Contém spoilers! Leiam as críticas dos demais episódios de Legends of Tomorrow, aqui.
Sabem aquele adolescente feio que ninguém quer namorar no colégio e que quando chega à juventude parece que tomou um banho de glória e fica irreconhecível, desejado, admirado por quem antes só o desprezava? Então… com vocês, Legends of Tomorrow.
Depois de estruir a série ao longo da 1ª Temporada, eu tenho o alívio de ver uma 2ª Temporada em franca melhora, com um número bem menor de tropeços (foram dois até agora, um grande em Abominations e outro mediano em Outlaw Country), o que já é um ganho enorme, se levarmos em consideração os horrores do primeiro ano do show. Buscando crescer através do duo ação + viagem no tempo, os produtores criaram uma linha de eventos que aos poucos tomam forma, dão distintas participações aos personagens e fazem sentido em si e para a temporada. Exatamente como deve ser uma série.
Eu ainda acho que foi um grande erro o aumento do número de episódios para este ano, mas talvez o tempo adicional seja bem aproveitado, visto que além da volta progressiva de Rip (sigo impressionado pela forma inteligente como reintroduziram Arthur Darvill na série, dando a oportunidade para ele mostrar o bom ator que é, além de criar, com ele, um bloco genuinamente cômico) temos a ponta solta da Sociedade da Justiça, que deve voltar na reta final da temporada; temos o que realmente deve ser feito com a Legion of Doom — pela primeira vez senti uma real e boa interação de Damien Darhk, Malcolm Merlyn e Eobard Thawne no programa, com adição de uma boa exploração dos respectivos atores, especialmente os ex-Liga dos Assassinos — e as questões de reconstrução do tempo, cada vez mais intricadas, dando um verdadeiro banho em The Flash.
E por falar em The Flash, LoT fez aqui o melhor episódio de The Flash fora de The Flash, introduzindo de forma correta o Black Flash (quantos “Flashes”!!!) e o melhor de tudo, não jogando-o apenas como ‘a coisa exótica da semana’, mas estabelecendo uma grande interação dele com todos os protagonistas, já que suas ações acabam afetando mocinhos e vilões, além trazer a explicação para as verdadeiras intenções do trio de renegados.
Na outra ponta, as lendas deixam a ação de lado e param um pouco para pensar. E convenhamos, a decisão do roteiro para isso foi nada menos que providencial. Me incomoda ver em séries que acompanham o cotidiano de uma equipe mostrar apenas seus momentos de ação e lutas épicas, grandes encontros e viagens inimagináveis. Isso não é nada verossímil. É preciso parar, nem que seja para planejar, e esse momento de “marasmo” deve utilizado, dentre outras coisas, para aprimorar a interação entre os personagens, exatamente o que tivemos aqui. Evidente que nem todos tiveram a atenção que mereciam do roteiro, mas para um elenco grande, confinado em um pequeno espaço, este sempre será um problema recorrente. A despeito disso, mesmo as pequenas aparições (como a de Mick, voltando a ser o “babaca rude” que conhecemos) acabaram funcionando a favor do episódio.
Tivemos ainda uma elogiável direção de fotografia, uma direção correta a maior parte do tempo (o experiente diretor Eric Laneuville é muito bom em compor planos para cenas de enfrentamento ou diálogos) e uma simpática participação da aberração temporal mais fofa do Cosmos, Lily Stein, e devo dizer que Christina Brucato compôs muito bem sua personagem, não exagerando em maneirismos nerd e deixando claro a sua grande inteligência e sensibilidade.
O capítulo termina estranhamente confuso, bem mais do que deveria. Porém, como aquela cena é parte de algo que será explorado logo a seguir, entendemos esse nó desnecessário como uma forma apressada de cliffhanger. O que será que fizeram com as memórias de Rip?
Legends of Tomorrow – 2X10: The Legion of Doom (EUA, 31 de janeiro de 2017)
Direção: Eric Laneuville
Roteiro: Phil Klemmer, Marc Guggenheim
Elenco: Victor Garber, Brandon Routh, Arthur Darvill, Caity Lotz, Franz Drameh, Matt Letscher, Maisie Richardson-Sellers, Amy Pemberton, Nick Zano, Dominic Purcell, Neal McDonough, John Barrowman, Christina Brucato, Randall Batinkoff
Duração: 42 min.