- Há SPOILERS! Leia aqui as críticas dos outros episódios.
Se tem uma consolação imediata em relação ao que tivemos nesse Finale de Legends of Tomorrow é a seguinte: poderia (como sempre) ser pior! O fato deste não ter sido um encerramento ruim é uma coisa positiva, evidente, mas também não nos diz muita coisa — especialmente porque o desenvolvimento da temporada foi sólido, interessante e cheio de ótimas possibilidades que, aos poucos, se perderam ou foram mescladas a tramas paralelas, cujo encerramento, em quase tudo, foi decepcionante.
Falemos inicialmente de Bishop. Nem trazendo uma versão passada do personagem o roteiro conseguiu entregar algo palpável e fora do exagero tolo que foi a motivação desse homem para fazer tudo o que fez. O rapto inicial de Sara e todo o fingimento para forçar John a matar a Fonte acabou sendo o resultado de um desejo bizarro do personagem: ele queria matar todo mundo e salvar apenas Sara. Em dado momento, chega a citar Adão e Eva. Nada faz sentido, é um plano sem propósito verdadeiro. E mesmo que se considere o personagem como uma piada em si mesmo, ainda não justifica o niilismo dessa motivação e desse intento final para… nada.
Já o arco de Spooner foi finalizado de maneira simples, sem grandes atrativos, mas de modo coerente. Nada do que tivemos da personagem foi traído nesse Finale e, para meu desgosto, ela permanece na equipe, para a próxima temporada. Mick não morreu e acabou tendo a sua saída decretada, por motivos familiares. Cuidar das crianças e viver uma vida de casado consome tempo. Foi um bom final, apesar de, na maior parte dos episódios, os roteiros maltratarem o personagem. Só do meio da temporada para cá é que tivemos algo interessante dele para levar em conta. Todavia, pela forma como a última cena nos deixa aqui, imagino que ainda veremos Mick na abertura da próxima temporada, que se nada mudar, começa a pouco menos de um mês desse Finale — algo que também não me agradou muito: por melhor que seja a série, o período de hiato é imensamente importante para a gente digerir o ano que passou e começar o próximo. A CW marcou bobeira com isso. Agora vai fazer uma boa quantidade de paradas no meio do caminho, atrapalhando a fluidez da temporada, em vez de começar no próximo ano e tentar seguir uma linha sem muitas interrupções. Burrice, a gente vê por aqui.
O arco de John foi o mais interessante nesse encerramento, porque ele dá uma boa dica para Sara vencer a invasão alienígena e é algo que acaba tendo uma representação prática, útil na aventura. Ele sai de cena de forma incerta, reticente, e deixa uma chave com Zari, algo que provavelmente nos levará para uma versão de seu corpo, mas sendo outra pessoa. É um encerramento misterioso, digno de Constantine, que pelo exposto em sua própria fala, poderá até voltar em algum momento da jornada das Lendas, mas não mais fazendo parte da equipe. Astra, por sua vez, assume bem o posto de alguém que domina a magia, embora sem o estilo admirável de seu professor.
A batalha contra os aliens foi meio vergonhosa, do meu ponto de vista. Aquela história da troca de poderes e principalmente o poder do amor vencendo o mal (isso já foi usado na série antes, ou é impressão minha?) saiu de uma cartola já anunciada e não recebeu uma representação digna desse ano do show. No cômputo geral, a 6ª Temporada de LoT se perdeu. Começou e se desenvolveu de forma curiosa, com alguns episódios excelentes no meio do caminho, mas a quantidade de tramas paralelas, a introdução de personagens sem um bom propósito de ação ou boas motivações e a obrigação de fazer a passagem de uns e entrada de outros ainda nesse ano acabou fazendo com que o final, por pouco, não ficasse na linha da mediocridade. É aquele bom episódio que poderia ser muito mais, porém, tem inúmeros dramas insossos para resolver e não consegue fazer isso de forma elogiável. Pelo menos conseguiu criar uma boa curiosidade para a próxima temporada, com a destruição da Waverider pelo que parece ser… a Waverider!
Legends of Tomorrow – 6X15: The Fungus Amongus (EUA, 5 de setembro de 2021)
Direção: David Geddes
Roteiro: James Eagan, Keto Shimizu
Elenco: Caity Lotz, Tala Ashe, Jes Macallan, Olivia Swann, Adam Tsekhman, Shayan Sobhian, Lisseth Chavez, Amy Louise Pemberton, Nick Zano, Dominic Purcell, Matt Ryan, Raffi Barsoumian, Aliyah O’Brien, Alexandra Castillo
Duração: 42 min.