Home LiteraturaAcadêmico/Jornalístico Crítica | Legendary Movies, de Paolo D’Agostini

Crítica | Legendary Movies, de Paolo D’Agostini

por Sidnei Cassal
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De uma coisa você pode ter certeza: Legendary Movies é um livro de peso. Literalmente! O livro é grande (aproximadamente 26cmX30cmX5cm) e pesado (em torno de 4 quilos!!). Está longe de ser um livro “de bolso”. Se suas dimensões impressionam, seu planejamento gráfico encantam. A começar pela capa, com uma foto na técnica de holografia 3D, dando impressão de profundidade e movimento. Internamente, em suas mais de 600 páginas, o livro é recheado de estupendas fotos (escolhidas a dedo) de 130 filmes selecionados pelo crítico de cinema italiano Paolo D´Agostini, que assina os textos que acompanham cada um dos filmes tratados.

D´Agostini já esclarece na Introdução do livro (sob o sugestivo título de “Todas Escolhas são Discutíveis”) que a coleção não pretende ser dos maiores e/ou melhores filmes de todos os tempos. O crítico diz ter feito a seleção baseada na importância histórica, na influência e impacto cultural de cada obra, que aborda desde clássicos do cinema mudo até as recentes franquias. Estão lá escolhas óbvias e necessárias, como Cidadão Kane, …. E o Vento Levou, Casablanca, 2001, O Poderoso Chefão. Star Wars, e outros, mas também outras escolhas que surpreendem, como O Império dos Sentidos, Gigolô Americano e Os Irmãos Cara-de-Pau (The Blues Brothers), este último uma das poucas comédias citadas, o que demonstra a influência do gosto pessoal do crítico.

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Nenhuma animação é citada (nem mesmo clássicos da Disney como Branca de Neve e os 7 Anos) e um gênero muito popular dos últimos anos – o filme de super-herói – tem apenas um representante citado (Batman – o Retorno), que nem chega a ser uma boa referência do gênero. No quesito “escolhas”, o que deixará muita gente intrigada é a presença de 3 recentes franquias: Identidade Bourne, Piratas do Caribe e, principalmente, Crepúsculo – que deverá provocar até uma certa indignação por parte de alguns cinéfilos. Afinal, se franquias foram incluídas, porque Harry Potter – bem mais longa e popular que as outras 3 citadas – não está lá? Imagino que deva ter havido alguma dificuldade dos editores em obter direitos de uso do material, não há outra explicação por esta omissão.

Embora o livro seja todo escrito em inglês, é uma publicação italiana. Assim, seria até compreensível que D´Agostini tivessse “puxado a brasa” para os filmes italianos que, afinal, foram abundantes e de grande influência mundial nos anos 50-60. Mas dos 130 filmes que compõem a seleção do livro, são tratados somente 12 produções italianas (se contarmos a co-produção O Último Imperador, de Bertolucci). Seria de se esperar que a maior parte dos citados fossem produções norte-americanas, que sempre dominaram e influenciaram o mercado e a cultura pop.

Mas parece que D´Agostini tem uma admiração exagerada pelo filme made in Hollywood e uma certa obsessão pelo selo “filme oscarizado”. Todos os filmes selecionados que receberam a estatueta tem essa informação destacada, e o crítico incluiu na sua seleção diversos filmes que ganharam o prêmio principal, mesmo alguns nem tão “lendários” ou merecedores da honra. Talvez isso se explique pelo fato que D´Agostini foi durante anos membro da comissão que escolhia o representante italiano para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Por outro lado, D´Agostini participou diversas vezes da curadoria do Festival de Veneza que, claramente, tem um viés mais autoral, portanto surpreende que ele tenha incluído tão poucos filmes “de arte” na sua seleção, filmes que embora na maioria das vezes não tenham sucesso de bilheteria, acabam influenciando bastantes as produções posteriores, mesmo as tidas como comerciais. Dentro desse estilo de cinema, é louvável que o crítico tenha lembrado de obras como Lanternas Vermelhas, Fale com Ela, Asas do Desejo e A Bela da Tarde.

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Legendary Movies conta com um prefácio do diretor e produtor italiano Franco Zeffirelli, que tem o nome em destaque na capa do livro. Responsável por muitos sucessos populares das décadas de 60-70 (Romeu e Julieta; Irmão Sol, Irmã Lua, O Campeão), seu nome, hoje, provavelmente diz pouco ou nada às novas gerações, não funcionando como uma chamariz comercial para cinéfilos jovens. O chamariz maior do livro é causado pelo impacto de sua diagramação e programação visual, que privilegia a beleza das imagens dos filmes abordados. Os textos que acompanham são na maioria das vezes curtos, se limitando a relatar curiosidades sobre a produção dos filmes, muitas delas já conhecidas pelos cinéfilos mais veteranos.

Legendary Movies é livro para saborear com os olhos, revisitando filmes que amamos. Sem se importar que este ou aquele não esteja lá – o que sempre acontece em escolhas desse tipo.

Legendary Movies (Itália, 2008,2013)
Autor: Paolo D’Agostini
Prefácio: Franco Zeffirelli
Editora: White Stars Publishers
615 páginas

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