das contas, os únicos torturados em Breaking Brad somos nós e olha que nem ganhamos uma torta de limão ou de maçã (mas não de fast food!) para tornar mais digerível esse marasmo temporal. Mas, de novo, quem sabe se, ao final de tudo isso, não será possível concluir que esse começo fraquíssimo teve razão de ser?

Loki – 2X02: Breaking Brad (EUA, 12 de outubro de 2023)
Criação e desenvolvimento: Michael Waldron
Direção: Dan DeLeeuw
Roteiro: Eric Martin
Elenco: Tom Hiddleston, Sophia Di Martino, Owen Wilson, Wunmi Mosaku, Eugene Cordero, Rafael Casal, Kate Dickie, Liz Carr, Neil Ellice, Ke Huy Quan
Duração: 51 min.

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