O ritmo que corre dentro da dinâmica do absurdo. Nessa utilização das palmas como dito rítmico sonoro, sons espertinhos de uma piada muito irreverente em crítica ao mercado cinematográfico de casting de mulheres em filmes, a sagacidade não vira só estilo em Leading Lady Parts, mas como gancho punitivo para quem assiste.
Com certeza há um certo salto alto do curta-metragem da BBC com relação ao público, onde é necessário conhecer as atrizes para que o efeito cômico da seleção de casting seja maiúsculo, fora a bagagem humorística de momentum do cinema, dos pôsteres ao final do curta para que a crítica tenha uma consequência enfática e afiada em precisão. É nessa passividade do espectador que relativiza-se a presente crítica trabalhada na obra, mesmo que ela seja factual e de backstage, de experiência de atores, diretores e de técnicos do cinema industrial. Por isso, o curta é tão minimalista em adereços de filmagem, num tom meio apressado; porque admite-se que não há muito o que falar além de gags racistas, machistas e preconceituosas de maneira ilógica para representarem o presente real por detrás das câmeras.
Esse tom absurdista é apresentado, essencialmente, por quem traveste a interpretação de quem julga as audições de atuação, e a reatividade do espectador é exponencial pela reação das atrizes aos comentários absurdos, preconceituosos em crítica. Tal linguagem sem cortesia, como avaliadores sem senso social, não muda, só varia nos níveis de acidez na própria diversidade proporcional de atrizes, corpos, rostos e interpretações testados.
A não mudança é a ignorância tratada por alguns como medida técnica, e a variação é pela abrangência do machismo contra as mulheres na indústria cinematográfica terem mais papéis de destaque. Esse é o minimalismo discursivo. É até simplista e insensível demais em se analisar, mas é a tática do curta tratar o óbvio ruim da maneira mais óbvia absurda em sua forma, tornando essa insensibilidade uma crítica à própria maneira apresentada de se escolher papéis femininos no cinema.
E se não há humor constante durante toda a narrativa, a risada pode aparecer quando o ator Tom Hiddleston aparece, e aí se questiona mais ainda a discussão já antes louca de se acompanhar. Leading Lady Parts que não deixa nenhum espectador impune em seu ritmo diante da injustiça com atrizes no cinema tão real, mas longe de acabar.
Leading Lady Parts (Leading Lady Parts) – Inglaterra, 2018
Direção: Jessica Swale
Roteiro: Jessica Swale
Elenco: Gemma Arterton, Gemma Chan, Emilia Clarke, Lena Headey, Felicity Jones, Katie Leung, Stacy Martin, Wunmi Mosaku, Florence Pugh, Catherine Tate, Anthony Welsh, Tom Hiddleston
Duração: 8 min.