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Crítica | Lilith – Vol. 8: A Grande Batalha

Conhecendo Musashi.

por Luiz Santiago
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Neste oitavo volume da série, vemos Lilith enfrentando algumas das maiores dificuldades que ela já teve em seu processo de matar os espinomorfos adormecidos nos seres humanos. Estamos no Japão, Província de Mino, em 20 de outubro de 1600. O cenário de guerra é sempre um aditivo maior de dificuldade para a missão — como já vimos em eventos anteriores — e é o que temos de cara nesse quadrinho, mas o roteiro de Luca Enoch quebra um pouco o peso da violência plena ao fazer uma apresentação diferente de Lilith, num caminho cômico e também místico. Um jovem Miyamoto Musashi vê uma raposa escapando de uma trincheira e, numa segunda olhada, depara-se com Lilith, assumindo, portanto, que a mulher era a personificação do espírito do animal. Ao longo da história, ele será um bom companheiro da protagonista e um ótimo alívio cômico para a história.

As discussões sobre a legitimidade da missão da viajante no tempo, voltam com tudo neste volume. Ela precisa retirar o espinomorfo de um dos comandantes militares, mas no meio do caminho, encontra-se com um cardo que traz à tona uma porção de contradições da sociedade do futuro e o caráter daquilo que estão propondo, ao enviar uma jovem para o passado com uma tarefa mortal. Não bastasse esses encontros, esta é a primeira vez na série que a personagem está sem Escuro, seu guia animal e “enciclopédia” espiritual, sempre capaz de ajudá-la a identificar o portador da contaminação naquele tempo. Sem Escuro, ela precisa avançar sozinha pelas linhas inimigas, o que não é uma tarefa fácil, especialmente quando se tem ao lado um jovem completamente atrapalhado que ela não acredita que um dia se transformaria no grande Miyamoto Musashi.

O desenvolvimento do enredo não tem o rigor narrativo encontrado nos volumes anteriores, mas não é um desenvolvimento ruim, longe disso. Ele apenas parece estagnado em um círculo de ações violentas (muitíssimo bem desenhadas, por sinal), mas com pouca coisa sendo verdadeiramente contada. Ou seja, a maior parte desse volume é baseada em ações que mostram a protagonista arrancando partes do corpo de soldados e tentando romper algumas linhas militares a fim de chegar ao seu objetivo. Também nesse desenvolvimento temos momentos cômicos, reflexivos e até mesmo ternos; como a cena em que Musashi, todo alegre, “termina a missão de Lilith, julgando que a deixaria feliz“. Mas a melhor coisa que acontece na edição é certamente a presença constante do cardo lançando dúvidas na cabeça da assassina temporal e apresentando uma possibilidade ainda mais antiga e incrível para a origem de seu povo.

Este capítulo no Japão foi pensado como um arco interno dentro da minissérie, terminando no volume 9, intitulado O Mundo Flutuante, onde Lilith reaparece no Japão, no ano de 1775. Realmente, o texto tem cara de uma história pensada a longo prazo, sendo a primeira parte, uma grande preparação para algo verdadeiramente importante que vem a seguir. Pelo alto nível da série até o momento, só posso esperar um encerramento de arco muito acima da média. Logo veremos.

Lilith – Vol. 8: A Grande Batalha (La grande battaglia) — Itália, junho de 2012
Roteiro: Luca Enoch
Arte: Luca Enoch
Capa: Luca Enoch
Editora: Sergio Bonelli Editore
No Brasil: Red Dragon Publisher, 2021
130 páginas

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