- Há spoilers! Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série.
Rage, Against the Machines We are in the valley of shadow of death. – Gwyn Davies
Pelo visto o relógio de Eobard Thawne (Matt Letscher) é generoso com os Legends. A emergência que o gancho de The Fixed Point havia proposto não é prático em Rage, Against the Machines, mas as quebras de expectativas dramáticas e cômicas em alternância constante dão agilidade às ações dos heróis em um corpo de história com cara de ressaca, segurando as pontas para não entregar o final da temporada bem próxima. Com o fio dramático morno de Sara (Caity Lotz) assumindo o lugar de Thawne, mesmo que tenha seu susto no espectador da personagem deixar o cargo de capitã, e um show de imitações e enganações estratégicas idealizadas por Gwyn (Matt Ryan), os nossos personagens quase saem do vale da sombra da morte…
Esse “quase” diz bastante sobre o que é o roteiro do episódio escrito pela dupla Mark Bruner e Mercedes Valle. Eles têm dado a toada inventiva, divertida e trágica da temporada. Apesar da graça que a série proporciona, como a cena maravilhosa de Zari Tarazi (Tala Ashe) lutando contra a Zari robô, ou da inteligência em usar o drama e a comédia simultaneamente para resolver o Fixed Point, como Nate brilhantemente salva sua capitã; Legends of Tomorrow também é trágico. Dentro desse episódio existe um cabo de guerra entre a violência que os robôs transmitem, matando tranquilamente os viajantes temporais, e o alívio de se criar soluções inesperadas para vencê-los, dando spoilers do futuro para a população de Saravejo, em 1914.
Os robôs foram apresentados em Paranoid Android com um suspense tenso de troca de corpos, mesmo que não tenha lá sua grande qualidade. Percebam como a comédia inserida neles na volta da mid-season não aparece aqui, por mais que ainda sejam caricaturas da ação dos filmes dos anos 90. A violência é real, Nate robô quebra o pescoço de Sara, e o final é a cimentação do perigo que esses antagonistas são.
Fato que não houve enganação quando foram introduzidos, mesmo que se resumissem a função de serem exibidos antes do embate ocorrido aqui em Rage Against the Machines. Por isso que Astra (Olivia Swann) fica com medo de Gideon (Amy Pemberton) se tornar a Gideon do mal, por isso Gwyn tem sua volta por cima quanto a seu trauma de guerra e Ava (Jes Macallan) se machuca com um tiro de Behrad robô. Por causa desse teor forte e fundamental para que o gancho do final do episódio tenha lógica, a comédia desse episódio dita um ritmo que possibilita que esse tom trágico também possa ser imprevisível. Desse jeito, fica o cabo de guerra.
Mas para fazer essa brincadeira com a corda e ficar divertida é necessário um bom elenco, e isso a série sempre teve. A cena em que Spooner tenta dar um high five em Nate (Nick Zano) e ele tira a mão, Nate robô e Sara mexendo as cadeiras do bar para prepararem a briga tentando ser evitada e os trejeitos de Behrad (Shayan Sobhian) imitando seu eu robô violento, entre outras cenas, não apenas mostra a capacidade dos atores transformarem o texto do roteiro como eles se movimentarem na frente da câmera. Embora dizer isso seja chover no molhado, em episódios como esse em que o humor é mais acentuado é preciso ressaltar o valor que esse show apresenta e continua sustentando nossas assistidas toda semana.
Assim, pensando mais sobre as expectativas e as conclusões que Rage Against the Machines deixa: que saudade da Waverider! Ao mesmo tempo: e agora, Gideon? É um misto de felicidade e preocupação que coloca uma grande incógnita. As consequências da Gideon do mal desativada e a Gideon humana morta é rolar a bola de neve de problemas para uma direção pouco imaginada. Como faltam dois episódios, é improvável que recursos utilizados nesse episódio da semana sejam usados para o próximo, pois seria anticlimático, assim como o drama de Sara em parte parece. Porque a frase de Gwyn e o último golpe da Astra robô mostra que tem tragédia para Legends of Tomorrow trabalhar antes do final da sétima temporada.
Legends of Tomorrow – 7X11: Rage Against the Machines – EUA, 02 de fevereiro de 2022
Direção: Jes Macallan
Roteiro: Mark Bruner, Mercedes Valle
Elenco: Caity Lotz, Tala Ashe, Jes Macallan, Olivia Swann, Adam Tsekhman, Shayan Sobhian, Lisseth Chavez, Amy Louise Pemberton, Nick Zano, Matt Ryan, Matt Letscher, Timothy Webber, Rady Panov, Trezzo Mahoro, Anthony Timpano, Chris Olson, Timothy Daniel Selby, Erin Mudry
Duração: 42 min.